É impossível ler este livro sem o integrar no contexto da “moda” actual de literatura de ficção em torno do Vaticano. Neste aspecto, a ficção de “suspense” parece que vai dividir-se para sempre entre A.D.B. e D.D.B: antes de Dan Brown e depois de Dan Brown.
Mesmo assim, é nítido o esforço de Luís Miguel Rocha no sentido de fugir à “norma”, tentando evitar clichés do género se bem que, na maioria dos casos, de forma bastante denunciada.
Ao longo do livro, multiplicam-se os cenários e as personagens: o alto clero do Vaticano, os Jesuítas, a polícia francesa, terroristas árabes, a CIA, arqueólogos e investigadores a soldo desta ou daquela facção, mercenários de variadas índoles, etc. Tudo isto girando em torno de um Evangelho de Cristo, manuscrito pretensamente verdadeiro e um outro pergaminho que colocava Jesus Cristo em Roma no ano 45, o que derrubaria por completo toda a “verdade” da Bíblia católica. Ao contrário do que se passa na maioria das obras do género, não há aqui um jogo “do gato e do rato” mas uma multiplicidade de “ratos” que se cruzam em perseguições mútuas.
No entanto, aquela multiplicidade de cenários e personagens acaba por prejudicar o ritmo narrativo porque o autor vê-se obrigado a repetir a narração do evoluir dos acontecimentos à medida que as diferentes personagens tomam conhecimento dos factos.
Neste tipo de narrativas é impossível fugir à comparação com aquele que é, a meu ver, o melhor exemplar, digamos que o modelo do género: Anjos e Demónios. Mas em termos de suspense, se emoção e acção, este A Mentira Sagrada fica bastante aquém de tal modelo.
Por outro lado, embora bem escrito, falta a este livro alguma objectividade no enfoque do tema central – a procura dos manuscritos. O autor consegue manter o suspense até ao fim mas, na maior parte da obra, levando o leitor a desvios e repetições que seriam, talvez, desnecessárias.
Seja como for, é uma obra de leitura agradável e fácil. Ideal para umas férias descontraídas.
Outro mérito do autor é a forma habilidosa como evita o habitual maniqueísmo – os bons e os maus da fita. Aqui todos têm “culpas no cartório” – não há inocentes: os jesuítas, o papa, a polícia, os arqueólogos… todos estão envolvidos numa enorme teia do mal. E a verdade acaba sempre por ser CONSTRUÍDA dentro dessa teia. Mas se LF Rocha consegue evitar este cliché com inteligência, não consegue ceder a um outro: ao inevitável triângulo amoroso. No entanto, acaba por escapar à previsibilidade criando um final algo diferente do habitual. Digamos que… ligeiramente.
Avaliação Pessoal: 7.5/10
Pode ser impressão minha... mas não me parece, e após ter "espreitado" Bala Santa e o último Papa, creio que este é apenas "mais" do mesmo.
ResponderEliminarQuando vemos a publicidade "gratuita" que esteve á volta deste livro pensamos: "é pá espera lá!" o que ele sabe que eu não sei, mas no final descobrimos um pseudo-Thriller-Policial que que tem uma casca muito bonita, mas pouco sumo! (desculpem a franqueza)
Franqueza desculpada e apoiada, Nuno. Tocaste um ponto essencial: este livro teve demasiada publicidade.
ResponderEliminarEu tenho a mesma opinião do Nuno.
ResponderEliminarLi o Ultimo Papa e achei um livro fraco cheio de clichés. Mas já percebi que, por qualquer razão, o marketing à volta deste autor é enorme e isso faz vender muito.
Pois é, caros amigos, eu só gostava de ver o que seria um Fernando Évora, Luis Novais ou Cristina Torrão com esse marketing. Isso é que eu pagava para ver!!!
ResponderEliminarIsto chega a ser revoltante!!!
Mas atenção, mesmo assim não acho que não estamos a falar de um mau livro. Estamos apenas a falar de um "Bom pequeno" disfarçado de um Excelente pela "máquina"...
Onde digo "não acho que não estamos" queria dizer "acho que não estamos", obviamente
ResponderEliminarO livro tem importantes dados históricos no que diz respeito a algumas incongruências da Bíblia e é maravilhosamente bem escrito, mas o final, especificamente no que diz respeito ao "Evangelho de Jesus", deixou os leitores sem saber o que havia mesmo nele.
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