sexta-feira, 6 de abril de 2012

1Q84 vol.2 - Haruki Murakami


Continua a saga de Aomame e Tengo, em vidas separadas que se tocam a espaços, mas ambos vivendo num mundo paralelo, num ano de 1Q84 onde duas luas pairam sobre as suas vidas.
A vida, estranha, encantadoramente misteriosa destes personagens evolui neste segundo volume para dimensões mais místicas, numa atmosfera onde a fantasia vai cada vez mais predominando sobre a realidade concreta.
Portanto, neste volume parece que Murakami levantou mesmo os pés do chão e encaminhou a narrativa para o mistério e a fantasia.
O simbolismo de determinadas situações torna-se cada vez mais fascinante; por exemplo, a forma como a lua é abordada como tema simbólico: a lua foi sempre um alvo de fascínio e uma espécie de enigma permanente para a humanidade e assume nesta obra um papel fulcral como imagem da mudança e do mistério.
No entanto, as implicações das mensagens de Murakami são bem concretas; não se trata de um afastamento total do concreto mas apenas de um derivar para a metáfora que, por vezes, torna a leitura mais trabalhosa mas ao mesmo tempo mais bela. O trabalho de descodificação por parte do leitor faz deste segundo volume um livro menos lúdico, menos divertido e muito mais sério, tais são as implicações dos temas que aborda.
Por exemplo, para ir direto ao fulcro do livro: o mundo alternativo em que vivem Tengo e Aomame parece ser uma manifestação do fracasso dos paradigmas clássicos: nem o mundo capitalista nem o socialismo evitaram a cinzentismo e o sofrimento em que vive a humanidade. 1Q84 assume assim a dimensão escatológica do inevitável referente: 1984, o famoso romance de George Orwell. AO longo da obra vai crescendo uma atmosfera de nostalgia e até mesmo de desencanto perante o mundo; uma sensação de inevitabilidade da tristeza. É este desencanto que preside à necessidade de criação de mundos alternativos, a tal ponto que chega a ser impossível distinguir o real do imaginário (“-O que significa real? Perguntou Fuka-Eri.” – pág. 241).

6 comentários:

  1. Feliz Páscoa e boas leituras.

    bjs nossos

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  2. A nostalgia e o desalento perante o mundo, é sem dúvida o sentimento que o livro transmite.

    Vale a pena ler.

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  3. Eu queria comecar com o primeiro volume, mas, ontem, na Feira do Livro do Porto, disseram-me que estava esgotado. Acabei por comprar o segundo, que era Livro do Dia. Achas que faz sentido ler este, sem ter lido o primeiro?

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  4. Não faças isso, Cristina. O segundo vem esclarecer diversos mistérios que ficam "pendurados" no primeiro. Ficarias muito confusa se começasses pelo segundo.

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  5. Obrigada pela informacao. Ficará na lista de espera, até que encontre o volume 1. Tenho muito que ler, fartei-me de gastar dinheiro na Feira ;)

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  6. Acabei de o ler!

    http://numadeletra.com/12276.html

    Cumprimentos,
    numadeletra

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