sábado, 28 de fevereiro de 2015

Charles Bukowski


Há embirrações incontornáveis. No que aos livros diz respeito, eu tenho pelo menos uma: Charles Bukowski. Dizem que é um dos nomes maiores da literatura dos EUA. Embora não seja grande adepto do país, admiro imenso os escritores norte-americanos: de Capote a Auster, de John dos Passos a Roth, de Kerouac a Mccarthy, etc. Todos eles são autores de grande dimensão artística mas também personalidades ímpares ao nível do humanismo, da sensibilidade na análise dos problemas sociais e extremamente críticos no que respeita aos assuntos políticos.
Mas não suporto o estilo descaradamente sexista, banal, alcoólico, ordinário e, para mais, histericamente hipocondríaco. Não sou propriamente um conservador e até julgo ter um espírito bastante aberto face a escritores polémicos, atrevidos e que rejeitam todos os cânones. Mas Bukowski resiste a todo esse meu liberalismo.
Raramente deixo um livro a meio e por isso, confesso, fiz um esforço desmedido para ler “Mulheres”, esse arrazoado de bestialidades que foi a vida de um escritor alcoólico, obsessivo e louco. Dizem que foi um grande crítico e talvez essa tenha sido a sua maior virtude. Mas todos os enormes escritores americanos que referi acima são ou foram enormes críticos sem nunca terem caído numa linguagem de sarjeta.

12 comentários:

  1. Preconceitos teus em relação à linguagem de sarjeta?

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  2. Não :)
    provavelmente expressei-me mal; há livros fabulosos que recorrem a palavrões e linguagem de sarjeta.
    Eu admito algum preconceito; afinal, acho que todos temos o direito a algum preconceitozinho. Mas aqui a minha opinião deriva de vários fatores: ausência de conteúdo, sexismo gratuito, palavrões aos quais não se atribui nenhuma outra função que não seja o choque da linguagem e, acima de tudo, uma forma de encarar a vida absolutamente fútil onde a mulher é encarada como um objeto absolutamente vulgar, onde as ideias não existem e o prazer se limita ao concreto.
    Acho que é um bocadinho disto tudo...

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  3. Nunca li este escritor, nestes dias ouvi grandes elogios a ele, inclusive deste Mulheres e outro Pão com Fiambre.
    Sobre o comentário acima fez-me lembrar o que eu pensei de Roth em o Complexo de Portnoy que detestei e Martin Amis em Money que apesar de tudo gostei.

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  4. Olá!

    Foi uma surpresa, confesso.
    São opiniões, não é?

    No que a mim diz respeito e a par dos autores que referes, também adoro o desprendimento e a frontalidade deste autor. Gosto imenso.
    Já leste mais alguma coisa dele?
    Talvez seja melhor começar por "Correios" que é mais "calmo" para se iniciar e conhecer o louco que é Bukowski... ;) Um livro inclusivamente biográfico. Será que te convenço? (risos)

    Boas leituras Manuel :)

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  5. Ah,pois,creio que percebi o teu ponto de vista!Agora...
    Sabes,Manuel,eu associo o palavrão e a linguagem de sarjeta a alguma ousadia...
    Admitir algum preconceito já é uma maneira de o combater.Também admito a minha quota parte de preconceitozinho:)Ups...
    Gostei da tua resposta diplomática*

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  6. Til, eu posso ter muitos preconceitos, mas não em relação aos palavrões. Eu próprio vivo numa região onde se diz que "car####" é vírgula :)
    Acontece é que no livro de Bukowski quase só há vírgulas :)

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  7. Pois é, Denise, apanhaste-me :)
    Só li "Mulheres" e este post foi escrito apenas em função desse livro.Tenho de ler mais qualquer coisa dele...
    beijinhos

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  8. Ahah Til também é de Braga:)

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  9. Manuel, sabes que sou um fã deste autor. É, na realidade, um dos meus favoritos. Mas compreendo perfeitamente o teu sentimento em relação à sua escrita. Faz todo o sentido. Afinal, também sou teu fã!
    :D Viva o Bukowski.... e o Manuel!

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  10. achei o "Mulheres" repetitivo, cansativo, NÃO DESENVOLVE!!!!!!!!!("raios, é isto o bukowski?", lembro-me de pensar). posteriormente li alguns poemas e gostei bastante (será que o tipo de linguagem que o bukowski utiliza funciona melhor em poesia do que em prosa?) :D

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  11. Vasco e C.
    Eu também caí num erro: formar opinião sobre o autor com base naquele livro.
    Decididamente, tenho de dar nova oportunidade ao Bukowski :)

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