Revendo os meus livros, encontro nove que claramente se destacam e que passo a expor sem ordem hierárquica:
- Emma, em Madame Bovary, uma mulher cheia de carácter, lutando contra o preconceito, apenas para ser feliz.
- Aliocha de Os Irmãos Karamazov, um jovem guardião da sensatez perante loucuras e paixões. O herói que não julga nem condena. O homem de paz por excelência.
- Zossima de Os Irmãos Karamazov. O guardião da verdade e da virtude. Um velho clérigo cheio de sabedoria.
- Florentino Ariza de O Amor em tempos de Cólera. Comia pétalas de rosa e bebia frascos de água de colónia para se sentir perto de Fermina. Tocava violino para ela escolhendo o lugar da serenata conforme o rumo do vento para que ela o escutasse.
- Nathan Glass em As Loucuras de Brooklin. Com 72 anos e uma doença terminal, este apaixonado pelos livros redescobre novos laços de ternura, renasce para a vida. A solidão como caminho para a felicidade.
- Kincaid, de As Pontes de Madison County. Um homem íntegro, feliz embora solitário, livre embora rendido à paixão, sonhador embora seguro de si. Um herói real.
- Falcão de A Saga de um Pensador: a rejeição da razão em nome da liberdade. O símbolo da felicidade em harmonia com a natureza e o mundo.
- Heatcliff de O Monte dos Vendavais um homem dominado pelas paixões. Uma paixão inexplicável à luz da razão e conjunto de atitudes e traços de personalidade determinados pelas emoções e sentimentos. É ódio, amor, medo e paixão. Um vendaval.
- Nakata, de Kafka à beira-mar; o velho e bom Nakata que fala com os gatos, faz chover sanguessugas ou peixes, depois de ter sido vítima de um estranho acidente, na sua juventude. É a sabedoria, a calma, a perfeição do espírito.
10 comentários:
Ainda não li alguns dos livros que referes aí, mas definitivamente que o Florentino Ariza de O Amor em tempos de Cólera e Nakata, de Kafka à beira-mar são personagens extraordinárias.
Acrescento mais estas:
- O Baudolino do Umberto Eco.
- A Annie do Misery - Stephen King. É assustadora a forma como simpatizamos com ela;
- Cipriano Algor da Caverna - Saramago. Sempre achei este livro um dos mais bonitos do Saramago e acho que isso se deve a esta personagem tão ternurenta.
- Baltasar e Blimunda do Memorial do Convento - Saramago. Têm de se indicadas as duas juntas porque uma sem a outra não fazem sentido.
Tenho um selo no meu blogue, http://queroumlivro.blogspot.com/2010/03/selo.html, para o Meus Livros. :)
Lembro-me bem da Emma, do Florentino Ariza e do Heatcliff, sem dúvida personagens muito bem delineados e que não se esquecem facilmente! :)
Acrescento o Carlos da Maia e a Maria Eduarda, que não consigo esquecer por fazerem parte da primeira obra (Os Maias) que li do Eça. Marcaram-me bastante!
Baltasar (sete-sóis) e Blimunda (sete-luas), "Memorial do Convento", mais dois personagens bem vincados na minha memória. Um amor inigualável, com vidas cheias de sonhos. Os meus personagens de sempre! :)
Meursault d'O Estrangeiro outro personagem marcante, que nos faz questionar e colocar em causa uma série de valores.
N. Martins, tenho de rever o Baudolino; é engraçado que li o livro mas o personagem não me ficou na memória... A Caverna é um dos livros de Saramago que ainda não li. Mas vou ler... Tens razão quanto ao Baltasar e Blimunda; são dois personagens fantásticos!
Obrigado pelo selinho. A propósito: gosto muito do teu blog :)
Tonsdeazul, é engraçado que quando fiz esta lista pensei num personagem d'os Maias. Mas, curiosamente, apontaria o Ega. Não sei porquê mas identifico-me mais com ele do que com o Carlos. Ega é um exagerado, um excêntrico, um crítico; uma pessoa sempre insatisfeita. Gosto de personagens/pessoas assim :)
Quanto ao Mersault d'O Estrangeiro: trata-se de um livro magnífico; uma obra prima, mas o jeito angustiado do Mersault... digamos que não me fascina.
Boa tarde.
Obrigada por seguir o meu blog.
Queria pedir-lhe se poderia divulgar o meu livro, Mistério em Connellsville, no seu blog e, inclusive, junto dos seus alunos.
Todas as informações disponíveis em www.misterioemconnellsville.blogspot.com
Obrigada.
Aprendiz de Poetisa
terei muito gosto em divulgar o livro mas, se reparar no blog, eu apenas coloco livros depois de ler (isto é uma espécie de diário de leituras :)
Portanto, logo que leia o livro, obviamente colocarei aqui o meu comentário. Com todo o prazer.
Grandes personagens
Ema, uma mulher fantástica que procurou a conquista da sua felicidade.
Florentino :) haverá homem mais persistente??
Acrescento:
Constance de "O Amante de Lady Chatterley pela força que teve de lutar pela sua felicidade e conseguir, mesmo que tenha deixado para trás todo o luxo em que vivia.Uma demonstração de que a rotina do bem estar nunca será sinónimo de felicidade.
Ródion de Crime e Castigo pela dualidade entre o bem e o mal...o ser capaz de...fazer e aguentar ou não as consequências...
Fernão Capelo Gaivota porque "vê mais longe a gaivota que voa mais alto" ;)
Um abraço
Paula, concordo em absoluto quanto a Emma e a Fernão Capelo Gaivota.
Quanto a Rodion, acho que aquela alma se atormentava demasiado... todos somos um pouco como ele, mas acho que devemos lutar contra isso. No fundo "basta" seguir a citação que fazes de F. C. Gaivota - voar um pouco mais acima e olhar para os tormentos de bem alto...
Pondo no meio a minha colher: gosto do Kurz de Coração das trevas, de Joseph Conrad, como um homem que se percebe em meio a uma loucura generalizada, que se traveste de sanidade. Também tenho simpatia pelo Pierre Bezukhov de Guerra e paz, buscando a sanidade em meio às guerras napoleônicas, o Michael Kohlhaas, de Heinrich von Kleist, empurrado para fora do mundo das pessoas de bem por uma arbitrariedade, o Visconde de SAbugosa, personagem de Monteiro Lobato que é o protótipo do cientista.
Personagens literárias...
Werther, sem dúvida (não sei o que falta no livro, para não merecer o tal "10")
Mardou do Subterrâneos do Kerouac, pela ternura, paciência, envolvimento
O Caixeiro no Vazio da Onda do Stevenson (óptimas personagens que ele cria, e esta é carregada de tiradas bem humoradas)
Molloy do Samuel Beckett, outro "alucinado"...
(eu tenho um fascínio por aves raras, ontem cruzei-me com mais uma)
Boris Stepanovich do Paul Auster no país das últimas coisas.
Há também a personagem enigmática do estrangeiro (camus), e o Sempere do Jogo do Anjo do Zafón, que deixa alguma saudade.
Achei piada ao desafio, aqui foi o meu contributo...Por acaso não está nenhum português, mas o João Aguiar, o Tordo têm outras boas personagens...
Olá Ricardo
Pierre é também um dos meus favoritos. Mas quando fiz esta lista ainda não tinha lido Guerra e Paz :)
Olá MiC
antes de mais bem vindo a este cantinho.
Deixa-me aqui boas propostas de leitura. Fico sempre com a sensação que há tanto para ler...
De facto, ainda não li Kerouac, Stevenson e Beckett. Mas já anotei ;)
Quanto ao Werther, o que falta para o tal 10? Olhe nem eu sei... esta avaliação é apenas uma impressão pessoal, não uma avaliação literária. Se assim fosse teria 10 sem dúvida. O que significa o 8? Significa que faltou 20% de prazer na leitura. Tão só.
Estou a ler o livro do Zafon. Fala do Sempere, mas eu admiro mais um Fermin: o D. Quixote de Zafón :)
Em relação do Boris do Auster, concordo que é um personagem magnífico. É o exemplo do mentiroso simpático e o exemplo de como a mentira é, mais do que uma estratégia de sobrevivência, uma necessidade da qual o ser humano não consegue fugir.
Um abraço
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