Personagens interessantíssimas, estudadas psicologicamente de forma profunda e, ao mesmo tempo, descritos de maneira simples e atractiva.
A descrição da miséria da família Marmaledov é genial: o alcoolismo como consequência de uma estrutura social injusta e angustiante. A amizade de Razumikin por Ródia é comovedora. Trata-se de um personagem interessantíssimo: libertino mas sensível; hedonista mas sofredor; algo ingénuo mas profundamente dedicado.
Ródia envolve toda uma tentativa de explicação do comportamento e do espírito do criminoso: levado pela miséria, provocado pela injustiça social, é duramente castigado pela sua própia alma, o juiz maior. Persegue-o a tentativa desesperada de encontrar uma explicação racional e moral para o crime.
É também uma obra sobre uma outra espécie de crime: a maldade humana, representada de forma soberba por Svidrigailov e Lujin. Dela transparece o lamento por uma sociedade injusta e, ao mesmo tempo, a convicção reconfortante do “castigo na terra”.
É acima de tudo uma obra sobre a loucura; sobre o limite ténue entre a realidade e a loucura. Dostoiévski parece acreditar na bondade natural da alma humana. Os seus personagens são loucos, bêbados, chantagistas, criminosos de toda a sorte, usurários, miseráveis mas em todos eles encontramos um fundo de humanidade e uma espécie de consciência que os impele para a expiação (mais ou menos voluntária) dos seus pecados. Procura sempre compreender e explicar a alma humana nas suas infindas facetas.
Romance psicológico? Talvez! Para o autor, todos os comportamentos, mesmo os mais “desviantes” têm explicações e são compreensíveis pela razão. Mas o autor de tais comportamentos é o único que nunca os compreende. Daí a loucura, no seu conceito social; daí a tortura interior, o verdadeiro castigo. A verdadeira justiça, as penas mais duras, são as que o sujeito impõe a si próprio. A cadeia, os trabalhos forçados, a justiça dos homens é, por isso, vista como a verdadeira liberdade – porque aí os homens encontram-se, finalmente, entregues a si próprios: livres.
No final, como que caído do céu, o amor revela-se a solução para todos os males da alma de Ródia – final talvez demasiado lírico para uma aventura tão real como esta.
A descrição da miséria da família Marmaledov é genial: o alcoolismo como consequência de uma estrutura social injusta e angustiante. A amizade de Razumikin por Ródia é comovedora. Trata-se de um personagem interessantíssimo: libertino mas sensível; hedonista mas sofredor; algo ingénuo mas profundamente dedicado.
Ródia envolve toda uma tentativa de explicação do comportamento e do espírito do criminoso: levado pela miséria, provocado pela injustiça social, é duramente castigado pela sua própia alma, o juiz maior. Persegue-o a tentativa desesperada de encontrar uma explicação racional e moral para o crime.
É também uma obra sobre uma outra espécie de crime: a maldade humana, representada de forma soberba por Svidrigailov e Lujin. Dela transparece o lamento por uma sociedade injusta e, ao mesmo tempo, a convicção reconfortante do “castigo na terra”.
É acima de tudo uma obra sobre a loucura; sobre o limite ténue entre a realidade e a loucura. Dostoiévski parece acreditar na bondade natural da alma humana. Os seus personagens são loucos, bêbados, chantagistas, criminosos de toda a sorte, usurários, miseráveis mas em todos eles encontramos um fundo de humanidade e uma espécie de consciência que os impele para a expiação (mais ou menos voluntária) dos seus pecados. Procura sempre compreender e explicar a alma humana nas suas infindas facetas.
Romance psicológico? Talvez! Para o autor, todos os comportamentos, mesmo os mais “desviantes” têm explicações e são compreensíveis pela razão. Mas o autor de tais comportamentos é o único que nunca os compreende. Daí a loucura, no seu conceito social; daí a tortura interior, o verdadeiro castigo. A verdadeira justiça, as penas mais duras, são as que o sujeito impõe a si próprio. A cadeia, os trabalhos forçados, a justiça dos homens é, por isso, vista como a verdadeira liberdade – porque aí os homens encontram-se, finalmente, entregues a si próprios: livres.
No final, como que caído do céu, o amor revela-se a solução para todos os males da alma de Ródia – final talvez demasiado lírico para uma aventura tão real como esta.
5 comentários:
Olá!
Engraçado! hoje, pude relembrar o meu escritor preferido em 1980 "Dostoievski" !..sim devorei todos os livros dele. Reconheço que agora era incapaz de mergulhar em tal depressão!
Natália
Natália, é curioso que os livros do Fiodor não me deprimem... adoro-os mesmo! Deprime-me muito mais, por exemplo, Coetzee...
Manuel Cardoso.
Também visitei a casa museu do "Dostoievski" nas terras de sua majestade !!!!
Penso que nunca li nada de Coetzee. Estou a gostar deste seu blogue! como sou "cusca".. e gosto de ler os comentários/opiniões, obriga-me a tentar identificar/fixar os livros que já li por autor.
Natália
Olá Natália
Eu criei este blogue precisamente para não me esquecer dos títulos que leio :)
Só te aconselharia o Coetzee se gostasses de livros melancólicos e reflexivos...
Olá Manuel Cardoso!
Sò hoje, ao ler o meu comentário, é que dei pelo meu erro!!!! nao visitei a casa do Dostoievski, mas sim do Charles Diches em Inglaterra,bem vistas as coisas...para mim ambos me levaram para locais tristes e escuros...tal vez por isso o ato falhado.
Natalia
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