Tipicamente sul-americana, com traços que fazem lembrar Garcia Marquez, a escrita de Sepúlveda tem também a singeleza que encontramos em Isabel Allende e a leveza de um Jorge Amado.
Este livro é uma crónica de viagens com a marca indelével da biografia do autor, um idealista sonhador, um homem de causas, um moderno Che Guevara que assume as ideias políticas socialistas a par do intenso combate pela ecologia que Sepúlveda sempre assumiu.
É um livro, também, de combate político. Sepúlveda foi uma das vítimas do horrendo regime de Pinochet que transformou o Chile numa pátria de assassinos. Fala-se, assim, das suas memórias do cárcere, das perseguições, do terror de um país assolado pelo obscurantismo e pela injustiça.
Mas é muito mais que isso; é o elogio das maravilhosas paisagens do sul do continente americano, a Patagónia, com as suas gentes simples e honestas, em que de demonstra todo o humanismo que caracteriza a obra de Sepúlveda.
É com um humor refinado que Sepúlveda, na primeira parte da obra descreve as ideias do Avô, o seu ódio à igreja e aos proprietários de terras, num mundo de injustiças que foi terra fértil para as ideias socialistas; é esse Avô, com as suas ideias libertárias que levavam o neto a urinar em todas as portas de igreja que encontrava, que moldará a personalidade do jovem, alter-ego de Sepúlveda.
A segunda parte do livro descreve as viagens de Sepulveda por diversos países sul-americanos, bem ao jeito de Che Guevara: descrevem-se as suas aventuras na Bolívia, Argentina, Panamá e Equador, finalizando com uma breve mas belíssima incursão pela Amazónia.
Trata-se de um livro de leitura muito fácil, numa escrita cristalina, pura e intensa do ponto de vista das ideias. Um livro que acaba por ser uma bela biografia de um homem que tem sido um combatente pela justiça, pela paz e pelos ideias ecológicos. Um livro indispensável.
Avaliação Pessoal: 9/10
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