terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A Solidão dos Números Primos - Paolo Giordano

É muito difícil fazer um comentário a este livro. Porquê? Porque fiz dele uma leitura muito pessoal e quando assim é, pouco resta para dizer aos leitores de um blogue. Por outras palavras: quando um livro nos fala tão de perto, nos atinge como uma bala, nos mexe nas profundezas da alma, fica uma espécie de pudor que nos encaminha para a interiorização…
É um livro notável. Não é uma obra-prima; o seu estilo é simples, algo ingénuo até, como seria de esperar de um escritor tão jovem (25 anos). Mas o que falta em grande qualidade literária sobra em emoção e em sentimento.
Alice é uma jovem vítima de um acidente de esqui, aos sete anos, numa altura em que o pai a forçava a praticar esse desporto, sonhando fazer dela uma atleta de alto nível. Mas esse acidente marcará indelevelmente toda a sua vida…
Mattia é uma criança muito inteligente e feliz até que um terrível acidente acontece com a irmã gémea deficiente. A culpa persegui-lo-á e a sua vida ficará irremediavelmente determinada por isso.
Alice e Mattia serão sempre como os números primos: sempre perto um do outro sem que nunca se toquem. Como o onze e o treze; o dezassete e o dezanove. Há amores assim; amores distantes embora próximos; infelizes embora profundos…
É um livro de uma sensibilidade tremenda, um livro triste mas profundamente real; um livro simples mas que aborda o amor de uma forma muito profunda.


Avaliação pessoal: 9/10

7 comentários:

Kézia Lôbo disse...

Nossa, me encantei. Fiquei curiosa para lê-lo, tão diferente!

Paula disse...

Manuel,
Esta é realmente uma história comovente, tenho pena que o tempo já tenha feito esquecer parte dela ou melhor da intensidade das emoções que me causou na altura da leitura.
Uma leitura muito profunda e muito triste também. Um livro MAGNÍFICO

Anónimo disse...

Já o comprei, Manuel,vamos ver quando conseguirei lê-lo.Mas não quero demorar muito.Quero sentir toda essa emoção de que falam.
Um abraço
Isabel

Unknown disse...

Foi no teu blogue que o descobri, Paula. Em boa hora :)
Isabel, vais gostar :)Aguardo o teu comentário.

Anónimo disse...

Olá Manuel
acabei de ler o livro e estava ansiosa para o terminar e com esperança que pudesse acabar de forma diferente(No fundo sabia que não ).
Fica-nos uma tristeza tão grande no final.
E ficamos a pensar porque tem que ser assim?
O livro é realmente tocante. Às vezes sentimos um aperto no coração.
Talvez porque alguns dos sentimentos que ali estão também já os sentimos.
A dureza e a solidão da adolescência, o medo da rejeição,o querer dizer o que não se consegue dizer, sabendo que dessa maneira podemos deixar fugir para sempre algo precioso que não tornaremos a encontrar...
E as marcas que ficam...
Alice e Mattia: tão perto e tão longe.

Um livro belíssimo.

Um abraço
Isabel

Unknown disse...

Isabel, sem qualquer exagero, gostei quase tanto do teu comentário como do próprio livro. Sentiste-o da mesma forma que eu: a distância, que Richard Bach dizia não existir, existe mesmo... pode ser a distância física ou aquela que os homens ou as circunstâncias impoem.
E quando um livro nos toca como este, queremos que acabe como gostaríamos que acabasse se os personagens fossemos nós. Mas a realidade é como a ficção: nem sempre acontece como queremos...
Ficam as tais marcas, Isabel. Recordações, fragmentos, desejos e, principalmentem, sonhos, que esses ninguém mata. Para lá de toda a realidade há sempre o sonho que é uma espécie de mundo alternativo que nos mantém a chama...

Anónimo disse...

Graças a ti e ao teu blogue tenho lido livros maravilhosos que de certeza me escapariam.
Obrigada
Um abraço
Isabel