Sinopse
Sinto-me sequestrado por estes bons malandros". Aos livros que fui
escrevendo, e outros que venha a escrever, não lhes valem possíveis
méritos. Mais de trinta anos depois de saltarem à cena, sem outra
pretensão do que fazer sorrir circunstanciais leitores, os bons
malandros não arredam pé e ganharam a afeição de gerações sucessivas.
Nada mais surpreendente, para quem lhes deu vida, esta longevidade que
permite divertir jovens de hoje, tal como acontecera com seus pais e
mesmo avós. Aqui se apresenta uma nova (e esmerada) edição de um livro
que já galgou pelo cinema e pelo teatro e ameaça novos estrondosos
cometimentos. Entretanto, o que o autor ambiciona é o mesmo de sempre:
proporcionar prazer de leitura a quem se dispõe à descoberta das
singulares aventuras destes bons malandros. Se eles vos divertirem,
cumprem o seu destino."
Comentário:
A Crónica dos Bons
Malandros é a mais divertida comédia que li nos últimos tempos.
Jornalista de profissão e boémio por natureza, Mário
Zambujal demonstra neste clássico da malandragem um conhecimento profundo do
meio em que evoluem os personagens.
Este livro, na verdade, é um clássico da malandragem; no entanto, há um pressuposto que deve
estar bem presente na mente de todos os que decidirem ler o livro: malandros
não são criminosos. Malandros têm sentido de humor e agem sempre em função de
um certo código de honra que coloca a camaradagem entre os membros do grupo acima
de todos os outros interesses. Aliás, quando as coisas correram mal nesta
deliciosa história foi na sequência de um ato de traição em que um dos
personagens tentou ser criminoso em vez de malandro.
Mas, mais do que defensor de qualquer catálogo de ética, este livro é uma divina comédia. Grande
parte do sentido de humor do livro advém dos contrastes delineados logo no
início do livro: um malandro que até conhece o museu Gulbenkian e os artistas
lá representados; um outro malandro que até detesta armas. E um conjunto de
malandros que até se comovem com as desgraças dos camaradas.
Ao longo do livro, Mário Zambujal vai fazendo também uma
espécie de psicanálise do malandro nos
seus diversos tipos: o malandro de raiz, cleptomaníaco, que hoje seria
cliente de qualquer psiquiatra; o malandro tiranizado por uma infância
desgraçada; o malandro que foi levado para a “má vida” por causa dos males de
amores, enfim, um verdadeiro catálogo da malandragem…
Um dos aspetos que mais cativa o leitor é a linguagem super-objetiva
de Zambujal; ali não há nada em excesso nem repetições; se o leitor se distrai
um pouco, só tem um remédio: recuar até ao ponto onde começou a distração,
porque aqui tudo é sintético e objetivo. Isto dá ao livro um ritmo narrativo
muito interessante, que agarra o leitor até à última página. O final do livro é o culminar de uma grande
odisseia; é um final dramático e épico onde não falta o sentimento de levar à
lágrima as almas mais sensíveis.
Enfim, um livro
genial que devia ser de leitura obrigatória para todos aqueles que amam a
literatura portuguesa.
3 comentários:
Espetacular este livro, já o li, adorei. Neste seu blogue tem muitos livros maravilhosos...
Este está na minha lista de livros a ler. Só tenho ouvido e lido boas opiniões. ;)
Li este livro à uns anos e recordo-me o enredo hilariante da história, os personagens com nomes já de si cómicos e com personalidades tão rebuscadas.
É impossível ler este livro e não rir às gargalhadas. É um verdadeiro anti stress.
Aconselho vivamente a leitores com e sem sentido de humor!
Boas leituras!
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