sexta-feira, 19 de março de 2010

História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar - Luís Sepúlveda

Tudo começa com uma maré negra: os humanos, essa espécie estranha, absurda, com quem é perigoso, até, miar. Zorbas, o gato grande, preto e gordo, assim como os seus camaradas, sabe miar a linguagem dos humanos mas só o faz em situações de emergência, porque os humanos são muito perigosos…
Este livrinho de Sepúlveda é uma pequena maravilha! Ao lê-lo sentimos a magia de ser criança e também o encantamento que só os animais nos sabem oferecer. Eles, os gatos, dão-nos aqui um exemplo que teimamos em esquecer: que a união faz a força; que a solidariedade nos pode fazer felizes.
Todos achamos estranho que um gato possa ensinar uma gaivota a voar. E achamos estranho porquê? Porque não percebemos nada da verdadeira fantasia; porque não temos imaginação suficiente para ver a verdade que há na fantasia; porque temos uma aversão natural a tudo o que é diferente – porque somos humanos, horrivelmente normais!
Só nós, os humanos não conseguiremos, nunca, voar. Porque nunca entenderemos que “só voa quem se atreve a fazê-lo”. Só voaremos quando perdermos o medo de tirar os pés do chão. E às vezes bastava fechar os olhos e sonhar. Mas não, temos medo! E ficámos tão presos como aquela gaivota com as asas cobertas de petróleo…
Ler este livrinho é um exercício de libertação e de regresso ao mundo maravilhoso da imaginação. Este livro é um imenso sorriso…
Uma opinião diferente sobre este livro: AQUI

15 comentários:

Teresa Diniz disse...

É tudo isso que disseste, Manuel. Li-o com os meus filhos, voltei a lê-lo mais tarde. Não é um livro para crianças, mas é preciso soltarmos alguma da inocência que ainda possa haver dentro de nós, para o entender.
Bjs

susemad disse...

Gosto especialmente deste livro do Sepúlveda! É até um dos livros da minha lista dos preferidos!

Teresa Fidalgo disse...

Manuel,

Sem dúvida um grande (em conteúdo) livro!

... Realmente, só consegue voar quem se atreve a tirar os pés do chão...
Começássemos nós a entender e a aceitar as diferenças e já dávamos um passo gigante!

Unknown disse...

"Soltar a inocência"; adorei a expressão Teresa. É isso mesmo, a inocência à solta é essencial para compreender este livrinho e, já agora, a felicidade que há na vida.
tonsdeazul, já leste "O velho que lia romances de amor"? É lindíssimo. Diferente deste mas muito bonito.
Teresa Fidalgo, uma das coisas que mais me irrita na nossa sociedade é essa dificuldade em aceitar a diferença. O diferente é o louco. É por isso que só o louco pode ser feliz; porque para nos encontrarmos temos de fugir a essa normalidade asfixiante...

NLivros disse...

Ora viva!

Cada vez que leio uma alusão a Sepulveda penso sempre: grande escritor! Porque nunca mais li nada dele?

Ou seja, já li alguns títulos do autor e em todos eles fiquei deliciado com a sua escrita. Este não foge à regra, pese embora confesse que não é o que mais apreciei.

susemad disse...

Sim esse que referes é completamente diferente desta doce história, mas igualmente belo! É o meu segundo preferido do Sepúlveda! :)

Estações do Ano disse...

Confesso que nunca li Sepúlveda, apesar de ter quase a certeza de ter um livro dele na minha estante. Fiquei muito curiosa!

Unknown disse...

Iceman, Tonsdeazul e Estações do Ano,
quando o Iceman, falou em "grande escritor" veio-me à cabeça uma ideia: não será Sepúlveda um grande escritor a quem falta uma "grande obra"? Os livros que li dele são excelentes, mas falta-lhe aquele fôlego que é necessário a uma verdadeira obra-prima. Por exemplo: Garcia Marquez tem livros excelentes (muitos) mas o que faz a diferença é o salto que deu para a excelência com Cem Anos de Solidão.
Será isso que falta a Sepúlveda?

Jojo disse...

Olá Manuel!
Li este livro na minha adolescência e quando o terminei tinha um sorriso nos lábios.:)

Unknown disse...

Olá "Os Meus Livros", passei por aqui e gostei bastante o seu blog.
Curiosamente, tinha por cá uma amiga chilena que teve uma colega de trabalho (esposa do Luís S.) e a propósito dos comentários sobre este livro que já li, contou-me o seguinte. O hoje famoso escritor, quando escreveu este livro, ainda não o era, permanecia em casa escrevendo, escrevendo e escrevendo e acreditando que um dia iria dar a conhecer ao mundo a sua escrita, tomava conta da casa, da comida e dos filhos enquanto, a sua esposa ia trabalhar...o que não era bem visto socialmente...Assim, muitas vezes tinha o hábito de se sentar a escrever após as tarefas domésticas...tinha um gato "perezoso,flojo" em sua casa e um dia junto da sua janela apareceu uma gaivota cheia de crude que antes de morrer colocou um ovo junto da sua janela, o Luís pegou nele e acolheu-o e o seu gato acabou por fazer o mesmo, deitava-se sobre o ovo e aquecia-o...terá sido o calor do gato...que deu vida àquele ovo perdido, que não passaria de um ovo, se ninguém tivesse tomado conta dele.... e daí nasceu uma gaivota. Este episódio deu origem a uma história linda e brilhante, que antes de o ser já o era, contudo se não tivesse sido contada e tão bem por ninguém, seria apenas mais um desfecho cruel de um episódio da natureza atravessado pela mão do Homem.

Vou voltar. Parabéns.
bjs

Unknown disse...

Jojo, essa é talvez a grande diferença entre o riso e o sorriso. Há livros que provocam gargalhas, como o "Bouvard e Pecouchet" de Flaubert ou o "Conde de Abranhos" do nosso Eça. Mas há outros que provocam aquele sorriso que fica para sempre. É o caso deste livro. Provavelmente nunca vais esquecer esse sorriso.

Olá Alfa
obrigado pelo elogio e sê benvinda.
Obrigado, principalmente por teres partilhado connosco essa história que por se verídica se torna ainda mais bela.
É um episódio enternecedor de um homem magnífico que tem dedicado a vida a grandes causas como a protecção da natureza e a justiça social.

Unknown disse...

...acrescento Manuel Cardoso, a história acontece em Hamburg na Alemanha, junto ao porto de pesca...voltarei.

bjs

Paula disse...

Uma das melhores leituras que fiz este ano.
Um livro que não sendo propriamente para crianças, leva os adultos à reflexão e diga-se que muitos necessitam :P
Um pequeno/grande livro que numa pequenina história abarca tantas coisas essênciais à nossa vida.
Foi o primeiro que li do autor, adorei e tenho de ler mais de Sepúlveda.

Unknown disse...

Tens razão, Paula. Depois de ler este livro, acho que qualquer pessoa minimamente sensível é levada a questionar muito do que é a nossa vida e o nosso mundo.
Em termos de sensibilidade humana, julgo que Sepúlveda é um génio.

Anónimo disse...

A propósito da loucura: o segredo é ser louco -diferente- mas não deixar que os outros percebam. Assim eles não vão estragar a nossa alegria.
Até um dia destes.