segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A Rapariga Que Roubava Livros - Markus Zusak



Qualquer coisa era melhor do que ser judeu. E assim Liesel era feliz na Alemanha nazi. Max, o judeu, é o perseguido, atormentado, sacrificado. O representante de um povo martirizado. Mas este livro não é apenas mais um a denunciar o holocausto; ele oferece-nos a perspetiva do povo alemão; ou melhor, dos pobres que Hitler também fabricou na Alemanha; é o desmistificar de uma ideia feita que ainda tem adeptos hoje em dia: de que Hitler enriqueceu a Alemanha. Nada de mais errado. A Alemanha de Hitler não era a Alemanha da riqueza; era a da inveja e da loucura que levou ao anti-semitismo e ao imperialismo absurdo.  
O livro é o elemento de união entre Liesel e o pai; é o cimento da amizade. Aos poucos, os livros vão-se transformando no símbolo da resistência, da esperança, da vida. Qualquer que seja o livro: um manual do coveiro, por exemplo. Ou até o Mein Kampf cujas páginas Max vai pintado de branco e reescrevendo numa bela mensagem de esperança.  
Mein Kampf parece ser o livro que acompanha o mal, a tristeza. Afinal há livros maus. Mas para Max aquele era o melhor dos livros porque lhe havia salvado a vida. 
Max reescreveu 13 páginas do mein kampf; pintou-as de branco e escreveu sobre a amizade.  
Rudy, o jovem amigo de Liesel é, a meu ver, a personagem mais fascinante deste livro; para ele, Jesse Owens é sempre o símbolo da liberdade. Simboliza a luta pela liberdade; a resistência ativa. A força do bem.  
Este livro não é uma obra prima; o tema, mais do que explorado por escritores e historiadores, acaba por fornecer um ambiente em que é fácil chegar ao coração dos leitores. Por outro lado, embora o estilo e a linguagem seja de uma beleza avassaladora, não prima pela originalidade. Por várias vezes, ao longo da leitura, me fez recordar O Leitor, de Bernard Schlink, esse sim uma obra prima da literatura do holocausto.  
No entanto, fica a originalidade de certas ideias: muitos alemães, a maioria, foram mais vítimas que culpados. Eles escolheram Hitler. Mas mereciam morrer por causa disso? Talvez o seu maior crime tenha sido um mero encolher de ombros… 

4 comentários:

Teté disse...

Vou ser franca: adorei o livro quando o li, em 2008! Se é mais ou menos literário, mais ou menos original (OK, não li "O Leitor", mas adorei o filme), interessa-me pouco. Facto é que me prendeu do princípio ao fim, fez-me repensar o cenário histórico e emocionou-me como poucos. E isso é quase tudo o que desejo num livro... :)

Anónimo disse...

Eu li o livro em 2008 e adorei. Consigo imaginar a Miúda a trepar janelas ou a sensação de ter um livro na mão, visualizei o Max e o Rudy (fascinante). Ainda bem que este livro foi adoptado para o Plano Nacional de Leitura.
Nota:
parabéns pelo seu trabalho de divulgação de livros.

Anónimo disse...

Só mais um comentário: Eu achei original porque é raro um livro ter a Morte como Narrador.

Unknown disse...

É, de facto, um excelente livro. Acho que só não gostei mais proque tenho lido demasiadas coisas sobre o assunto.
Na verdade, a Morte como narrador foi uma ideia genial.