Joana, a Louca é o primeiro romance da autora Linda Carlino. Um romance histórico, onde Carlino ficciona a biografia de uma das personalidades mais intrigantes da história do século XVI europeu. A obra tem início em 1496, quando a jovem filha dos Reis Católicos, com apenas 16 anos, embarca para a Flandres para desposar Filipe, o Belo, e acompanha toda a sua vida até ao final dos seus dias, encarcerada em Tordesilhas pelo próprio filho, Carlos V, imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Um romance com uma nítida descrição da personalidade de Joana, uma mulher de inteligência arguta e sentimentos nobres, de espírito inquebrantável que a fez resistir à traição por parte daqueles que lhe eram mais próximos e que lhe valeu o injusto epíteto de Louca
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Comentário:
Linda Carlino, infelizmente falecida em 2010, foi uma escritora inglesa de ficção histórica que nunca teve grande impacto em Portugal, pelo menos até ao lançamento no nosso país, no ano de 2009, deste livro sobre a rainha Joana. E o sucesso (embora relativo) que este livro teve no nosso mercado, estou convencido que se ficou a dever mais ao nome da Rainha Joana do que ao nome da autora ou à qualidade literária da obra.
Para ir direto ao assunto, estamos perante uma grande história num livro que poderia ter sido uma obra-prima. A riqueza e o encanto da história de Joana justificava um romance bem mais interessante.O que Linda Carlino faz é, apenas, contar a história da vida de Joana. Só por si, esse é já um importante ponto a favor do livro; não é preciso mais nada; basta contar a história e ela tem força suficiente para agarrar o leitor.
Joana era filha dos Reis Católicos, Fernando e Isabel, réis de Castela aquando da descoberta da América. Vitima da necessidade de estabelecer relações de aliança com a Flandres e a Casa de Áustria, Joana é destinada ao casamento com um dos políticos mais pérfidos de toda a história da Europa Ocidental: o irascível Filipe, o Belo. Um casamento condenado ao fracasso e à desgraça de Joana, que mesmo assim viria a ser uma mulher que marcou a história da Europa, ao dar origem ao império dos Habsburgos.
Mesmo assim, parece que a autora desperdiçou várias oportunidades para alcançar um sucesso bem mais retumbante:
- A história tem pouca "estória"; falta aqui o sal da imaginação e o encanto da criatividade; trata-se de muita história e pouco romance. Obviamente, isto tem um lado positivo: o caráter pedagógico do livro. Na verdade, este romance pode muito bem funcionar como um manual de história dos tempos dos Reis Católicos e do império de Carlos V. Mas não é isso que se espera de um romance histórico.
- Mesmo ao nível da história propriamente dita, Linda Carlino podia e devia ter explorado muito melhor um episódio crucial em toda esta história e que no livro a autora teve a infeliz ideia de contornar: a morte de Filipe, o Belo foi, ao que tudo indica pela historiografia, provocada; ele terá sido envenenado. Perante a incerteza deste facto e a incerteza do autor do crime caso tenha existido, a autora prefere contorna-lo. Perdeu, a meu ver, uma oportunidade de melhorar o enredo, tornando-o bem mais interessante.
- Como acontece em muitos romances históricos, também neste livro há um exagero no que respeita a descrições do ambiente da época. É caso para dizer que não era necessário ser tão verossímil
Perante tudo isto só me resta concluir que o livro tem um grande valor pedagógico por ser muito fiel à verdade histórica. Para quem não conhece o drama de Joana a Louca, esta pode ser uma excelente leitura; mas para quem já conhece o assunto, esta pode tornar-se uma leitura algo fastidiosa.
4 comentários:
Acabaste de me elucidar quanto à compra deste livro, que sendo assim já não irei adquirir.
É que a minha dúvida era mesmo se seria atrativa para quem já conhece a história da personagem. ;)
Boas leituras!
Quando li, peloa primeira vez, um artigo sobre a vida de Joana a Louca, pensei logo que daria um belo romance ;)
Tenho a certeza que se fosses tu a escreve-lo eu teria gostado muito mais, Cristina.
Obrigada :)
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