Depois de ter lido A Queda dos Gigantes (do mesmo autor) sem que tenha correspondido às minhas expectativas, empreendi esta leitura na esperança de rever “em alta” a minha opinião sobre este escritor de enorme sucesso. Mas, saí ainda mais desiludido.
Com a guerra do Afeganistão como pano de fundo, Jane, casada com um médico francês que depois se revela espião russo, está no meio de um triângulo amoroso que é completado por Ellis, um espião americano. O cliché perfeito! Entre pactos secretos, ameaças, atentados, fugas, aventuras e tudo o mais que compõe um romance de aventuras e espionagem, compõe-se assim o ramalhete de um enredo previsível, com emoção mas sem nada de novo dentro do género.
Se bem que a leitura seja agradável e o enredo atractivo, nada nos surpreende, nada consegue empolgar um leitor minimamente experimentado neste género literário. Se é verdade que há capítulos cheios de emoção, que levam o leitor a devorar as páginas, também é verdade que Follett, por vezes, se perde em descrições maçadoras e absolutamente inúteis. Fiquei com a sensação clara que esta estória, com 500 páginas se poderia contar em menos de metade do espaço.
Mesmo assim, há um lado bastante positivo neste livro: o conhecimento que podemos adquirir desse conflito tão estranho e dramático que foi a invasão do Afeganistão pela União Soviética. Mesmo assim, esse aspecto didáctico fica manchado pelo habitual maniqueísmo que coloca os americanos do lado das forças do bem e os soviéticos como a encarnação do mal. A História já nos deu muitas provas de como o mal nunca está apenas de um dos lados.
Em suma, um livro que pode ser uma leitura agradável e despretensiosa, ideal para ler em férias, mas com a qual pouco se aprende.
Avaliação pessoal: 6.5/10
3 comentários:
Nunca li nada de Ken Follet, embora tenha um livro dele para ler dentro em breve: "Noite Sobre as Águas". Embora não seja grande apreciadora de espionagem...
Gostei deste blogue dedicado exclusivamente a leituras, dando a própria opinião! Que por enquanto não sei se é muito idêntica à minha, porque não li grande parte destes livros. Mas nos que dei uma vista de olhos e já li, até coincide mais ou menos! :)
Obrigado, Teté.
Não há dúvida de que o Ken Follet tem qualidades literárias, se não as tivesse, não seria um dos autores mais vendidos em todo o mundo. Só li um livro dele, o primeiro volume de "Os Pilares da Terra" e devo dizer que também só lhe dava a nota 6.5/10. Na minha opinião, Ken Follet é muito criativo, mas serve-se de alguns clichés. Além disso, não acho que seja muito profundo na caracterização das personagens, talvez por serem tantas (pelo menos, no caso do romance referido). Quando leio livros do género, pergunto-me sempre se é necessário criar tantas personagens e acções paralelas. Por outro lado, reconheço a mestria em coordenar isso tudo de maneira verosímil. Mas não ganhará um romance em qualidade se nos limitarmos a uma, no máximo, duas personagens principais, que serão nesse caso, mais bem caracterizadas?
Outro aspecto que achei menos bom é o facto de a maior parte das acções das personagens serem despoletadas por acontecimentos inesperados, externos à sua vontade. Tem o seu encanto, se não se exagerar. Eu gosto mais quando são as próprias personagens a causar as viragens no enredo (no livro em questão, há, aliás, um bom caso desses).
Uma última palavra para a cascata de peripécias a que elas estão sujeitas em "Os Pilares da Terra": não será demais? Será verosímil alguém conseguir ultrapassar tantos obstáculos e dificuldades? Conseguirá alguém refazer a sua vida, começando do nada, três, quatro, cinco, ou mais vezes?!
Há um limite para a resistência humana.
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