Sinopse:
Um grito de revolta contra os tempos conturbados que
vivemos.
A escrita, o compromisso político, as amizades, o exílio e as viagens são elementos indissociáveis numa vida fascinante como a de Luis Sepúlveda.
Nestas páginas, entrelaçam-se histórias pessoais, histórias dos trabalhadores e suas lutas, gritos de dor perante a exploração criminosa do meio ambiente, reflexões pungentes sobre a crise económica que atingiu a Europa e encenações de momentos partilhados com amigos, entre eles Pablo Neruda, José Saramago e Tonino Guerra. E emerge, acima de tudo, o Luis Sepúlveda homem: as lembranças do difícil passado no Chile, o destino dos seus companheiros dispersos no exílio e o seu reencontro numa pequena baía do Pacífico, uma viagem pelo deserto de Atacama, mas também alguns vislumbres da vida pessoal, as memórias de um fiel amigo de quatro patas, a alegria de se sentar a uma mesa de refeições com a família alargada e receber o epíteto de «velho». E, sobretudo, a certeza de ter vivido «uma vida de formidáveis paixões».
A escrita, o compromisso político, as amizades, o exílio e as viagens são elementos indissociáveis numa vida fascinante como a de Luis Sepúlveda.
Nestas páginas, entrelaçam-se histórias pessoais, histórias dos trabalhadores e suas lutas, gritos de dor perante a exploração criminosa do meio ambiente, reflexões pungentes sobre a crise económica que atingiu a Europa e encenações de momentos partilhados com amigos, entre eles Pablo Neruda, José Saramago e Tonino Guerra. E emerge, acima de tudo, o Luis Sepúlveda homem: as lembranças do difícil passado no Chile, o destino dos seus companheiros dispersos no exílio e o seu reencontro numa pequena baía do Pacífico, uma viagem pelo deserto de Atacama, mas também alguns vislumbres da vida pessoal, as memórias de um fiel amigo de quatro patas, a alegria de se sentar a uma mesa de refeições com a família alargada e receber o epíteto de «velho». E, sobretudo, a certeza de ter vivido «uma vida de formidáveis paixões».
Comentário:
Há pessoas cuja passagem pela vida deixa marcas profundas e
indeléveis. Uma dessas pessoas é Luís Sepúlveda. O desassossego deste homem, a
inquietação perante a infelicidade dos outros e a injustiça fazem dele um ser
humano magnífico, que sempre soube utilizar o seu imenso talento literário para
defender os esquecidos e os injustiçados.
Foi assim durante a ditadura de Pinochet, esse assassino
amigo de Salazar que deixou o Chile marcado pelo sangue de milhares de
resistentes, fieis a esse outro mito da resistência, Salvador Allende, também ele
assassinado por Pinochet.
Este livro é uma pequena coleção de textos ou crónicas que
têm como denominador comum a palavra crise. A crise atual é vista por Sepúlveda
de uma forma crítica e bem informada mas, acima de tudo, numa abordagem
humanista. É o caso da sua descrição da luta dos mineiros asturianos (Sepúlveda
vive nas Astúrias), uma luta nascida da injustiça, da exploração do trabalho
honesto pro parte dessa minoria de 1% da humanidade que detém 99% da riqueza.
Ora essa riqueza é produzida pela maioria e quem dela usufrui é essa minoria
privilegiada e exploradora. Pior ainda, quando os rendimentos diminuem é ainda
a essa minoria que se vai buscar mais riqueza, espremendo, esmagando por
completo aqueles que produzem.
O esmagamento dos salários, não e, como dizem, destinado a
obter uma competitividade maior, em nome do acesso aos mercados; é, isso sim, uma
forma de obter lucros cada vez maiores e a crise, construída por alguns, é um
pretexto para esse esmagamento.
Muitos dos que falam da crise, muitos iluminados que
continuam a apoiar as estratégias egoístas dos agentes políticos do neoliberalismo,
deveriam ler este livro. Poucas vezes se demonstrou de forma tão clara que a
crise convém a determinadas pessoas, os donos da economia mundial. O seu poder
e a sua riqueza fundam-se sobre a miséria da maioria. Mas esta, tantas vezes
cega, deixa-se conduzir rumo à exploração total.
Esta realidade dramática, tantas vezes ocultada pelos
poderosos e alimentada pela cegueira voluntária de milhões, deixa, no entanto,
muito espaço livre neste livro para que o autor nos delicie com episódios
deliciosos de momentos passados com grandes nomes da Literatura, como José
Saramago, Pablo Neruda, etc.
Mas o que fica deste livro é a ideia de que as palavras de
Sepúlveda não são só as palavras da arte de bem escrever; são, acima de tudo,
as palavras da resistência e da luta por um mundo mais justo; são as palavras
de Allende, de Neruda, de Saramago.
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