Em jeito de conversa com o leitor, Mário de Carvalho exibe uma escrita agradável, descontraída, divertida mesmo.
A história é extremamente simples: um casal em processo de divórcio (Bárbara e Arnaldo) divide pacificamente os bens mas era preciso decidir quem ficava com a tartaruga porque nenhum deles a queria. O destino do animal é assim a maior incerteza deste enredo. O que acontecerá à pobre e solitária tartaruga?
O destino do pequeno réptil constitui assim uma bela metáfora da vida.
Esta situação, tão simples e ingénua é o ponto de partida para uma história divertida, que nos é contada de forma muito agradável. O estilo algo barroco de Mário de Carvalho, brincando com as palavras, mostra que nem sempre é necessário um enredo muito elaborado para prender a atenção do leitor.
Iniciada a leitura, dificilmente se consegue interromper, tão agradável ela se torna.
Que incríveis problemas podem acontecer a quem apenas quer dar destino a uma tartaruga! A vida é feita de coisas tão fortuitas, tão banais e ao mesmo tempo tão decisivas para o curso do destino! Este livro não fala de coisas prodigiosas; fala de coisas simples que acontecem na vida de pessoas simples. Tudo nos soa tão familiar que nos faz ler o livro com um sorriso permanente. Porque a nossa vida não é mais do que o destino de uma tartaruga presa num aquário, debatendo-se contra paredes de vidro, à espera que algo ou alguém nos conceda a liberdade.
2 comentários:
Acabei de ler este mesmo livro há poucos dias e também gostei bastante. Nunca tinha lido nada de Mário de Carvalho e foi uma agradável surpresa. Gostei sobretudo da escrita limpa e irónica.
Boas leituras :)
Gosto muito da escrita de Mário de Carvalho e est' "A Arte de Morrer Longe" proporciona leitura deliciosamente sarcástica.
O post estimulou a releitura!
Bom feriado.
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