Sinopse:
Passado na Pensilvânia, num cenário de grande beleza mas
economicamente destruído, é um livro sobre a perda do sonho americano e do
desespero - bem como da amizade, lealdade e amor - que dela advêm.
Esta é a história de dois rapazes ligados à cidade pela família, responsabilidade, inércia e beleza, que sonham com um futuro para além das fábricas e das casas abandonadas. Isaac English é deixado a tomar conta do pai depois do suicídio da mãe e de a irmã ter fugido para a universidade de Yale. Quando finalmente decide partir, acompanhado pelo seu melhor amigo, o temperamental Billy Poe, antiga estrela do futebol do liceu, são apanhados num terrível acto de violência que muda as suas vidas para sempre. Ferrugem Americana, evocativa dos romances de Steinbeck, leva-nos ao coração da América contemporânea num momento de profunda inquietação e incerteza quanto ao futuro. Trata-se de um romance negro mas lúcido e comovente, acerca da desolação que se bate com o nosso desejo de transcendência e acerca da capacidade salvadora do amor e da amizade.
Esta é a história de dois rapazes ligados à cidade pela família, responsabilidade, inércia e beleza, que sonham com um futuro para além das fábricas e das casas abandonadas. Isaac English é deixado a tomar conta do pai depois do suicídio da mãe e de a irmã ter fugido para a universidade de Yale. Quando finalmente decide partir, acompanhado pelo seu melhor amigo, o temperamental Billy Poe, antiga estrela do futebol do liceu, são apanhados num terrível acto de violência que muda as suas vidas para sempre. Ferrugem Americana, evocativa dos romances de Steinbeck, leva-nos ao coração da América contemporânea num momento de profunda inquietação e incerteza quanto ao futuro. Trata-se de um romance negro mas lúcido e comovente, acerca da desolação que se bate com o nosso desejo de transcendência e acerca da capacidade salvadora do amor e da amizade.
Comentário:
Na capa desta edição da Bertrand deparamos com uma citação do
jornal Washington Post segundo a qual este livro segue a tradição de Hemingway
e McCarthy. De facto, pode haver aqui algo da solidão de O Velho e o Mar ou algum tom distópico a lembrar A Estrada, no entanto, a meu ver, o que
mais se destaca neste livro é o realismo de Steinbeck em Ratos e Homens ou na miserável saga da família Jude em As Vinhas da Ira, numa estória onde é nítida
a influência de Jack Kerouac em Pela
Estrada Fora.
Seja como for, este livro é a prova acabada de como é possível
escrever um grande livro sem fugir à influência dos grandes mestres. O que Philipp
Meyer fez aqui foi uma magnífica homenagem aos grandes génios da literatura dos
Estados Unidos da América, plasmando aqui as suas grandes virtudes, nomeadamente
a humanidade das suas descrições, nas situações mais pungentes do sofrimento humano
e, ao mesmo tempo, uma espécie de grito de revolta perante uma sociedade cada
vez mais desumanizada.
Está aqui todo o sentido crítico da grande literatura norte-americana,
toda a arte de descrever e desmascarar as situações de exploração humana.
Confesso que quando vi este livro pela primeira vez pensei: “mais
uma distopia; está na moda”. Mas isto não é uma distopia; não é uma visão
escatológica da humanidade ou da sociedade americana; é uma descrição e uma
reflexão profunda sobre a América atual. Uma América corroída pela ferrugem da
crise económica, social e moral, mas também uma América perdida numa crise de identidade
de valores que põe em causa todo o velho mito do sonho americano.
É genial neste livro a identificação das raízes da
criminalidade e das injustiças sociais que lhe estão associadas; uma sociedade
corrompida pelo neoliberalismo, uma justiça ofuscada pela aparência de um rigor
implacável e, finalmente, uma ausência de esperança que manieta todos os velhos
sonhos.
Mesmo assim, o final do livro deixa-nos um agradável sabor a
esperança; uma certa crença na bondade natural do ser humano que as estruturas
económicas e políticas teimam em deixar reservada à solidariedade entre os mais
pobres e injustiçados.
3 comentários:
Ferrugem Americana de Philipp Meyer - é realmente um belíssimo livro. Realmente recuei a John Steinbeck.
Às vezes temos destas agradáveis surpresas, principalmente quando não estamos nada a contar, ainda aqui há tempos li um livro absolutamente desconhecido mas que é uma autêntica pérola e que vos aconselho vivamente, não sei se ainda se encontrará por aí à venda, no ano passado vi-o (na Feira do Livro de Lisboa de 2013) naquelas prateleiras dos saldos a € 5 - "DOMÍNIOS DA NOITE" de William Gay.
Olá Manuel
Vejo que gostaste imenso deste livro. Pessoalmente, foi um daqueles livros que li sem saber qualificar verdadeiramente.
É interessante a tua análise, mas continuo a não sentir as reais influências de Steinbeck neste livro. Mais Kerouac, sem dúvida..
As personagens de Steinbeck caracterizam-se, sobretudo, pela força de espírito e, na minha opinião, as personagens deste livro são maioritariamente dominadas por um medo quase incapacitante!
Como já disse uma vez, é daqueles livros que quanto mais penso nele, mais aspectos bons encontro mas não me convenceu totalmente.
Boas leituras e espero que este seja o ano em que apostas no Abelaira ;)
Boas leituras!
Já ouvi falar desse livro, SEVE. Livros do Brasil, creio.
Obrigado por mais essa sugestão.
Realmente, Denise, as personagens de Steinbeck são mais fortes. Mas o que me fez lembrar esse escritor imortal foi a dimensão social e humana, a sensibilidade para com o ser humano que cai em desgraça por culpa de um sistema em crise. Mas tens razão, há aqui mais Kerouac.
Caramba, ando a esquecer-me do Abelaira. Vai ter de ser em breve
Abraços
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