segunda-feira, 30 de março de 2015

Mia Couto, voz da Terra


Mia Couto é poesia sem rima, é voz da Terra, sabor do Mar, alma de um povo inteiro.
Mia Couto é a força de uma Terra onde o sentimento resvala nas armas mas sobrevive e se fortalece na dor. É o mensageiro de uma Terra pintada de sangue mas perfumada pelo canto cristalino das sereias no Oceano Índico.
Mas Mia Couto é também o porta-voz da Alma, o cantor do gemido dolorido mas quase musical que emana do peito das gentes; a sua escrita é melodiosa, triste umas vezes, outras cheia daquele humor ingénuo das gentes de África.
E, acima de tudo, a voz de Mia é a voz do génio. Ele é, na minha opinião, o melhor escritor vivo de ficção de língua portuguesa. Ele é a prova viva de que os poetas têm razão: a nossa Pátria é a Língua portuguesa e muito mais é o que nos une do que aquilo que nos separa. Moçambique é da nossa Alma; muito sangue e muitas lágrimas nos uniram no passado e foi em português que sempre choramos as mesmas desgraças. Um fado que nenhuma união europeia ou aliança americana poderão contrariar.
Mia Couto pode não ganhar o Man Booker Prize. Mas para nós já ganhou.
Já ganhaste, irmão!

9 comentários:

teresa dias disse...

Que belo texto!
Concordo 100% contigo. Mia Couto já é o vencedor.
Bjs.

José Passarinho disse...

Sim! D. Sofia e os senhores Amado e Saramago hão-de estar de acordo, com a licença do mestre Antunes. E esta é uma língua tão bela que nos permite até ondjakiar! ;)

Olinda Melo disse...


Perfeito!
:)
Olinda

susemad disse...

Bonitas palavras estas que dedicas a Mia Couto. Gostei muito.
Sim, Mia Couto é cor, terra, cheiro, poesia, palavras inventadas e com sabor a sonho.
Foi bom ter sido nomeado. Se não ganhar, para nós será sempre o Mia Couto que tanto nos dá.
Boas leituras, Manuel!

Miss Smile disse...

Uma homnagem muito bonita a um irmão e a um escritor que faz magia com as palavras.

Miss Smile disse...

* homenagem

Unknown disse...

Obrigado, amigos.

José, o mestre Antunes foi durante muito tempo o meu favorito mas ultimamente a versatilidade de Mia Couto tem-me agradado mais. Acho que ALA se tornou um pouco monocórdico.
Quanto a Ondjaki, acho que, juntamente com o Mário de Carvalho, Mia Couto e ALA constituem os quatro ases da literatura de língua portuguesa atual. Com todo o respeito por outras opiniões, obviamente.E sem esquecer outros génios que por aí há...

Catarina disse...

Adoro Mia Couto. Já o vi no lançamento de um dos seus livros. E tenho uma foto com ele! : ))

Unknown disse...

É quase perfeito, este escritor. Se tivesse de lhe procurar um defeito, depois de muito pensar, diria que algumas das suas obras podiam ser um pouco mais desenvolvidas...às vezes "sabe a pouco"