sábado, 7 de agosto de 2010

O Homem do País Azul - Manuel Alegre

Constituído por dez pequenos contos, O Homem do País Azul foi publicado pela primeira vez em 1989, 15 anos após o 25 de Abril. Na escrita de Alegre estão ainda bem patentes as memórias da luta contra o fascismo, a guerra colonial e o exílio. Mas como é peculiar na prosa do maior poeta português da actualidade, a escrita torna-se uma viagem ao interior de si mesmo, deixando bem vincadas várias marcas autobiográficas. Assim, o primeiro conto, que dá título à obra é uma reflexão sentida e profunda sobre o exílio de Alegre durante a ditadura. A questão essencial é esta: pode uma causa individual substituir e anular um ideal de liberdade individual? Manuel Alegre, um herói da liberdade, fala-nos de um revolucionário enigmático, Vladimir, que é o símbolo da liberdade individual e, ao mesmo tempo, universal. Ele é a síntese da liberdade, a voz da esperança, a voz de Abril.
Em todos os contos parece haver um denominador comum: a procura incessante do destino humano, de um sentido para as lutas interiores e exteriores que todos os seres humanos empreendem nesse desafio a que chamamos vida; como se todos procurássemos uma pedra, como o personagem do conto “A Pedra”, um simples calhau, uma lápide ou um padrão das descobertas onde um nome se revelasse. Mas, como o herói do conto, muitas vezes acabamos por encontrar, após esforços desmedidos, nomes escritos ao contrário, no outro lado da pedra. Alegre explica: é que “todos os nomes estão escritos no avesso de uma pedra virada para o esquecimento”. Talvez o sentido esteja sempre escondido do outro lado.
Um outro denominador comum na escrita de Alegre é a fuga ao conformismo. No conto “A grande subversão” estabelece-se um curioso paralelo entre a rotina de uma família burguesa e a cadência monótona do conformismo perante o regime salazarista. Os rituais domésticos (da infância de Alegre?) pareciam marcar o ritmo triste e monótono dos dias da ditadura. Até que um gesto, uma fuga, um movimento de desordem criassem o caos da libertação. 

7 comentários:

susemad disse...

Mais um autor que nunca li nada da sua prosa, pois a poética até conheço qualquer coisa. :) Este parece-me ser bastante interessante, para conhecer melhor este país que demorou tantos anos a sair da ditadura e agora nem sabe muito bem o que é a liberdade.

Unknown disse...

tons de azul:
é pequenino, baratinho, lindo lindo lindo e chama-se... "A TERCEIRA ROSA". Duvido que gostes. Por outras palavras: tenho a certeza que vais adorar. A Terceira Rosa é, na minha opinião, o melhor de M. Alegre. Uma história de amor capaz de arrasar corações dos 8 aos 88 (pelo menos).

Paula disse...

Pronto, também vou comprar/ler :P
(a terceira rosa é uma história linda)

susemad disse...

Vou anotar, Manuel! Até porque sei que uma amiga o tem numa das suas prateleiras. ;) Obrigada.

Anónimo disse...

Olá, Exelentissimo Senhor Manuel Alegre, eu sou uma jovem que em Lingua Portuguesa escolheu um dos seus livros para cumprir o contrato de leitura deste segundo período. Escolhi então O Homem do País Azul,será que poderia ajudar-me a realizar uma melhor ficha te leitura fornecendo-me algumas informações sobre o livro como a editora, o local e a data? Caso seja possivel pode contactar-me através do meu blog http://joaninhacancela.blogspot.com.
Peço desculpa pelo incomodo, agradecia a sua disponibilidade.
Cumprimentos J.C.

Anónimo disse...

Olá, Exelentissimo Senhor Manuel Alegre, eu sou uma jovem que em Lingua Portuguesa escolheu um dos seus livros para cumprir o contrato de leitura deste segundo período. Escolhi então O Homem do País Azul,será que poderia ajudar-me a realizar uma melhor ficha te leitura fornecendo-me algumas informações sobre o livro como a editora, o local e a data? Caso seja possivel pode contactar-me através do meu e-mail tiagoa.gouveia@gmail.com .
Peço desculpa pelo incomodo, agradecia a sua disponibilidade.

Anónimo disse...

Ajudem me a escolher um conto para apresentar a turma do homem do país azul