Lidas as primeiras setenta páginas deste livro, devo dizer
que estou surpreendido. É verdade; mesmo já tendo lido sete livros deste
escritor, a escrita de ALA ainda me surpreende!
Por vezes acusa-se Lobo Antunes de ser um escritor pouco
versátil. Ainda há algum tempo li algures um comentário afirmando que ALA é
pouco criativo, insistindo no mesmo estilo e no mesmo tom sombrio. Quem assim pensa
e escreve talvez não tenha lido As Naus.
Trata-se de uma obra que se destaca, em termos formais, pela
simples beleza da escrita a que poderíamos chamar, com algum abuso, “neo-barroca”.
É uma escrita que prima pela beleza das letras e dos sons, que nos convida a
ler em voz alta, sentindo a melodia, o perfume da poesia escrita em prosa.
Por outro lado, este livro é original pela temática:
envolvendo personagens dos Descobrimentos e do Império em pleno século XX. Uma interessantíssima
miscelânea histórica.
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