Sinopse
Tertuliano Máximo Afonso,
professor de História no ensino secundário, «vive só e aborrece-se», «esteve
casado e não se lembra do que o levou ao matrimónio, divorciou-se e agora não
quer nem lembrar-se dos motivos por que se separou», à cadeira de História
«vê-a ele desde há muito tempo como uma fadiga sem sentido e um começo sem
fim».
Uma noite, em casa, ao rever um filme na televisão, «levantou-se da cadeira, ajoelhou-se diante do televisor, a cara tão perto do ecrã quanto lhe permitia a visão, Sou eu, disse, e outra vez sentiu que se lhe eriçavam os pelos do corpo»...
Depois desta inesperada descoberta, de um homem exatamente igual a si, Tertuliano Máximo Afonso, o que vive só e se aborrece, parte à descoberta desse outro homem. A empolgante história dessa busca, as surpreendentes circunstâncias do encontro, o seu dramático desfecho, constituem o corpo deste novo romance de José Saramago.
O Homem Duplicado é sem dúvida um dos romances mais originais e mais fortes do autor de Memorial do Convento.
Uma noite, em casa, ao rever um filme na televisão, «levantou-se da cadeira, ajoelhou-se diante do televisor, a cara tão perto do ecrã quanto lhe permitia a visão, Sou eu, disse, e outra vez sentiu que se lhe eriçavam os pelos do corpo»...
Depois desta inesperada descoberta, de um homem exatamente igual a si, Tertuliano Máximo Afonso, o que vive só e se aborrece, parte à descoberta desse outro homem. A empolgante história dessa busca, as surpreendentes circunstâncias do encontro, o seu dramático desfecho, constituem o corpo deste novo romance de José Saramago.
O Homem Duplicado é sem dúvida um dos romances mais originais e mais fortes do autor de Memorial do Convento.
Comentário:
O Homem Duplicado é um dos livros mais surpreendentes de
José Saramago. As primeiras páginas dificilmente deixam antever essa surpresa
que o enredo nos reserva, tanto mais que, publicado em 2002, este romance
parece, à primeira vista, limitar-se a seguir um certo trilho delineado por
Saramago nos seus livros anteriores. Na verdade, este herói, Tertuliano Máximo
Afonso, professor de história, parece seguir as pisadas de heróis anteriores,
todos eles solitários de meia-idade: Cipriano Algor em A Caverna (2000), o Sr.
José de Todos os Nomes (1997), ou o Revisor Raimundo, da História do Cerco de
Lisboa (1989). No entanto, as semelhanças acabam aí. A imaginação na criação de
um enredo fantástico faz deste livro um desafio à paciência do leitor, que não
descansa enquanto não descobre como há de terminar uma história destas.
Tertuliano, professor de história solitário e dedicado,
entretém os seus dias com a leitura de um livro sobre os assírios barbudos do
século XII a.C. quando faz uma descoberta terrível: ao ver um filme com que
tentava combater a solidão, descobre um ator secundário que é seu sósia. Mas
tão sósia que nem a mãe os distinguiria. A vida de Tertuliano nunca mais será a
mesma; a sua ambição será, de forma desesperada, encontrar o ator, o seu
duplicado.
As peripécias em que se envolve tornam-se hilariantes e nem
as mulheres dos duplicados escaparão às confusões destas duplas obras da
criação.
No entanto, no meio deste enredo aparentemente apenas
divertido, escondem-se temas bem profundos e muito queridos s Saramago, como a
procura da identidade. Tertuliano descobre que apenas é a metade do seu ser.
Tudo se passa como se o ator Daniel Santa-Clara (assim era o seu nome
artístico) fosse outra metade que Tertuliano, afinal, descobre não possuir.
Solidão – imaginação –loucura. Onde estarão os limites?
Tertuliano é um homem só. Nem o Senso Comum, com quem conversa regularmente, o
acompanhará até ao fim na busca da sua identidade incerta; será esse o caminho
para a loucura ou apenas para o reencontro com ele próprio?
Em suma, este é, em minha opinião, um livro fascinante. Um
romance completo, onde não falta nenhum dos ingredientes com que são feitas as
obras de génio: imaginação, diversão e uma visão profunda do ser humano.
8 comentários:
Olá Manuel, como sempre um excelente comentário, mas estava aqui a pensar... "estás numa maratona de Saramago??" :D
Sim, Paula, estou a começar uma maratona Saramago :)
Ah! Muito bom. Vi que "O Homem Duplicado" o impressionou. É um livro soberbo.
Boas leituras! :)
Estou a ver que andas numa de Saramago, Manuel! :)
Sei que gostei de "O Homem Duplicado", mas na altura em que o li soube-me a pouco, por ter considerado "O Duplo" de Dostoievski muito mais surpreendente!
Denise,
foi, de facto, uma boa sugestão :)
Obrigado!
Tons de azul, esse não li :( Já anotei :)
obrigado!
beijinhos
Olá!
Eu já li outros dois livros do Saramago: Ensaio Sobre a Cegueira e As Intermitências da Morte, os quais tornaram-se um dos meus livros preferidos, mas tenho que confessar que não rolou um diálogo entre mim e O Homem Duplicado.
Sabe quando terminamos um livro e facamos com a impressão de que não captamos duto o que o autor estava querendo dizer? Foi o que aconteceu comigo com esse livro. Acho que vou ter que lê-lo novamento no futuro.!
Ótima resenha!
Olá!
Eu já li outros dois livros do Saramago: Ensaio Sobre a Cegueira e As Intermitências da Morte, os quais tornaram-se um dos meus livros preferidos, mas tenho que confessar que não rolou um diálogo entre mim e O Homem Duplicado.
Sabe quando terminamos um livro e facamos com a impressão de que não captamos duto o que o autor estava querendo dizer? Foi o que aconteceu comigo com esse livro. Acho que vou ter que lê-lo novamento no futuro.!
Ótima resenha!
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