Lidos que foram 15 dos 18 romances de Saramago, mais um
livro de contos e uma peça de teatro, senti necessidade de fazer uma síntese
para memória futura; assim, deixo aqui a lista dos livros lidos com um
brevíssimo comentário em forma de tópicos.
Volto a dizer o que já escrevi
muitas vezes: não sou ninguém para fazer crítica literária e muito menos para
avaliar José Saramago; o que aqui deixo são apenas impressões pessoais das
minhas leituras. A notação reflete apenas o grau de prazer que me proporcionou a leitura.
Caim – Brincando com coisas sérias. Interessante pelo
sentido de humor; não acrescenta nada à bibliografia de Saramago. 8.2/10
Objecto Quase – Uma grande surpresa. Contos geniais.
Exercícios literários soberbos. 9.6
Levantado do Chão – Pungente, sublime, sofrido. Dói só de
ler. 9.7
O Ano da Morte de Ricardo Reis – Arte em estado puro.
Genial. Arrojado e vencedor. 9.8
Ensaio sobre a cegueira – mordaz na crítica generalizada a
este mundo de cegos. 9.6
A Jangada de Pedra – Criatividade literária e inteligência
na abordagem política. 9.6
Manual de Pintura e Caligrafia – Um “treino” para o futuro
grande Mestre. À procura de um estilo. Titubeante. 7.8
O Evangelho Segundo Jesus Cristo – Poderoso, atrevido,
corajoso. Um Cristo humano, rodeado de humanidade mas também do ódio de Deus e
do Diabo. 9.6
História do Cerco de Lisboa – Não gostei e não sei bem
porquê. Talvez porque estou formatado para abordagens mais lineares da História
de Portugal. 7.7
O Homem Duplicado – Genial. Os duplicados que há em todos
nós. Um espelho da nossa alma. Saramago no seu melhor ao nível da abordagem da
alma humana. 9.7
A Caverna – Um livro herdeiro do neorrealismo; cativante na
sensibilidade humana do Mestre. Pungente. Às vezes comovente. Um final épico.
9.8
Todos os Nomes – um enredo construído de forma genial.
Maravilhoso. 9.8
Que Farei com este Livro – Uma viagem alucinante e
humaníssima à vida de Camões. O dedo apontado ao obscurantismo que, ontem como
hoje, nos destrói a inteligência. 9.2
Ensaio Sobre a Lucidez – critica mordaz ao sistema político
mas pouco mais que isso. Um dos livros mesos poderosos de Saramago. 8.8
Memorial do Convento – Único. Épico. Comovente. Maravilhoso.
9.9
As intermitências da Morte – Uma grande diversão sobre a
morte. De como é possível rir dela. Acho que foi a rir que o Mestre morreu. Bem
haja para sempre, Mestre 9.7
Imagem daqui: http://www.hojelusofonia.com/lusofonia/jose-saramago/
17 comentários:
Grande Manuel!!!!
:D
Eh pá isso é que foi...
:)
Agora tens de ler os dois que te faltam! Não vão ficar os dois por ler!
:)
Abraço e se voltar a Saramago vou ler de acordo com a tua pontuação.
Olá Manuel, leste 16 de 18 :)
Olá Paula
refazendo as contas: aqui estão 16 livros, sendo 14 romances, uma peça de teatro (que Farei eu com Este Livro) e um livro de contos (Objeto Quase).
Em relação aos romances, na verdade, não li 3: Terra de Pecado, o primeiro, de 1947 e dois dos últimos: A Viagem do Elefante e Clarabóia (póstumo). Portanto, na verdade, li 14 de 17.
Li ainda As Pequenas Memórias que é uma crónica autobiográfica, que não está no blogue porque na altura não havia blogue :)
Excelente síntese e com o "Memorial do Convento", no topo! ;)
Olha "A viagem do elefante" eu costumo recomendar para quem quer começar a ler Saramago. ;)
Um abraço
Vou deixar a Viagem do Elefante para daqui a uns tempos para não andar por aí a gabar-me que li tudo do Saramago :) :)
O Memorial é uma obra sublime. Se fosse escrita por um inglês era um clássico da literatura mundial
(gosto de te ver por cá)
Beijinhos
Ufa! que nunca mais acabava!
Bem sabes que eu e Saramago, nunca fomos muito chegados LOL
Talvez agora ao fim de 4 anos lhe dê uma oportunidade, talvez com: "O ano da morte de Ricardo Reis" :)
Parabéns! Uma síntese excelente! Pena que a História do Cerco de Lisboa não tenha tido uma classificação que lhe fizesse jus, na minha opinião, claro!:) Mas, ainda bem que assim é, já que a discordância traz muitas vezes outras luzes. A minha leitura desse romance aproxima-o da genialidade de Levantado do Chão, Memorial do Convento, Ensaio sobre a Cegueira e de O Ano da Morte de Ricardo Reis. Que não se veja nesta enumeração qualquer preferência: a minha dificuldade está em seriá-los, porque os considero obras-primas. Fico feliz, quando, depois de ensinar Memorial do Convento a alunos do 12.º ano, conquisto leitores para os romances e outros textos de Saramago. Fico feliz, quando um aluno dessa faixa etária que, normalmente, torce o nariz ao falar-se de Saramago, abraça a leitura de um romance tão complexo como interessante que é O Ano da Morte de Ricardo Reis. Para estes alunos, ele ganha um sabor especial, uma vez que estudaram o heterónimo e agora conseguem apreciá-lo com os olhos transgressores de José Saramago.
Obrigada pelos seus comentários.
Helena Vaz Duarte
Olá Helena
eu, como professor de história e apaixonado por literatura tenho uma duple razão para adorar o Mestre. :)
Vejo que a Helena vive o ensino como eu tento viver: como uma paixão. Para nós, um aluno conquistado é uma vitória maior que o cerco de Lisboa.
Faça por continuar essa luta que eu farei o mesmo; numa altura em que tantos nos tentam destruir cabe-nos a nós, professores, afirmar as nossas paixões: os livros e os alunos.
Um abraço!
(hei de reler o Cerco de Lisboa e, quem sabe, mudar de opinião) :)
Grande Manuel.
Eu já li esses livros mas ao longo do tempo, agora de rajada?
É preciso coragem e paciência, mas Saramago é genial.
Abraço!
Achei muito interessante esta "classificação finbal" depois de ter lido, ao longo dos últimos meses, as impressões primeiras. Estou como alguém disse antes: gostei muito da História do Cerco de Lisboa, mas esse foi dos primeiros Saramagos que li. Vou pegar, quanto antes, no "Objecto quase". Culpa do Manuel Cardoso.
Só li "LEVANTADOS DO CHÃO" - épico
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS-Genial, o que mais gostei do Mestre
ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA-na altura em que o li, não gostei
TODOS OS NOMES-Só um génio tem livros assim (considerados menores)
MEMORIAL DO CONVENTO-Único. Épico. Comovente. Maravilhoso
AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE- que Mestre
O HOMEM DUPLICADO- que livro, não falaste dele Ó Manuel
A VIAGEM DO ELEFANTE-belo livro
OS CADERNOS DE LANZAROTE-"mameios" (5 livros) em meia dúzia de semanas.
O Homem Duplicado – afinal falaste
A Caverna – na altura em que o li também não me cativou
Parece que n'a Caverna discordamos mesmo. Eu adporei, pela sensibilidade com que a estória é escrita
Um grande post, Manuel, que li muito interessada, até porque ainda só li três livros de Saramago. E foram os três há muito tempo, por isso, planeio reler o Memorial.
Um dos que li foi o Cerco de Lisboa e, por acaso, também não gostei muito. Se a memória não me falha, ele pôs os cruzados a dizer "não" a Afonso Henriques, ou seja, recusaram a sua ajuda. Mas, depois, o cerco acabou por acontecer! Foi isso que me irritou, achei que ia ler uma interpretação nova da História e fiquei bastante desiludida.
Olá Cristina
eu gosto demasiado de história para suportar leituras tão criativas :) Esta espécie de criatividade faz-me lembrar a que o governo aplica nas contas públicas:)
Continuo a preferir o teu Afonso Henriques :)
Mas que elogio, Manuel. E ainda te admiras de eu gostar de vir aqui. Faz-me sempre tão bem :)
Essa da pontuação é uma das coisas que me irrita para me dizerem que não gostam de Saramago - isto é que é mesmo conversa da treta.
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