De todos eles e, evidentemente, de entre os que li, destaco quatro obras que considero, a todos os títulos, GENIAIS:
Os Mistérios de Jerusalém - Marek Halter:
por uma vez os sonhos uniram-se em Jerusalém na defesa de uma memória que, afinal de contas, une aqueles que a história separou. Jerusalém, a árvore de onde brotaram tantos ramos encerra um sonho único, fundado sobre memórias intemporais.
Brilhante!
A Questão Finkler - Howard Jacobson:
Treslove é uma espécie de retrato invertido de Finkler: ele é o gentio que quer ser judeu, que é atraído por uma certa melancolia própria da alma judaica e Finker é o judeu envergonhado, que procura no sucesso individual um certo triunfo sobre a realidade histórica em que está envolvido.
Ambos lutam contra a sua própria identidade.
Quando, finalmente, Treslove se torna judeu, encontra a angústia e a desgraça…
Enfim, um livro magnífico, talvez um dos melhores romances do século XXI. Surpreendente, divertido, magnífico.
A arte de brincar com coisas sérias.
O Cemitério de Praga - Umberto Eco:
Simonini é perverso, perigoso, traiçoeiro. Mas é também um pouco estúpido. Esta é a grande lição da obra: um homem pouco inteligente mas tremendamente perverso e impiedoso pode pôr em risco toda uma nação.
Trata-se portanto de um livro cheio de emoção onde é possível “ver” nas suas páginas grande parte da realidade política de uma Europa muito conturbada, nos finais do século, anunciando já a Primeira Guerra Mundial que marcaria o início do século XX. Nascia a Itália, mas aprofundavam-se as guerras de bastidores entre austríacos, franceses russos e ingleses.
Um dia, Fiodor Dostoievski afirmou que só a beleza pode salvar o mundo. Assim descontextualizada, esta frase torna-se vaga. Mas Abelhinha faz-nos compreender Wilde quando afirma: “ninguém gosta de ninguém mas todos gostam dos U2”. A música, a arte, a beleza, são raios de sol neste mundo a que chamam global mas onde as atrocidades persistem.
E o final do livro é outro raio de sol. A maldade persiste; a infelicidade não desaparece mas há as crianças; e com elas a esperança e a beleza nunca morrerão.
8 comentários:
Poucas vezes me emocionei tanto com um livro quanto com o "Pequena Abelha". Ótima escolha.
"O cemitério de Praga" ficou pra este ano. É sempre um prazer ler Eco.
Olá Sílvia. Às vezes, Ana F. (belo nick) :)
São dois livros memoráveis.
Boas indicações de leitura, de alguém cujo gosto eu respeito. Bom ano de 2012.
Olá Teresa
Acho que A Questão Finkler é, de todos estes, o que mais encaixa no teu perfil de leitora.
E já agora, deixa-me expressar a minha satisfação por teres voltado a apostar no teu blogue :)
Ok, vou aceitar a tua sugestão.
Fazia-me falta a escrita, sabes? Embora este ano tenha sido complicado para mim. :)
Teresa, eu sou dos que acredito que 2012 será o ano de um novo Renascimento. :)
Caro Manuel, não seria a frase da beleza que salvará o mundo por acaso de Dostoievski?
Tem razão, Vinicius; foi o grande Fiodor quem disse isso, no Discurso sobre Pushkin.
Muito obrigado pela correcção. Um abraço!
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