Sinopse
«Mais tarde, também eu arrancarei o coração do peito para o
secar como um trapo e usar limpando apenas as coisas mais estúpidas.»
Passado nos recônditos fiordes islandeses, este romance é a voz de uma menina diferente que nos conta o que sobra depois de perder a irmã gémea. Um livro de profunda delicadeza em que a disciplina da tristeza não impede uma certa redenção e o permanente assombro da beleza.
O livro mais plástico de Valter Hugo Mãe. Um livro de ver. Uma utopia de purificar a experiência difícil e maravilhosa de se estar vivo.
Passado nos recônditos fiordes islandeses, este romance é a voz de uma menina diferente que nos conta o que sobra depois de perder a irmã gémea. Um livro de profunda delicadeza em que a disciplina da tristeza não impede uma certa redenção e o permanente assombro da beleza.
O livro mais plástico de Valter Hugo Mãe. Um livro de ver. Uma utopia de purificar a experiência difícil e maravilhosa de se estar vivo.
Comentário:
Quando um escritor, para mais um autor jovem, escreve obras de
arte como O Remorso de Baltasar Serapião ou A Máquina de Fazer Espanhóis, corre
um grande risco: o de que as suas obras seguintes desiludam o leitor. Na
verdade, a expetativa de um leitor comum, quando abre pela primeira vez A
Desumanização, é alta. Os livros anteriores foram geniais; a capa do livro e a
sua apresentação são excelentes, muito atrativas e até o que vem escrito nas
abas e na contracapa, aumenta ainda mais a expetativa. É “o livro mais plástico
de Valter Hugo Mãe”, diz-se aí. Não é. Nem é (longe disso) a sua melhor obra.
Obviamente, para quem ler este livro sem conhecer os anteriores, este será um
excelente livro. Mas a mim, leitor desprevenido, dececionou-me. Esperei
demasiado de Valter Hugo. Erro meu. Devia ter partido de uma tábua rasa, em
termos de expetativas, mas era difícil.
Nada disto significa que desaconselhe a leitura; pelo
contrário. Para quem ainda não leu VHM aconselho que comece por este livro,
para depois abordar as suas verdadeiras obras-primas, que são os livros que
indiquei acima.
Por outras palavras, se não considero este livro genial, considero-o
“apenas” muito bom.
Ao longo da leitura, há alguma inquietude que VHM vai
instalando na mente de quem lê. Aparentemente, tudo é cinzento, melancólico,
triste. Uma espécie de melancolia monótona, em tons angustiados de cinzento
carregado e contínuo, feito do frio islandês e da tristeza nórdica. Sem sol,
esta tristeza poética torna-se, por vezes, cansativa. O cenário islandês parece
por vezes desnecessário; aquela tristeza é universal. Aquele desespero pela
solidão, pela miséria e pela injustiça são, infelizmente, universais.
Um elemento genial neste livro é o contraponto entre o gelo
e o fogo; os fiordes gelados e a boca silenciosa de Deus, o vulcão ameaçador e
castigador, pairando sobre a impotência humana; uma espécie de goelas do
inferno em contraste com a aridez da paisagem e a frieza dos corações
empedernidos que rodeiam Halla, a jovem a quem morreu a irmã gémea, como se lhe
tivesse morrido metade do seu ser.
Um outro aspeto interessante é o conceito de Deus; um Deus
medonho, aterrorizador. A solidão, Deus e os monstros caminham em conjunto na
vida de Halla. A solidão, os monstros e Deus constituem o lado negro da vida: a
desumanização. A desumanidade é a solidão.
10 comentários:
Comprei este livro por impulso, porque realmente tudo leva a crer que é a obra exímia de VHM, mas não. Este não é de todo o melhor de VHM.
Sim os dois livros que referes são os meus preferidos do autor, sendo "O Remorso de Baltasar Serapião" o top.
Mesmo assim também me apaixonei pela Islândia de VHM. Por toda aquela paisagem extremamente bela e ao mesmo tempo com contrastes tão tristes e desoladores.
O que sentiu também tenho sentido com alguns escritores jovens portugueses: escrevem grandes obras, ficam gravados na nossa mente como excelentes e depois tornam-se repetitivos ou menos imaginativos enquanto a crítica nos jornais coloca-os sempre nos píncaros como fossem sempre num crescendo à sombra de pérolas do passado. Depois desiludimo-nos
Não li desumanização, gostei muito do filho de mil homens também, mas começo a temer VHM e JLP.
Um escritor luso que me tem sempre mantido bem impressionado é Gonçalo M Tavares.
Olá Manuel,
Cá eu já desisti de ler o autor :P
Não sei se viste este post que coloquei no viajar a propósito de "Desumanização"
http://viajarpelaleitura.blogspot.pt/2013/10/o-vhm-convidou-mas.html
Abraço
Só li, dele, o Filho de Mil Homens. Gostei mas achei este (bastante) superior.
Olá Manuel,
Leste «Gente Independente» de Laxness? É um livro magistral e penso que quem o leu, como eu, não consegue deixar de fazer comparações ao «Desumanização» de Valter Hugo Mãe.
Contrariamente à maioria das opiniões presentes, considero-o um livro soberbo tal como «A Máquina de Fazer Espanhóis» ou outros do autor. Falamos de tal delicadeza que é a relação de gémeas e o tema da morte tratado de forma sublime com tantos arranjos exteriores como as paisagens, esse Deus furioso que dão - a meu ver - uma consistência ainda mais justa a esse tema que invoca.
Ainda não li "O Remorso de Baltasar Serapião", pelo que vejo uma falha enorme! ;)
Boas leituras!
Denise e GBC
ainda bem que há opiniões diferentes
Eu até fiquei entusiasmado com a ideia do livro, nos primeiros capítulos, mas acho que a narrativa perde ritmo e a mensagem é reforçada até à exaustão.
Condcordo com o que dizem a tonsdeazul, a Paula e o Carlos.
Parece-me que há uma certa tendência dos escritores jovens para ovedetismo.
Tenho lido várias opiniões acerca desta Desumanização, e todas elas, vão de encontro aquilo que dizes. Uma grande parte dos leitores ou parou ou teve muita dificuldade em concluir a leitura.
Não tenciono ler para já este livro, mas quero em breve ler "A máquina de fazer Espanhóis" do qual ouvido maravilhas.
Li de VHM "O Remorso de Baltazar Serapião" e também "O filho de mil homens", este último lembro-me na altura de ter lido, que era o pior livro do autor,eu gostei bastante por acaso.
Veremos quando pegar nesta Desumanização... Já sabes que sou contra Manel. LOL
Um abraço
Quando à página 50 ainda não consegui saber de que afinal fala o livro, não sei ainda que história conta (se a conta); Islândia, mas "Desumanização" fala da Islândia? Larguei à página 50, não conseguiu minimamente "agarrar-me", uma completa desilusão, sem ponta por onde lhe pegar...
Não sendo o meu favorito do autor, gostei:
http://numadeletra.com/a-desumanizacao-de-valter-hugo-mae-45689
Um abraço.
"A Desumanização" e "O Filho de Mil Homens" são os meus livros favoritos do Válter Hugo Mãe... Também gostei dos outros (só ainda não li o primeiro, "O Nosso Reino"... Também gostei muito d' "O Remorso de Baltazar Sarapião", apesar de ser demasiado forte... Gostei d' "O Apocalipse dos Trabalhadores" e também gostei d' "A Máquina de Fazer Espanhóis", embora este último que referi tenha sido aquele de que gostei um bocadinho menos... Esperava saber mais sobre o passado dele :)
Mais um excelente escritor, na linha do Peixoto, embora me sinta mais próxima do Peixoto e deste ter um cariz um pouco mais pesado....MAS PORQUE É QUE AS PESSOAS INSISTEM NOS AUTORES ESTRANGEIROS COM TÃO BONS AUTORES QUE TEMOS POR CÁ??
Abraço :)
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