Sinopse:
Um político acorda com uma bela mulher ao seu lado; um
criminoso faz uma reunião com a sua equipa; um magnata toma o pequeno-almoço
com um alto funcionário bancário. E depois três histórias nascem: uma tentativa
de suicídio, um sequestro e uma oferta pública de aquisição. Parecem ações
isoladas, sem relação umas com as outras, até que certo jornalista do Evening
Post começa a fazer perguntas e a desvendar uma conspiração bem mais ampla que
envolve todos estes elementos. Um dos mais aclamados livros de Ken Follet, cuja
narrativa se desenrola ao longo de um dia num jornal vespertino de Londres e
põe a nu com mestria as interligações entre o crime, a alta finança e o
jornalismo.
(inWook.pt)
Comentário:
Se há autor que tem galgado posições no meu top pessoal de
preferências, esse autor é Ken Follett.
O grande senhor de Os Pilares da Terra é, aos 65 anos, um
dos mais versáteis dos grandes ficcionistas contemporâneos. Poucos como Follett
exploram universos ficcionais tão distintos. Depois de ter descoberto o imenso
manancial proporcionado pelo romance histórico, Follett parece ter fixado aí o
seu foco. No entanto, ao longo da carreira navegou por vários outros universos.
E foi por isso que empreendi esta leitura com grande expetativa, tendo em conta
que se trata de uma da primeiras obras de Follett. Aliás, este livro foi
publicado em 1977 sob um pseudónimo diferente: Zachary Stone.
O caráter pioneiro deste livro fica bem patente numa abordagem
algo ingénua, de um tema muito explorado: a criminalidade da alta finança, por
oposição a uma pequena criminalidade quase desculpável e mesmo apresentada com
alguma simpatia.
No entanto, este livro, escrito por Follett aos 29 anos,
denota já alguns nítidos traços de génio:
O primeiro desses aspetos é a visão bem nítida de uma
comunicação social poderosa mas ao mesmo tempo sensível e exposta ao mundo da
grande criminalidade. Fica claro que a Comunicação Social constitui um poder extraordinário
na divulgação de factos e mesmo no desmascarar de criminosos mas, ao mesmo
tempo, ela é o alvo prioritário dos grandes malfeitores; a grande criminalidade
sabe que tem de controlar a comunicação social.
O segundo aspeto interessante desse jovem escritor de 1977 é
a análise psicológica e sociológica da pequena criminalidade, organizada em
grupos de criminosos que não passam de “peões” perante os grandes criminosos de
colarinho branco.
Globalmente, é um livro que se lê com muito agrado, uma
daquelas obras que nos faz passar uma insónia agradável mas que, mesmo assim,
nos pode explicar algo sobre o lado negro do sistema capitalista liberal; está
em causa o poder das grandes finanças mas também a falta de ética de alguns
senhores da grande finança que não hesitam em recorrer aos meios mais
criminosos para atingir os seus objetivos.
Uma nota de simpatia para esta coleção de livros de Bolso da
Bertrand, que nos permite o acesso a
excelentes obras literárias a preços bem simpáticos. É isto que faz falta em
Portugal.
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