Sinopse:
João sem Terra segue-se,
como fora anunciado, a Ricardo Coração de Leão. São dois romances independentes e nenhum deles é histórico.
Um título provocou automaticamente o outro, em nomes de altas personagens da
História – que no caso são apenas coincidências, ou nem isso. Ambos os
romances, porém, tratam de Duas Vidas Portuguesas com o seu quê de
inevitavelmente histórico, dos anos 1960 em diante. Depois de Ricardo,
jornalista lisboeta em suas aventuras amorosas e políticas, de «coração de
leão» em Portugal, conta-se aqui a história de João, jovem professor que, em
1965, partiu para Paris a escapar à guerra colonial. São vidas possíveis de uma
História que foi vivida por todos nós – cá dentro ou lá fora...
in www.presenca.pt
Decidi-me pela leitura deste livro pela magnífica promoção do site da Presença mas, acima de tudo, pelo nome do autor. Recordo-me de ler e estudar José Augusto França na universidade, na sua qualidade de historiador da arte onde é, de facto, uma enorme autoridade intelectual.
Mas se enquanto historiador a sua obra me fascina, após a leitura deste livro de ficção já não poderei dizer o mesmo em relação à sua condição de escritor de ficção.
Como este foi o primeiro livro que li de J. A. França, talvez a minha opinião venha a modificar-se no futuro, mas para já deparei com um livro algo difuso: a mensagem, ou ideia-base do livro, até é bastante interessante: a solidão do refugiado político, do exilado, vítima do regime salazarista. Este tema, tão bem desenvolvido, por exemplo, em Manuel Alegre, é aqui explanado num enredo algo pastoso, lento, pouco atrativo. Maçador, mesmo. Cheguei ao final da leitura com aquela sensação estranha e desagradável de um livro cujo enredo se poderia ter resumido a meia dúzia de páginas. Isto para já não falar de um final em estilo de dramalhão, pouco convincente e, a meu ver, um pouco forçado. As condições em que se encontrava o protagonista não me parecem suficientes para justificar tal final.
Mas pelo meio ficam também coisas interessantes, como as descrições por vezes bastante poéticas dos locais percorridos pelo protagonista, nomeadamente a cidade de Paris com todos os seus encantos e as bucólicas florestas do interior de França, esse país que foi paraíso e salvação para muitos dos que tiveram a coragem de fugir à ditadura e recusar essa bestialidade que foi a guerra colonial.
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