quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O que é um bom livro?

Às vezes dou comigo a pensar: afinal, o que é que me permite classificar um livro como excelente e outro como um fracasso, mesmo que escrito por um génio?
Há um escritor que me tem maravilhado. Já falei dele ontem aqui no blogue: Marek Halter. E foi a propósito dele que cheguei a esta conclusão: um livro que me encanta é aquele que me satisfaz em três dimensões:
- A forma como me diverte.
- A emoção que me desperta.
- O que aprendo com ele (dimensão didáctica).
Tenho Tolstoi, Cervantes e Dostoievski como escritores de eleição. E porquê? Porque me divertem, me emocionam e me ensinam.
Às vezes vejo os críticos encherem de "estrelinhas" obras verdadeiramente chatas; que não divertem ninguém. É por isso que os críticos me arreliam. No entanto, sinto que estou a ser dogmático. As três dimensões que enunciei não são critérios universais. São os meus critérios.
E fico um pouco perplexo porque muitas vezes não entendo os critérios de alguns leitores. Por isso deixo aqui a pergunta, que faço ao vento ou a quem se dignar responder-me: haverá critérios universais para avaliar um livro?

13 comentários:

WhiteLady3 disse...

O meu critério depende da expectativa que tenho sobre o livro em que pego. Não posso exigir o mesmo de um thriller e de um clássico, de um romance histórico e de um livro de fantasia. Daí que tenha vários critérios consoante o género de livro, porque o que espero da leitura também é diferente.

Mas sem dúvida de que os livros que mais aprecio são os que me divertem, me despertam sentimentos (de tal forma que por vezes acabar o livro é como se me estivesse a separar de um amigo) e que me ensinam alguma coisa, nem que seja por me darem uma visão do mundo por outros olhos.

Cristina Torrão disse...

Eu acho que não há critérios universais para avaliar um livro. A questão das emoções, que mencionaste, parece-me ser muito importante. A nível humano, quase tudo se resume a emoções, apesar de haver diferenças de pessoa para pessoa (felizmente). Uma coisa que me emocione, pode deixar outra pessoa indiferente e vice-versa.

É interessante que levantes esta questão, porque estou a ler um livro de uma qualidade literária extraordinária, mas que me deixa fria, chega mesmo a aborrecer-me, já estive para o largar. Dá-me a impressão de que foi escrito por uma máquina, depois de se lhe ter dado os ingredientes da qualidade literária, assim tipo receita.

Depois, digo no meu blogue qual é ;)

Paula disse...

Olá Manuel,
Sem dúvida serão os sentimentos que nos despertam :)
Se um livro não mexer comigo... para mim vale muito pouco!

Unknown disse...

White Lady, Cristina e Paula: parece que as nossas opiniões não se afastam muito.
Gostamos de coisas que nos digam algo, que mexam com a gente.
Mas talvez dependa muito do momento em que se lê...

Cristina, fico muito curioso para saber qual é esse livro mas já tive essa sensação algumas vezes :) Então costumo repetir uma frase que me conforta imenso: nos livros não há "vacas sagradas"

Isabel Maia disse...

O sábio Povo diz e com razão que "Cada cabeça, sua sentença". O Manuel e eu podemos estar a ler exactamente o mesmo livro e, no entanto, a sua opinião e a minha serão diferentes. Isso porque duas pessoas têm interpretações, avaliações e sentimentos diferentes quanto ao que está a ler. É impossível estandardizar critérios de avaliação para um livro como se eles fossem cães ou vacas a concurso.
Mas partilho dos critérios que usa. Para mim, um bom livro é aquele que me diz algo, que me leva para dentro da história de um modo sensorial e que me ensina algo, mesmo que seja a mais diminuta das informações.

Céu Gonçalves disse...

Os critérios universais a existirem são os mesmos que são usados para avaliar tudo o que o ser humano tende a avaliar.
Avaliação dos alunos, avaliação dos professores, a avaliação da arte, etc...
Factores subjectivos!

Unknown disse...

De acordo, Isabel. Os livros não são mercadorias e por isso é que não devemos encarar as avaliações dos críticos como algo de objectivo ou minimamente científico.
Céu, esse medo da subjectividade é algo que nasceu da revolução tecnológica do século XX e que nos cria muitas peias.

Céu Gonçalves disse...

Tem razão.
Eu apenas queria salientar: se eu gosto de um livro porque me diverte, desperta e aprendo, já estou a fazer uma escolha que tem subjacente 3 critérios subjectivos (é para mim, pode não ser para outros).
Neste sentido, estou a criar os meus próprios critérios sem que os mesmos sejam universais.
Se A, B, C,... assim escolherem, os critérios podem ser tendencialmente universais, mas antes são pessoais.
Concordo com o que disse «não há critérios universais para eleger um livro como o melhor dos melhores.

Teté disse...

Já ontem tinha lido este post e fiquei a pensar nele: será possível não sermos subjectivos, mesmo que utilizando esses ou outros critérios? Suponho que não! Até porque o estado de espírito com que lemos um livro não é sempre o mesmo, muda de dia para dia, quando se trata de anos para anos ainda mais...

De qualquer das formas suponho que a emoção contida num livro - de riso, de tristeza, de choro, de nostalgia, de aventura, de suspense, de indignação, etc. - é determinante para a leitura nos ser mais agradável ou não. Isso e a forma como o escritor escreve: por mim, adoro que me contem uma história bem contada, seja um conto de fadas, um policial ou um romance! Se de caminho aprendermos algo é uma mais-valia, mas não absolutamente essencial! Enfim, opiniões... :)

Unknown disse...

uma coisa é certa: ler é diversão; é prazer; é sonho. Pode ser pesadelo ou sonho cor de rosa, mas é sem dúvida um mundo encantado que nos afasta de toda a porcaria que por vezes nos cerca.

slayra disse...

Existe lá critério universal para alguma coisa. Existem, sim, cerca de 6 biliões de critérios para cada livro alguma vez escrito!
É certo que todos os livros nos ensinam algo, mas o que interessa mesmo é se estamos dispostos a aprender aquilo que o livro nos quer ensinar. Se não estamos, então o livro talvez não seja para nós. Ou talvez não seja a altura certa para o ler. :/

Moura Aveirense disse...

Emocionar-nos e tocar-nos bem fundo. Para mim, esse é um bom livro.

Unknown disse...

Gostei das três dimensões que você falou, acho que são válidas pra mim tmb. Já pensei muito sobre isso e sempre achei muito difícil definir o que exatamente me fazia gostar de um livro. Acho que depende do tempo, do livro, da expectativa, são vários fatores...