Às vezes dou comigo a pensar: afinal, o que é que me permite classificar um livro como excelente e outro como um fracasso, mesmo que escrito por um génio?
Há um escritor que me tem maravilhado. Já falei dele ontem aqui no blogue: Marek Halter. E foi a propósito dele que cheguei a esta conclusão: um livro que me encanta é aquele que me satisfaz em três dimensões:
- A forma como me diverte.
- A emoção que me desperta.
- O que aprendo com ele (dimensão didáctica).
Tenho Tolstoi, Cervantes e Dostoievski como escritores de eleição. E porquê? Porque me divertem, me emocionam e me ensinam.
Às vezes vejo os críticos encherem de "estrelinhas" obras verdadeiramente chatas; que não divertem ninguém. É por isso que os críticos me arreliam. No entanto, sinto que estou a ser dogmático. As três dimensões que enunciei não são critérios universais. São os meus critérios.
E fico um pouco perplexo porque muitas vezes não entendo os critérios de alguns leitores. Por isso deixo aqui a pergunta, que faço ao vento ou a quem se dignar responder-me: haverá critérios universais para avaliar um livro?
13 comentários:
O meu critério depende da expectativa que tenho sobre o livro em que pego. Não posso exigir o mesmo de um thriller e de um clássico, de um romance histórico e de um livro de fantasia. Daí que tenha vários critérios consoante o género de livro, porque o que espero da leitura também é diferente.
Mas sem dúvida de que os livros que mais aprecio são os que me divertem, me despertam sentimentos (de tal forma que por vezes acabar o livro é como se me estivesse a separar de um amigo) e que me ensinam alguma coisa, nem que seja por me darem uma visão do mundo por outros olhos.
Eu acho que não há critérios universais para avaliar um livro. A questão das emoções, que mencionaste, parece-me ser muito importante. A nível humano, quase tudo se resume a emoções, apesar de haver diferenças de pessoa para pessoa (felizmente). Uma coisa que me emocione, pode deixar outra pessoa indiferente e vice-versa.
É interessante que levantes esta questão, porque estou a ler um livro de uma qualidade literária extraordinária, mas que me deixa fria, chega mesmo a aborrecer-me, já estive para o largar. Dá-me a impressão de que foi escrito por uma máquina, depois de se lhe ter dado os ingredientes da qualidade literária, assim tipo receita.
Depois, digo no meu blogue qual é ;)
Olá Manuel,
Sem dúvida serão os sentimentos que nos despertam :)
Se um livro não mexer comigo... para mim vale muito pouco!
White Lady, Cristina e Paula: parece que as nossas opiniões não se afastam muito.
Gostamos de coisas que nos digam algo, que mexam com a gente.
Mas talvez dependa muito do momento em que se lê...
Cristina, fico muito curioso para saber qual é esse livro mas já tive essa sensação algumas vezes :) Então costumo repetir uma frase que me conforta imenso: nos livros não há "vacas sagradas"
O sábio Povo diz e com razão que "Cada cabeça, sua sentença". O Manuel e eu podemos estar a ler exactamente o mesmo livro e, no entanto, a sua opinião e a minha serão diferentes. Isso porque duas pessoas têm interpretações, avaliações e sentimentos diferentes quanto ao que está a ler. É impossível estandardizar critérios de avaliação para um livro como se eles fossem cães ou vacas a concurso.
Mas partilho dos critérios que usa. Para mim, um bom livro é aquele que me diz algo, que me leva para dentro da história de um modo sensorial e que me ensina algo, mesmo que seja a mais diminuta das informações.
Os critérios universais a existirem são os mesmos que são usados para avaliar tudo o que o ser humano tende a avaliar.
Avaliação dos alunos, avaliação dos professores, a avaliação da arte, etc...
Factores subjectivos!
De acordo, Isabel. Os livros não são mercadorias e por isso é que não devemos encarar as avaliações dos críticos como algo de objectivo ou minimamente científico.
Céu, esse medo da subjectividade é algo que nasceu da revolução tecnológica do século XX e que nos cria muitas peias.
Tem razão.
Eu apenas queria salientar: se eu gosto de um livro porque me diverte, desperta e aprendo, já estou a fazer uma escolha que tem subjacente 3 critérios subjectivos (é para mim, pode não ser para outros).
Neste sentido, estou a criar os meus próprios critérios sem que os mesmos sejam universais.
Se A, B, C,... assim escolherem, os critérios podem ser tendencialmente universais, mas antes são pessoais.
Concordo com o que disse «não há critérios universais para eleger um livro como o melhor dos melhores.
Já ontem tinha lido este post e fiquei a pensar nele: será possível não sermos subjectivos, mesmo que utilizando esses ou outros critérios? Suponho que não! Até porque o estado de espírito com que lemos um livro não é sempre o mesmo, muda de dia para dia, quando se trata de anos para anos ainda mais...
De qualquer das formas suponho que a emoção contida num livro - de riso, de tristeza, de choro, de nostalgia, de aventura, de suspense, de indignação, etc. - é determinante para a leitura nos ser mais agradável ou não. Isso e a forma como o escritor escreve: por mim, adoro que me contem uma história bem contada, seja um conto de fadas, um policial ou um romance! Se de caminho aprendermos algo é uma mais-valia, mas não absolutamente essencial! Enfim, opiniões... :)
uma coisa é certa: ler é diversão; é prazer; é sonho. Pode ser pesadelo ou sonho cor de rosa, mas é sem dúvida um mundo encantado que nos afasta de toda a porcaria que por vezes nos cerca.
Existe lá critério universal para alguma coisa. Existem, sim, cerca de 6 biliões de critérios para cada livro alguma vez escrito!
É certo que todos os livros nos ensinam algo, mas o que interessa mesmo é se estamos dispostos a aprender aquilo que o livro nos quer ensinar. Se não estamos, então o livro talvez não seja para nós. Ou talvez não seja a altura certa para o ler. :/
Emocionar-nos e tocar-nos bem fundo. Para mim, esse é um bom livro.
Gostei das três dimensões que você falou, acho que são válidas pra mim tmb. Já pensei muito sobre isso e sempre achei muito difícil definir o que exatamente me fazia gostar de um livro. Acho que depende do tempo, do livro, da expectativa, são vários fatores...
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