quinta-feira, 3 de novembro de 2011

(Re)lendo O Conde de Abranhos, de Eça de Queirós

Que Eça de Queirós era um visionário já todos nós sabemos. Recentemente, o Nuno do Página a Página, divulgou um texto de Eça que nos comparava, já no século XIX, à Grécia, como um país desgraçado. Muitos consideraram, por causa deste e doutros textos, que ao nosso grande escritor faltava patriotismo. Não! Penso que ele era realista. Dizer que Portugal é um país desgraçado não é ser anti-patriota; é ser realista. Isto era e é uma desgraça pegada.
Neste magnífico Conde de Abranhos retrata-se outras das tristes realidades portuguesas, de ontem e de hoje: os políticos incompetentes e oportunistas.
O Conde de Abranhos era uma besta. Um nabo! Um requintado ignorante! Por outras palavras, um político de sucesso.
Li este livro pela primeira vez nos verdes anos” e encarei-o na altura como uma comédia. Hojo leio-o com outros olhos: uma tragédia portuguesa. Mas uma tragédia real! Actual e perfeita.
Grande Eça, o que tu terias para escrever se viesses cá ver isto.
Imagem retirada daqui


4 comentários:

a d´almeida nunes disse...

Eça de Queirós lá tinha as suas razões. na altura. A questão é essas mesmíssimas razões justificariam que ele, se cá voltasse, escreveria da mesma forma.

Já agora, a talhe de foice:
O Crime do Padre Amaro foi escrito com base na vivência de Eça em Leiria.
Dá-se o caso de que eu, vindo de Viseu e do Porto, acabei por vir acomodar-me em Leiria. Aqui casei; a minha mulher é ainda descendente dos Paivas, um dos quais foi retratado como o Carlos da Botica. Essa botica ainda existe - Pharmácia de Leonardo da Guarda e Paiva - no Largo da Sé, em Leiria.
E ainda é da família.

Um abraço
António NUnes

Teté disse...

Ora aí está uma boa sugestão de leitura. Não gosto muito de reler livros: há tantos e tão bons ainda para ler, para quê voltar a ler os que já conhecemos o enredo? Mas como este do Eça nunca li, vou verificar se não existe na coleção quase completa dos livros dele, na estante dos livros do meu pai! :)

Unknown disse...

Olá Nunes
é bonito encontrar esses pontos de contacto com estes nossos heróis dos livros; gostei de saber essa tua costela queirosiana :)
Teté, não sei a tua idade, mas é muito provável que sejas bem mais jovem que eu :) É que com 46 anos, confesso que já não me lembro de todo o enredo de livros que li na escola... :)

NLivros disse...

OLá Manuel!

Eu digo há muito tempo que a História se repete, um pouco até como a teoria do eterno retorno de Nietzshe.

Eça observava o que nos está no sangue. Nota que no ano 100 a.C, Júlio César dizia: "Lá para a Hispânia, há um povo que não se governa nem se deixa governar". Esse povo eram os Lusitanos e nota o pormenor de como eles foram conquistados...

Está no sangue caro Manuel, não há nada a fazer.

Em todo o caso, para mim, Eça é o Mestre. Fosse ele francês ou inglês e o Mundo tinha-o como o Maior de todos os tempos.

Abraço!