O grande William Faulkner escreveu sobre este romance: “Para mim é um dos mais verdadeiros e comovedores romances do meu tempo, em qualquer língua.”
Esta opinião, vinda de quem vem, convence qualquer leitor a devorar o livro. Posso dizer que o li numa noite: 264 páginas devoradas quase sem parar. É mágico, este livrinho. Greene tem uma capacidade enorme de agarrar o leitor, de utilizar todos os aspectos da narrativa para convencer o leitor a voltar só mais uma página, depois mais uma, e só mais outra, até ao fim da leitura.
A ideia inicial do livro é bem simples e peculiar: um homem, funcionário público (Henry) é casado com Sarah. Esta não o ama. Ama Maurice. Mas este é um amor impossível, mau grado os encontros escaldantes que têm, sob os bombardeamentos de Londres na Segunda Guerra Mundial. Um dia, Henry, sabendo que é traído (não sabe por quem) põe a hipótese de contratar um detective para vigiar Sarah. Confidencia esta intenção a Maurice, de quem se tornara amigo. Henry recua na intenção mas é Maurice quem avança com a contratação do detective. E aí temos: um marido e um amante unidos na procura de um terceiro rival.
Esta situação, que podia ser cómica, levar-nos-á a um caminho inesperado; a uma busca constante do sentido do amor, de quatro destinos marcados pela paixão. Mais ainda: a vida, aos poucos, desvendada de Sarah revela os grandes dilemas do ser humano: a natureza das paixões, os caminhos, por vezes absurdos, da felicidade e a natureza do sagrado a interferir constantemente nos destinos. Este, aliás é um dos aspectos mais perturbadores do romance: o sagrado e a forma como as nossas vidas são influenciadas por ele.
O final do livro é ao mesmo tempo perturbador e encantador. O leitor, estupefacto, conclui que Greene é um enorme contador de histórias mas, acima de tudo, tem uma capacidade imensa para deixar o leitor a pensar no sentido da vida. Depois de 5 ou 6 horas de leitura ininterrupta tem de haver ainda espaço na insónia para digerir as mensagens perturbadoras e encantadores que o livro nos deixa.
Não se trata de uma obra-prima; trata-se de um livro escrito de forma simples como a vida, mas que deixa uma marca de realidade, uma marca que o leitor identifica com a sua própria vivência.
Avaliação Pessoal: 9/10
7 comentários:
Agora lembrei-me que TENHO este livro!!! oba!!
Um dos meus livros favoritos!:)
É brilhante a maneira como Greene conduz a história e nos deixa ávidos por mais. E final? Genial! Simplesmente genial!
Paula- eu tenho a certeza que vais gostar. E muito..
Deste autor só tinha lido O Consul Honorário, já há muitos anos, e também tinha gostado muito. Tenho de procurar mais livros dele.
Jojo, eu li o comentário no teu blogue. É de facto uma estória muito bem construída e com um final belíssimo. Genial mesmo.
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Não posso concordar mais, não sei como este autor nunca ganhou um Nobel! Comovente e auto biogáfico, como disse também António Lobo Antunes questionado se gostaria de escrever como algum autor Greene foi dos escolhidos!
não conhecia essa opinião de ALA mas é bem significativa :)
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