Sinopse:
O Décimo Terceiro Conto narra o encontro de duas mulheres:
Margaret, jovem, filha de um alfarrabista, biógrafa amadora, e Vida Winter,
escritora famosa, que, sentindo aproximar-se o final dos seus dias, convida a
primeira para escrever a sua biografia.
Na sua casa de campo, a escritora decide contar a verdadeira história da sua vida, revelando um passado misterioso e cheio de segredos. As duas vão partilhar vivências profundas, resgatando velhas memórias e confrontando-se com fantasmas há muito adormecidos.
Sem que pudessem inicialmente prever, acabam por entrelaçar as suas vidas de forma tão intensa, que o resultado não poderia ser outro que não uma inesquecível história de amor, amizade e solidão.
Na sua casa de campo, a escritora decide contar a verdadeira história da sua vida, revelando um passado misterioso e cheio de segredos. As duas vão partilhar vivências profundas, resgatando velhas memórias e confrontando-se com fantasmas há muito adormecidos.
Sem que pudessem inicialmente prever, acabam por entrelaçar as suas vidas de forma tão intensa, que o resultado não poderia ser outro que não uma inesquecível história de amor, amizade e solidão.
in www.presença.pt
Comentário:
Uma autora praticamente
desconhecida até agora, revela neste livro uma habilidade narrativa notável. Estamos
perante um livro com uma arquitetura muito bem estruturada, uma narrativa
complexa mas imaginativa e desenvolvida de forma original. Ao mesmo tempo,
vai-se mantendo um mistério que só se revela na última fase do livro, de forma
surpreendente. Aliás, este é o aspeto mais polémico do livro. Se, por um lado
há um certo suspense que se desfaz de forma surpreendente, por outro lado o leitor
pode sentir uma certa deceção porque esse elemento que vem desfazer o mistério
tinha sido ocultado pela autora desde o início da narração.
Desde o início é nítida a abordagem da importância da educação
por um lado e da força dos laços de sangue por outro, nos destinos individuais.
No entanto, para lá dessas duas forças parece haver algo mais, uma espécie de
força maior, algo misteriosa e inexplicável que transforma o fantástico no "acontecível".
Um dos aspetos mais notáveis deste livro é a abordagem dos limites
ténues entre a realidade e a ficção; Vida Winter, a protagonista do livro, é
uma escritora de sucesso. A sua própria vida, no entanto, acaba por
confundir-se com esse mundo ficcionado, numa interdependência constante. Se é
a vida que imita a arte, como dizia Oscar Wilde ou se, pelo contrário é a arte
a imitar a vida, ficamos sem saber e talvez seja isso o menos importante. O que
realmente é uma verdade incontornável é que a ficção e a fantasia fazem parte
da vida. Neste livro, há um fantasma; mas um fantasma real. Em vários aspetos,
a escrita de Diane Setterfield faz lembrar o realismo mágico de Garcia- Márquez
ou Isabel Allende. Mas aqui a fantasia é real e verdadeira. Acontecível, como
diria Mia Couto. Aliás esse foi outro nome que me veio à memória ao ler este
livro. A narrativa do escritor moçambicano é também marcada por esse fantástico
que emerge sempre do real, do concreto que há na vida e na mente do ser humano.
6 comentários:
Também não conhecia, gosto muito de Mia Couto e Gabriel Garcia Marquez.
Apesar do título suspeito que não é um conto mas romance. Certo?
Olá Manuel,
Gostei imenso do comentário.
Não conhecia a autora, nem o livro. A reter, sem dúvida.
Boas leituras.
Sim, Carlos, trata-se de um romance. A explicação do título é a seguinte: a escritora em causa, Vida Winter, havia escrito um livro com 13 contos. Mas retirou o 13º que só sobreviveu em alguns exemplares da primeira edição. O mistério do 13º conto é colocado em paralelo com o mistério das suas próprias origens, nomeadamente na infância com uma irmã gémea e um fantasma que não é fantasma... :)
Denise, eu também não conhecia. Foi uma boa surpresa descoberta pela Ana Nunes do clube de leitura Bertrand Braga
Descobri-o em 2012 e foi uma agradável surpresa. Realmente tem uma história que nos envolve e absorve desde as primeiras até às últimas páginas.
Voltei! ;) É que esqueci de referir de que gostei do facto da autora não esquecer nenhum personagem, porque «todos temos uma história». Assim os leitores no final não se ficam a questionar: "Mas afinal o que aconteceu com aquele personagem? Como terminou a história dele?" :)
Boas leituras!
Olá Tonsdeazul
é sempre um prazer ter-te por cá.
De facto, tens razão, não tinha reparado nesse lado "democrático" do livro :) Há sempre mais alguma coisa a descobrir num bom livro!
Beijinho
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