Eis um livro poderoso. Que personagens fortíssimas! Ao longo da leitura, que levo a meio, as personagens fazem-me lembrar O Monte dos Vendavais, pricipalmente a protagonista, uma mulher no meio do deserto sul-africano, vítima de um pai abslutamente tirano. Aí ela vai construindo a suas desesperança e a sua loucura. Uma mulher que é raiva e ódio.
A melancolia, o desencanto, fazem lembrar, ao nível do estilo, o nosso António Lobo Antunes. Coettzee é, definitivamente, um escritor do sofrimento. E este é um dos seus primeiros livros (1977). Portanto estamos perante um escritor que, em mais de 30 anos de carreira manteve este tom melancólico que ainda há poucos meses conferi no seu último êxito, Verão.
Mas não é só a melancolia e a descrença que se mantêm ao longo destes trinta e tal anos: é uma imensa qualidade literária. A escrita de Coetzee exibe uma raríssima beleza, sem recorrer a artificialismo, mantendo-se límpida e acessível.
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