segunda-feira, 13 de junho de 2011

A Mãe - Máximo Gorki

Gorki é o escritor russo que melhor faz a transição entre a monumental literatura russa de finais do século XIX e a literatura ideológica desse país no século XX.
"A Mãe" é uma história revolucionária em todos os sentidos. Talvez nunca o espírito revolucionário tenha sido expresso de uma forma tão pungente, sincera e romântica. Diria mesmo, de uma forma tão ingénua, em todo o bom sentido que este adjectivo pode ter.
Escrito e publicado em 1907, este romance descreve em pormenor a desgraça, a tristeza e a miséria em que vivia o povo russo no tempo do czar Nicolau II. É entre essa miséria que emerge um grito lancinante de revolta, o grito profundo das almas feridas que arrancará a esperança das profundezas da injustiça.
Um grupo de jovens operários desperta para as ideias bolcheviques e encara-as como a solução para pôr fim à miséria e à injustiça de que eram vítimas os operários e camponeses russos. Mas essa revolta que se sonha é encarada como um movimento universal, capaz de libertar todos os injustiçados do mundo. É nesse sentido que se trata de uma mensagem ingénua. Essa mensagem não encerra em si qualquer ambição de poder. Pelo contrário, o que se pretende é acabar com o poder como forma de opressão.
Pavel é o mais brilhante desses jovens. Mas por trás dele, ou melhor, ao lado dele emerge a força imensa de uma mulher: a sua mãe, Pelágia. Sinceramente não faço a mínima ideia de Gorki conhecia a história da Península Ibérica mas o certo é que este nome é semelhante àquele que é considerado um dos maiores guerreiros da história ibérica: Pelágio, primeiro rei das Astúrias, herói da resistência e guerra aos Muçulmanos na Reconquista Cristã. Seja como for, Pelágia é a grande guerreira, que sofre em silêncio todas as vicissitudes de uma mulher pobre na Rússia czarista: vítima da miséria mas também de um marido bêbado e violento. Até que ele morre e Pelágia passa a seguir o caminho do filho na senda da revolução.
Pelágia sente-se a mãe de todos os revolucionários; a mãe da revolução. Neste aspecto, Gorki estabelece um curioso paralelismo entre o amor maternal e uma espécie de amor universal que comanda a mente e a acção destes revolucionários; uma espécie de “amor ao próximo”, ao fim e ao cabo. Aliás é bem clara a proximidade entre este comunismo nascente e o verdadeiro espírito do cristianismo.
Esta pureza do ideal revolucionário fica bem clara nesta ideia: não devemos derramar sangue dos inimigos porque ele envenenará a terra; o nosso sangue, pelo contrário, quando derramado, purificá-la-á. No entanto a luta irá, mais tarde ou mais cedo desencadear a violência, quando o ódio vencer. E ele vencera mais tarde… dez anos após a publicação desta obra Lenine liderará, finalmente, a Revolução. E mais tarde Estaline encarregar-se-á de a manchar com todos os crimes.
Avaliação Pessoal: 9/10

9 comentários:

Anónimo disse...

Anotadinho Manuel!
Bjs.

Unknown disse...

Acho que vais gostar, Fátima. é um grande livro, cheio de sensibilidade.

Anónimo disse...

Eles fingiram e a justiça não os castiga; só nos resta assumir o posto de combate de “ A MÃE”

Tiago M. Franco disse...

É sem duvida uma grande obra.
Quanto a lê-mos percebes como vivia o povo russo e o porque da revolta contra o Czar.
Este livro também explica-nos como as revoltas populares acontecem um pouco por todo o mundo, quando as populações não têm as mínimas condições de vida é normal que se revoltem, a historia tem provado que geralmente é sempre as gerações mais jovens que o fazem, tal como neste romance.
O que é curioso é que com a leitura da obra também percebe-se o porque da queda da União Soviética, um pouco oprimido, com muito poucas condições de vida só poderia dar naquilo.

Patu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Patu disse...

Dizes ai "Escrito e publicado em 1907, este romance descreve em pormenor a desgraça, a tristeza e a miséria em que vivia o povo russo no tempo do czar Nicolau II. É entre essa miséria que emerge um grito lancinante de revolta, o grito profundo das almas feridas que arrancará a esperança das profundezas da injustiça.
Um grupo de jovens operários desperta para as ideias bolcheviques e encara-as como a solução para pôr fim à miséria e à injustiça de que eram vítimas os operários e camponeses russos. Mas essa revolta que se sonha é encarada como um movimento universal, capaz de libertar todos os injustiçados do mundo. É nesse sentido que se trata de uma mensagem ingénua. Essa mensagem não encerra em si qualquer ambição de poder. Pelo contrário, o que se pretende é acabar com o poder como forma de opressão."
Um grupo de jovens desperta para as ideias (bolcheviques) ?????
descupla-me mas em 1907 a revolução de Outubro ainda não tinha acontecido e ao escreveres (bolcheviques ) isso mostra a falta de conhecimento que tens sobre a revolução Russa porque so mais tarde depois da revolução de 1917 é que Lenin voltou do seu exilio na Suiça para a Russia formando assim os Bolcheviques que mais tarde ficarão conhecidos por Comunistas.
Depois escreves "Essa mensagem não encerra em si qualquer ambição de poder. Pelo contrário, o que se pretende é acabar com o poder como forma de opressão."
para mim isto é mais anarquismo que comunismo porque o comunismo é a dita " dictadura do proletariado" e em nada trouxe a Liberdade para o povo . Mas tambem dou-te toda a razão este é um exelente livro que deveria ser lido por todos .

Unknown disse...

meu caro, essa frase "isso mostra a falta de conhecimento que tens sobre a revolução Russa " carece de fundamento. É um insulto gratuito porque:
1- O termo bolchevique" foi usado pela primeira vez em 1903, no congresso do partido social-democrata russo.
2- O Comunismo cientifico, criado por Karl Marx em 1848 (Manifesto do Partido Comunista) defende a destruição do sistema capitalista liberal e burguês como condição essencial para a futura criação da sociedade comunista (que, assim definida, é mais um modelo social que um mero regime político).

Patu disse...

A minha intenção nâo era insultar ninguem mas sim chamar a atenção que o que esta ai escrito não condiz com o termo de liberdade que este livro fala porque toda a dotrina comunista é autoritaria .
Como referiste antes e volto a citar " Essa mensagem não encerra em si qualquer ambição de poder. Pelo contrário, o que se pretende é acabar com o poder como forma de opressão." é uma messagem que nada tem a ver com comunismo porque rejeita todo e qualquer tipo de autoridade e considera o poder opressor .
O que Karl Marx defende no " Manifesto do partido comunista " e a destruição do capitlismo liberal bla bla bla ... para o subtituir por um governo que explora os trabalhadores e o comunismo cientifico se alguma vez existiu nunca passou do papel. A prova que Marx era autoritaria foi a expulção de Mikhail Bakunin da primeira Internacional no ano de 1868 .
Seja como for este é um grande livro que vale mesmo a pena ler .

Anónimo disse...

Adoro este livro recomendo, os primeiros comunistas eram de uma pureza absurda. Diferente do que as pessoas normalmente pensam as pessoas que Maximo Gorki mostra no livro não sabiam nada sobre o comunismo cientifico, e muito menos sobre o manifesto comunista a maioria mal sabia ler e escrever, tenho para mim que apenas achavam que teriam uma liberdade total.