Ler Arturo Perez-Reverte é sempre uma experiência muito
gratificante, para quem gosta de suspense e de aventuras. E muito mais gratificante
é tratando-se de um dos primeiros romances do escritor espanhol, naquela fase
mais “ingénua”, mais pura, dos seus escritos em torno dos seus temas favoritos:
a guerra, a honra e a coragem.
Nesta obra, Reverte conta-nos uma história curiosíssima: um
grupo de soldados, voluntários e em grande parte mercenários espanhóis
alistam-se no exército de Napoleão. A sua ambição é ganhar “algum”, porque
fidelidade à causa, isso é coisa que não existe nestes castelhanos que odeiam
Napoleão, ao ponto de se referirem a ele de forma sempre depreciativa.
Na Rússia, o exército francês encontra-se às portas de
Moscovo. A situação é a mesma que serve de pano de fundo a uma grande parte da
obra de Tolstoi, Guerra e Paz. Os exércitos de Napoleão conseguem conquistar
Moscovo mas é uma vitória apenas aparente; a partir daí, inicia-se a grande
ofensiva russa e Napoleão começa a perder a guerra.
Verificando esta realidade, o contingente espanhol decide
desertar. Começam a dirigir-se para o exército russo, a fim de se entregar ao
inimigo mas Napoleão entende tudo ao contrário, convencendo-se que os espanhóis
estão a empreender uma brava ofensiva sobre os russos.
O enredo torna-se assim hilariante, com os mal-entendidos
dos franceses e a forma absurda como os espanhóis não conseguem exercer a sua
cobardia, confundidos com heróis que nem eles queriam ser.
Trata-se, portanto, de um livro sem grande fôlego literário,
ao contrário de outras obras, verdadeiramente magistrais deste escritor, mas
que se lê com imenso agrado, tão emocionante e divertido é o enredo. Sem
dúvida, um dos livros mais bem dispostos que li nos últimos tempos.
1 comentário:
Ora aí está outro autor que nunca li e já me foi recomendado várias vezes. Talvez para o ano experimente ler algum dos seus livros... :)
Continuação de boas leituras! Preferencialmente divertidas, que todos bem precisamos! :D
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