Sinopse
Nora Rute é uma personagem de romance e, ao escrever o seu
diário, vai escrevendo, no desconhecimento do que virá a seguir, o seu próprio
romance. Ao mesmo tempo, acrescenta-lhe o registo de acontecimentos e usos que
marcaram um ano (1969) desde a chegada do Homem à Lua à moda da minissaia, das
manifestações estudantis a guerras em África, aos bares e cafés de Lisboa.
Narrativa de marcada originalidade, O Diário Oculto de Nora Rute coloca os leitores no caminho irrequieto de uma jovem que desafia as regras, as de uma sociedade machista de um pai austero. Predominam as personagens que são membros da família, não só uma misteriosa tia Nanda, a prima Mé mas um quase desconhecido que parece ter conquistado, em definitivo, o amor de Nora Rute. E um primo ribatejano que lhe revelará o reverso das luzes e sombras da cidade.
Ao colocar-se na sua mente de uma forma travessa, Mário Zambujal, sem abandonar o seu estilo próprio de escrita, incorpora-o no espírito e na conduta de uma jovem que descreve no seu diário a agitação dos seus dias.
Narrativa de marcada originalidade, O Diário Oculto de Nora Rute coloca os leitores no caminho irrequieto de uma jovem que desafia as regras, as de uma sociedade machista de um pai austero. Predominam as personagens que são membros da família, não só uma misteriosa tia Nanda, a prima Mé mas um quase desconhecido que parece ter conquistado, em definitivo, o amor de Nora Rute. E um primo ribatejano que lhe revelará o reverso das luzes e sombras da cidade.
Ao colocar-se na sua mente de uma forma travessa, Mário Zambujal, sem abandonar o seu estilo próprio de escrita, incorpora-o no espírito e na conduta de uma jovem que descreve no seu diário a agitação dos seus dias.
In wook.pt
Comentário:
Está aqui toda a insustentável
leveza da escrita de Mário Zambujal. Fiel ao seu estilo ultra-objetivo, direto
e sintético, este simpático jornalista e escritor é uma das pessoas que, em
Portugal, melhor convence o leitor que ler é divertido.
Está ali todo o seu talento para
nos fazer sorrir, toda a leveza de uma crónica de (sempre) bons malandros. Está
ali também a vida como ela é, simples, mesmo que vivida sob o jugo da ditadura
e de uma falsa primavera marcelista: a vida de gente comum, mesmo quando
nascida no seio da alta burguesia. Nora Rute é filha da burguesia mas anseia,
como a maioria dos jovens daquela época, por uma sociedade mais justa e, acima
de tudo, menos sujeita aos hipócritas espartilhos morais que a ditadura e a
mentalidade mesquinha da velha geração ainda mantinham vivos.
A luta de Nora Rute não é apenas
a luta por uma felicidade pessoal mas sim por um país melhor. E é esse sentido
do social ou mesmo do “humano” que talvez se tenha perdido no tempo; e talvez
seja por isso que se vislumbra, nas entrelinhas de Zambujal, alguma melancolia,
perdida entre o humor e a leveza da sua escrita.
No entanto, se adjetivei esta
leveza como “insustentável” foi porque, no final do livro, fica esta sensação
desagradável de insatisfação pela modéstia da obra. Trata-se do diário de uma
jovem durante o ano de 1969. Foi um dos anos mais fascinantes do século XX. Em
Portugal, o fascínio da chegada à Lua ou do Woodstock foi acompanhado pela
falsa esperança da primavera marcelista e pelos indícios, ainda que ténues, de
uma mudança que se adivinhava como inevitável na História de Portugal. Mas
Mário Zambujal, para desespero do leitor, limita-se a tocar ao de leve todos
estes acontecimentos. Esta limitação é inerente ao estilo de Zambujal, bem sei,
mas o modesto leitor não deixa de pedir mais…
Um dos aspetos mais interessantes
do livro e que Zambujal poderia ter desenvolvido um pouco mais é a abordagem
que faz à alta burguesia, no papel do pai de Nora Rute, empresário ligado ao
regime mas hesitante e desconfiado em relação ao mesmo.
Enfim um livro agradável que se
lê de um fôlego, exigindo atenção máxima em virtude da escrita “económica” de
Zambujal, um livro divertido, agradável mas não se espere deste autor obras de
fundo ou reflexões para as quais ele não está, decididamente, voltado.
8 comentários:
Apesar da evidente falta de profundidade que fazes notar, não deixa de ser interessante a análise do livro e a vontade de o ler.
Boas leituras!
Apesar de o ter classificado de leve e de eu muitas vezes não preferir livros muitos leves... despertou-me curiosidade.
Denise e Carlos
às vezes as pessoas perguntam-me coisas como esta: "porque é que elogias um livro se tu próprio reconheces que não é nada de especial?"
Eu costumo responder que os livros são como as pessoas: têm sempre um lado bom e é para esse lado que devemos sempre olhar :)
Abraços
Nem mais!
;)
Pois a mim convenceu-me, pois se quisesse ler mais profundamente sobre essa época, não ia certamente escolher Mário Zambujal. Alguém mais vocacionado para a História, certamente, mas possivelmente muito mais entediante... ;)
Beijocas
Olá Manuel Cardoso,
O inicio do ano tem sido péssimo, mas a leitura tem que se leve e agradavel para combater essta tristeza, e já li 2 livros de Mário Zambujal a Dama de Espadas e Já não se escrevem cartas de amor.
É de facto uma leitura muito agradavel, gostei imenso.
Bjs
Dulce Barbosa
Teté,eu sou formado em História e precisamente por isso prefiro ler coisas leves; para coisas mais profundas temos excelentes historiadores dessa época, como Fernando Rosas, por exemplo.
Dulce,esses ainda não li, mas a Crónica dos Bons Malandros é espetacular.
qualquer livro que fale sobre a melhora de um pais, sobre o desejo de melhorar o lugar em que se vive, já é algo que deve ser lido com certeza!
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