Em posts anteriores defini como tipos de escritores (a) aqueles
que fundam as suas estórias na imaginação, construindo enredos que prendem o
leitor pela criatividade e (b) aqueles que se debruçam sobra a natureza do ser
humano na sua dimensão individual.
Penso que um terceiro tipo de escritores de ficção pode
completar esta espécie de tipologia: (c)aqueles que se debruçam sobre o homem
na sua dimensão colectiva. Refiro-me aos romances históricos e a todos os
livros que abordam a dimensão histórica, social ou política da humanidade.
Neste tipo tenho de destacar, como paradigmas máximos,
Umberto Eco e Franz Kafka.
Umberto Eco, com romances históricos monumentais, como
Baudolino, O Cemitério de Praga e, principalmente, O Nome da Rosa é, na minha
opinião, o maior mestre deste género.
Quanto a Franz Kafka foi, a meu ver, quem melhor soube
entender a submissão do ser humano à autêntica tirania do social. Em O Processo
o homem é tiranizado pela burocracia; em O Castelo e A Metamorfose pelo social;
em A Grande Muralha da China pelo poder político.
A submissão do homem às super-estruturas sociais e políticas
é também superiormente abordada pelos grandes existencialistas franceses como
Simone de Beauvoir e Albert Camus, com destaque, a meu ver, para essa
obra-prima que é O Estrangeiro. Fora do ambiente existencialista destacaria ainda
uma obra fabulosa, de Celine, Viagem ao Fim da Noite.
Em Portugal, este género é superiormente representado por
José Saramago.
Devo dizer que tenho uma especial predilecção por estes
escritores uma vez que, regra geral a sua escrita é muito interventiva
relativamente aos poderes instituídos e às desigualdades que, infelizmente, são
apanágio das sociedades humanas.
No entanto, os mestres dos mestres, aqueles que superaram os
maiores, são os que pertencem a um quarto grupo, que definirei no próximo
texto.
3 comentários:
Sou "fã" do blog dos meus livros. mas ao ler Qual o traço distintivo da genialidade? e todos os quase todos os post dos meus livros pergunto para quando um post do meu escritor de "eleição" Edyardo Mendonza.
Um Bom Natal
Aramando vicente
A razão é muito simples, meu caro Armando: ainda não li nada de Eduardo Mendonza. Mas agora que estou numa onda de autores espanhóis, pode ser uma boa ideia. Algum título que me aconselhe?
Neste momento estou a ler Rixa de gatos.Mas gostei de ler A cidade dos prodígios. Li-o quando foi desencadeada a noite branca no porto.
Barcelona na época "idêntica".
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