quarta-feira, 30 de junho de 2010

Budapeste - Chico Buarque

Há cerca de vinte e cinco anos tornei-me um profundo admirador de Chico Buarque. A sua música e as suas letras transportam o génio de uma voz sentida, espelho de alma umas vezes revoltada, outras serena mas sempre mágica.
Foi, pois, com muita curiosidade e expectativa que procurei no Chico Buarque escritor o traço de génio do Chico Buarque músico. Obviamente, não o encontrei. Ele é um músico genial, pertence ao clube dos imortais e isso, é claro, levou a que as minhas expectativas em relação ao romancista disparassem para níveis impossíveis de alcançar.
Por outras palavras, este não é um livro de génio como foi a musica da Ópera do Malandro, por exemplo. Nem podia ser porque o génio é inigualável.
Neste livro, Chico Buarque aborda a eterna questão que assola a alma humana, a procura da identidade, de uma forma muito clara e assertiva. José Costa é um escritor anónimo, que escreve para outros escritores, esses sim famosos. José Costa é o escritor sombra, a par de muitos outros. Mas aquilo que para qualquer pessoa pode parecer uma desonra (escrever algo que é publicado por outro) é, para Costa, motivo de orgulho; ele sente-se realizado ao saber que outros ganham fama e dinheiro com os seus textos. No entanto, ele vai-se diluindo nesse anonimato, como se fosse proibido de existir. José Costa é apenas uma sombra.
Por outro lado, José Costa é, como qualquer de nós, um ser múltiplo. Ninguém é uno. José Costa do Rio de Janeiro ama Vanda; Zsoze Kosta de Budapeste ama Kriska. Duas faces, duas vidas, duas identidades, um homem. Um homem talvez à procura da unicidade. Mas, como Budapeste dividida pelo Danúbio, assim Costa permanecerá dividido de si mesmo.
O final do livro é brilhante. Ao ler este pequeno romance sente-se o esforço de subir uma montanha e o prazer de alcançar o seu cume, onde se alcança uma magnifica panorâmica. Ou seja, o enredo, o ritmo narrativo nem sempre são animadores; a leitura faz-se por vezes com algum esforço. Mas o prazer de assistir a um desfecho surpreendente faz com que, decididamente, valha a pena gastar umas horas a ler este Budapeste.
Seja como for, este Chico Buarque escritor nunca ultrapassará (na minha modesta opinião) a imortalidade deste génio musical:

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A Condição Humana - André Malraux

Xangai, anos vinte do século passado. Uma cidade cosmopolita, onde se cruzam pessoas e interesses. Cidade chinesa onde persistem concessões a países ocidentais. Assim, franceses, chineses do regime de Chiang Kai-Chek, e chineses revolucionários levam ao extremo a condição humana na sua luta interminável e desesperada pelo poder.
O notável escritor e ensaísta Jorge de Sena, que prefacia e traduz esta edição da editora “Livros do Brasil”, afirma que não se é o mesmo antes e depois de se ler esta obra. De facto, trata-se de uma reflexão pungente, dramática sobre a condição humana, quando o indivíduo é confrontado com dilemas extremos, que o colocam na fronteira da morte, ao serviço de ideias com as quais identificaram o sentido das suas existências.
Nos tempos que correm, continua a ser inexplicável a forma como alguns seres humanos são conduzidos a atitudes e comportamentos radicais, aparentemente ao serviço de ideias políticas. No entanto, Malraux leva-nos a compreender que o que está em jogo nessas atitudes não é uma mera ideologia política ou uma determinada luta por convicções; é todo um sentido que se deu à existência; é um caminho que, em certas circunstâncias conduz inexoravelmente à linha ténue que separa o matar e o morrer.
Mas detenhamo-nos um pouco no enredo desta obra. Para os activistas comunistas de Xangai, a acção imediata, a revolução, é a única via possível para o socialismo. No entanto, Moscovo receia a inferioridade de forças perante o poder de Chiang Kai-Chek (Xan-Kai-Xeque nesta tradução). Para os russos, era necessário recuar estrategicamente, entregando as armas, para que a conquista do poder pelo socialismo se fizesse de forma paulatina. Mas para os guerrilheiros, a fome do povo e o seu sacrifício não se compadeciam com este recuo, que viam como capitulação. Assim deflagra a guerra civil: Chiang Kai-Chek, aliado fiel dos franceses, recorre à mais extrema violência para reprimir a revolta. Inicia-se o ciclo fechado da violência: violência, vingança, morte. A morte atrai a morte. “Fazem-se bons terroristas dos filhos dos executados”, diz Suan, um dos terroristas. É por isso que matar e morrer são coisas tão próximas: quem mata, como Tchen, já morreu um pouco. O sentido da vida aproxima-se irremediavelmente da morte.
Talvez neste ponto se encontre a melhor explicação para o “instinto” suicida dos revolucionários: quem procura o absoluto, o imortal, aproxima-se da morte, procura-a.
E quando não se acredita numa causa, acredita-se numa mulher. Porque o coração tem de comandar a vida. Diz Hemmelrich, um dos revolucionários, com ironia: “se é preciso ser sempre comido, antes por elas”.
No fundo todo o homem aspira a superar a condição humana: a ser Deus; a dominar ou influenciar; a ter poder para modificar algo. Por vezes, a violência deixa de ser apenas uma forma de vingança; é já um sentido definido da existência, uma forma de superar a condição humana. Quando Hemmelrich vê a filha e a mulher mortos e esquartejados, pensa em vingança. Mas o sentido profundo dessa atitude é o amor: “podemos matar com amor”. É a confluência entre o amor e o ódio, entre o amor e a morte, entre o concreto e a intemporalidade. A fronteira ultrapassável entre o homem e Deus.
Entretanto, o velho Giors vai fumando ópio para não pensar: “todos sofrem e cada um sofre porque pensa”. 

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sputnik, Meu Amor - Haruki Murakami

Sumine e o narrador (a quem nunca é dado nome) estão unidos pelos livros: “para nós, devorar livros era tão normal como respirar”. Numa história de solidão, os livros são o companheiro permanente para quem as encruzilhadas da vida são incontornáveis.
Sumine, a jovem escritora, Miu, a misteriosa empresária e o narrador, um professor silenciosamente apaixonado, vivem caminhos paralelos que nunca se encontram. Tocam-se por momentos fugazes e ilusórios. O resto é a vida: a angústia de uma existência com traços bem definidos mas movida por uma força invisível que os impele para longe das metas do coração. O amor que os une é também o que os separa.
Sputnik é o nome que Sumine dá a Miu, por quem se apaixonara. Sputnik significa “companheiro de viagem”. Mas é um nome absurdo. Sputnik é um satélite de metal que caminha solitário em torno da Terra. Assim é Miu em torno de Sumine – presente mas ausente. Perto, mas longe.
O Japão é talvez o país onde de forma mais evidente se digladiam o progresso tecnológico do mundo capitalista e uma tradição ancestral de humanismo e espiritualidade. Nessa disputa, o capitalismo venceu e o Japão é um país angustiado pela perda desse reduto espiritual. Os livros de Murakami são o espelho dessa angústia. A solidão invadiu o país, inavadiu as almas porque os corpos, esses, continuam a caminha juntos, mergulhados na luta pela sobrevivência.
Escritor de um talento raro, Murakami é o porta-voz da solidão. Os seus personagens pensam e sonham. Porque pensar é a estratégia humana para conciliar o que se sabe com o que não se sabe; para evitar a “colisão”. Sem pensar, só há uma forma de a evitar – sonhando, saindo da realidade.
O trauma de Miu (encarcerada numa roda gigante, vendo-se a si própria fazendo amor com um homem detestável) exprime de forma sublime a dualidade que há no ser humano: ninguém é um ser único nem uno; somos múltiplos; não há um “eu”. Ou, se há, está dividido entre “o lado de cá”, o da realidade concreta e o “lado de lá”, o do sonho, de um mundo criado por uma espécie de eu inconsciente que paira sempre sobre a nossa vida material.
Cada um de nós não é mais que um satélite solitário, gorando perpetuamente em torno da Terra. Cada um vivendo o seu “lado de cá” e a maioria de nós permanece sem saber como chegar ao “lado de lá”. Sentindo-o, por vezes sofrendo com ele, sonhando-o sem conseguir mais do que contemplá-lo, como um satélite solitário condenado a observar as estrelas.
Às vezes, no entanto, o sonho é a única coisa que vale a pena…

domingo, 20 de junho de 2010

A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón

É impressionante a força que D. Quixote continua a ter na literatura espanhola. Fermin Torres, magro e narigudo como o fidalgo de La Mancha, personifica a alma generosa do herói de Cervantes. Destemido mas algo louco, utópico mas saudavelmente positivo, persegue a verdade e a justiça, lutando contra os moinhos de vento da ditadura franquista, inimigos reais mas por vezes escondidos sob a máscara da mais terrível hipocrisia.
Daniel Sempere persegue um livro. Um livro esquecido, abandonado, de um escritor menor, perdido nos mistérios do tempo, da guerra civil e do ódio. E por trás do livro está um homem: Julian Carax, seu misterioso autor. Procurando Carax, Daniel procura-se. Envolvendo-se numa misteriosa teia de percursos sinuosos, Fermin e Daniel enfrentam uma cidade (Barcelona) feita de medo, sangue e ódio, onde as feridas do corpo e da alma são difíceis de curar. Viviam-se os tempos terríveis da Guerra Civil espanhola (1936-1939) e posterior ditadura criminosa de Franco.
Carax, como Daniel e como qualquer de nós, não é só carne e osso – é alma, fantasma, sombra, um mundo imenso de mistério que Daniel vai desvendando.
Fazendo lembrar Perez-Reverte, Zafón presenteia-nos cm uma escrita empolgante, cheia de mistério, que agarra o leitor até à última página, até um final surpreendente, maravilhoso pela simplicidade.
Toda a vida de Daniel é condicionada pela procura de Carax, pelo desvendar do mistério, de tal maneira que a sua vida se funde maravilhosamente com o enredo do livro. Vidas que se misturam, enredos que se intersectam, criando um mundo complexo de realidade e ficção, com um pano de fundo profundamente dramático: o drama da Guerra e da ditadura são descritos muitas vezes em forma de autêntico “dramalhão” que, em certas passagens, chega a impressionar pelo exagero do sangue que escorre pelas páginas, bem à maneira da alma espanhola.
Pelo meio, uma espécie de sabedoria popular povoada de humor: “Falar é de ignorantes; calar é de cobardes; ouvir é de sábios” – disse Braulio Recolons, gerente de uma casa de toucinhos.
O livro é o tema central do livro. Um livro que decide destinos. Como tantos de nós bem sabem. Um livro une vidas, separa o que Deus uniu, mata e faz viver. Carax escreveu que “há prisões piores que as palavras”. A mim, modesto leitor, depois de ler este livro, apetece-me dizer que não há melhor prisão que a dos livros.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ana Karenina - Lev Tolstoi

Nesta obra monumental, Tolstoi faz uma profunda abordagem da alma humana. A história de Ana Karenina, a esposa infiel, é apenas um pretexto para Tolstoi enunciar as suas ideias, firmes e polémicas sobre o casamento, a família, o estatuto da mulher, a estrutura social, etc. Não quer isto dizer que o enredo literário passe para segundo plano. De maneira nenhuma. Trata-se de um enredo cheio de dramas e dilemas que prendem o leitor da primeira à última página.
Ana é, como muitas mulheres, antes de mais, uma vitima de um sistema social em que o casamento nem sempre corresponde aos ditames do coração. No entanto, a grande questão que a Tolstoi aborda é esta: estes dramas resultam da falta de amor nos casais ou antes de uma concepção leviana do casamento ou ainda da incapacidade de adaptação a uma vida em família que exige dedicação quase sagrada?
No entanto, este romance constitui uma abordagem psicológica e social que extravasa em muito estes dilemas familiares. Na última fase da escrita deste livro, Tolstoi entra num período de dúvidas existenciais que o levaram a uma grave crise moral. Refugia-se na religião e abandona a família. Talvez a ficção tivesse influenciado a realidade; talvez este livro ajude a explicar tão radical decisão de L. Tolstoi.
Logo nos primeiros capítulos é nítido que a diversidade de personagens e a sua excelente caracterização leva o leitor a identificar-se obrigatoriamente por uma delas; outras, sem nunca se tornarem odiosas são, desde logo, alvo de alguma aversão (no entanto há em Tolstoi uma certa tendência para compreender sem criticar os personagens menos “simpáticos”). Seja como for, o envolvimento do leitor é sempre incontornável.
Ana é um espírito livre e rebelde, dotada de uma impressionante serenidade, inteligência e bondade.
Traída pelo marido, Dolly (cunhada de Ana) é, pelo contrário, é uma mulher marcada por uma educação feminina que a tornara passiva, ignorante, conservadora e submissa. Perante o desprezo do marido, o alegre e despreocupado Oblonski, Dolly opta pela submissão e dedicação à casa e aos filhos. Fica lançado o repto ao leitor: qual destas duas mulheres terá, para Tolstoi, um destino mais favorável? A resposta a esta pergunta, que o leitor descobre com enorme facilidade, dita a concepção que Tolstoi tem do caminho para a felicidade familiar.
Dolly, após a infidelidade do marido, que a traíra com uma preceptora inglesa, continua desconfiada de novas traições. Foge ao sofrimento desprezando o marido e desprezando-se a si própria. Perante uma desilusão, o ser humano põe em causa o outro mas, acima de tudo, põe-se em causa a si próprio – o caminho mais fácil e tentador é o auto-desprezo; é o abandono à anulação do eu. E Dolly só supera este sofrimento com uma dedicação extrema aos filhos e com a rejeição de sonhos românticos.
Sobre o casamento, afirma Tolstoi: “cometer o erro para depois repará-lo: eis o caminho”. Só o amor pode perturbar essa paz e essa felicidade tranquila. Parece clara a opinião de Tolstoi sobre o amor: muitas vezes, o amor romântico é um obstáculo à paz interior e, consequentemente, à felicidade.
O tempo de Tolstoi (finais do século XIX) foi uma época complicada.
Viviam-se os primeiros tempos do fim da servidão rural mas a libertação dos servos nem sempre era cumprida pelos grandes proprietários. Na Europa nasciam e divulgavam-se as ideias socialistas, que preconizavam a Revolução que deveria conduzir a uma sociedade justa e sem classes. Nicolau é um socialista que sonha com a sociedade ideal. No entanto, é um desiludido. Embriaga-se e vive como um vagabundo. Tolstoi, grande defensor dos direitos dos mais pobres, mostra-se assim pouco crente na opção socialista.
Também a crítica social está sempre presente: nos salões da alta sociedade reina, como sempre, a maledicência.
Alexei (o marido de Ana) desconfia de esposa, depois toma conhecimento de todas as suas aventuras mas a sua grande preocupação é sempre a aparência perante as convenções sociais. Perante o “crime” de Ana, o propósito de Alexei é claro e cruel: “O importante é que eu não sofra e que eles não sejam felizes” (…) “Que ela seja desgraçada, eu não”… o cúmulo da crueldade humana…
O marido enganado transforma o amor em ódio. A curta distancia entre o amor e o ódio! O perdão é apenas uma fachada!
Ana sofre uma verdadeira tortura moral: sentimento de culpa e medo do futuro. Ana está convencida que “não poderia ter sido de outra forma”. Este conformismo, esta falta de capacidade de luta e reacção impede-a de ser feliz.
Tolstoi exalta com firmeza a vida no campo: Levine é um personagem interessantíssimo. Vive encantado com a vida no campo, que o autor descreve com laivos da literatura romântica. Levine é, durante grande parte do enredo, o russo rural e feliz.
É também o exemplo do grande proprietário moderno e justo: vive numa relação próxima com os camponeses, manifestando-se contra a servidão.
Levine representa também o guardião da nobreza russa: que valoriza a terra, o património dos antepassados. No entanto, a maioria dos nobres do seu tempo prefere a cidade, deixando desbaratar esse património.
Mas nem o casamento nem a vida bucólica do campo são suficientes para a felicidade plena. Levine continua à procura do sentido da vida. Não acredita na religião mas reconhece que fora dela não encontra respostas. Os que se afastam da religião acabam por se dedicar as coisas que nada lhes dizem, como a evolução das espécies e outras coisas das ciências.
O ser racional vive para a barriga. Mas não deve ser assim. “Devemos viver para a verdade; para Deus”. A inteligência é orgulho e malícia. É uma fraude.
Acredita numa fé em deus que está acima de qualquer dogma, de qualquer igreja.
Conclui acreditar numa religião universal, numa Consciência Superior, que se baseia em Deus e na bondade, não nas igrejas e nos dogmas.
Kitty é outra personagem central nesta obra. Ela representa a mulher feliz, que soube ultrapassar os dramas do amor, construindo um caminho sereno, de calma e tranquilidade, sem o fogo das paixões avassaladoras que a fizeram sofrer na juventude. É um exemplo de bondade e generosidade. Há em Tolstoi uma certa associação de ideias entre a generosidade, a alegria e a saúde. A cura de Kitty parece ter-se dado por isso: pela bondade, alegria e amor, graças a Varienka (que se revela grande amiga, desprendida, dedicada aos outros) e ao pai, um espírito positivo e pragmático. Aqui nota-se o afastamento de Tolstoi em relação à literatura romântica: foge claramente ao culto do amor sofrido.
Talvez o âmago da obra seja este: haverá culpa? Haverá erro? Não havendo erro, não deveria haver culpa! Mas porque é que a maioria das pessoas só se preocupa com a atribuição de culpa?
As personagens agem de maneiras diversas, evidenciando personalidades distintas mas tudo se passa como se cada uma delas obedecesse a uma lógica própria, tendo cada uma delas a sua razão. A grande “frieza” de Tolstoi nesta análise psicológica permite concluir que a “culpa” é algo de subjectivo. Perante um acontecimento dramático todos têm a sua lógica e todos os comportamentos são justificados e legitimados. Isto, por um lado, desculpabiliza todos os personagens. Mas, por outro, manifesta o egoísmo do ser humano que, incapaz de compreender o sofrimento do outro, apenas procura justificar a sua própria posição.
Um dos aspectos mais perturbadores nesta história é a falta de preocupação com os sentimentos de Ana por parte dos dois homens (Alexei e Vronski). Esse egoísmo parece ser o maior problema de todos os seres humanos, essa incapacidade de entender o outro.

domingo, 13 de junho de 2010

Guerra e Paz - Lev Tolstoi

Karaguin, Bolkonski, Bezukhov, Mikailovna, Rostov, são cinco famílias de onde Tolstoi parte para uma das maiores aventuras literárias alguma vez empreendida.
Isto não é um romance; nem um tratado filosófico; também não é um livro de história. É uma mistura genial de tudo isso.
Mil e oitocentas páginas distribuídas por quatro volumes, com uma excelente tradução da Editorial Presença percorrem os anos das guerras Napoleónicas no Leste europeu. Nas duas capitais da Rússia (Sampertersburgo e Moscovo), as personagens vêem as suas vidas afectadas de forma mais ou menos indelével pela guerra, sem que isso impeça os dramas, alegrias e tristezas do quotidiano.
A guerra desenrola-se nas altas esferas da sociedade, entre imperadores ambiciosos, generais oportunistas e oficiais interesseiros. Os soldados, esses, são os peões, a “carne para canhão” que emana do povo, desse povo russo heróico e miserável.
Um dos primeiros aspectos que impressiona nesta obra é a imensa capacidade de descrição! Até hoje só tinha lido um escritor com capacidade para fazer descrições tão pormenorizadas sem maçar o leitor: Flaubert. Mas Tolstoi supera-o. O melhor adjectivo que encontro para definir essa capacidade descritiva é cinematográfico! O leitor vê o que Tolstoi descreve. Impressionante. Um dos melhores exemplos é como ele compara o movimento do exército a um grande relógio. Ocupa uma página com essa descrição, de forma magnífica.
O segundo aspecto relevante, que o leitor sente logo nas primeiras páginas é a critica deliciosamente subtil à sociedade da época, com personagens-tipo: o rico e rabujento Bolkonski, o pedante e rastejante Vassili, a descarada e “pé-rapado” Anna Mikailovna, o cabeça no ar Anatole, o romântico e sonhador Rostov, o, arrivista e oportunista Boris, etc. Neste domínio, destaque para a crítica ao papel social da mulher, relegada para um estatuto quase decorativo. A mulher não tem educação escolar, e apenas se realiza com o casamento. Este é ditado pelas normas sociais, pela conveniência e quase nunca pelo sentimento. Revela, sem dúvida, uma concepção algo tradicionalista da mulher: valoriza o seu papel como mãe e doméstica. No entanto, há um certo encantamento pela capacidade que certas mulheres têm para ouvir os homens e apoia-los. A mulher virtuosa não se preocupa com o visual nem com o social, nem como “seduzir” o marido, como defendiam as pessoas “inteligentes”, sobretudo francesas. A esposa perfeita “assumia o papel de escrava do marido”.
Elogia sempre a família tradicional – “o homem com duas mulheres é como quem almoça duas vezes: pode obter mais prazer mas provavelmente não digerirá nenhuma delas”.
O quadro perfeito da vida familiar: os homens discutem negócios, assuntos militares e da governação, as mulheres bordam e servem os seus maridos, as crianças imitam os adultos nas suas brincadeiras.
O amor constrói-se em torno dos filhos e da casa. As grandes paixões são nefastas porque levam ao sofrimento.
Na primeira fase do romance, Tolstoi descreve-nos uma sociedade russa parecia dominada pela cegueira. Boris representa aquela juventude que adora Napoleão, mesmo em guerra com ele. Nikolai Rostov chega a defender a necessidade de não ter espírito crítico: “se começarmos a fazer juízos sobre tudo e a raciocinar, nada haverá de sagrado”.
Boris foi o primeiro a descobrir que a inteligência e a bravura não são o mais importante no exército e na sociedade mas sim a bajulação aos superiores. Ele prefere a capital (Petersburgo) onde pode conviver com a alta sociedade.
Ainda no aspecto social, realce para a ausência da burguesia, numa época em que noutros países já se afirmava a sociedade burguesa fruto da industrialização e do liberalismo. A alta sociedade russa é dominada por terratenentes ainda agrarrados à servidão, já abolida no ocidente há muito tempo.
Interessantíssima a figura de Pierre: aparentemente sem personalidade, ingénuo e às vezes bêbado, no início da obra admira Napoleão e é feliz. Mas ao longo dos volumes Pierre vai deambulando na incerteza da sua própria personalidade, na procura incessante de um sentido para a vida.
Pierre é um homem sem respostas; um homem atormentado pelas dúvidas sobre o sentido da sua vida. A maçonaria surge como a fonte dessas respostas. Pierre, um homem puro, acredita que só com essa pureza pode compreender a Fé.
Mais tarde, Pierre tenta dedicar-se às terras: Tolstoi critica frontalmente a servidão. Pierre decide começar a libertar os seus servos e encontra nesse serviço aos pobres uma fonte de felicidade. Pierre volta a sentir-se realizado e personalizado. No entanto, as incertezas voltarão. Parece ser esta a sina de um homem que questiona o mundo, que não se satisfaz com a vida aparente que a maioria cultiva. E até ao fim do romance, Tolstoi presenteia-nos com uma estória riquíssima, a de Pierre, com experiências de vida incríveis, simbolizando todas as estratégias que o ser humano procura para, tão simplesmente, encontrar essa paz a que chamamos felicidade.
Outro traço característico da escrita de Tolstoi é uma intensa religiosidade, por vezes mesmo apologética, mas independente da chamada religião institucional. Ele advoga a necessidade vital da religião, da fé, mas não da Igreja ou dos dogmas: uma religião pura, que pratique o amor ao próximo e a bondade. Andrei, às portas da morte experimenta um conceito totalmente espiritual de Amor: um amor sem objecto; um amor que é apenas amor; “amar Deus em todas as suas manifestações” é amar sem objecto nem objectivo – simplesmente, amar! Essa é a essência da alma que permite amar o inimigo. É o amor divino.
Também sempre presente em Tolstoi, a crítica aos políticos e militares russos, excessivamente preocupados com os salamaleques, os protocolos, as condecorações, as aparências (como toda a sociedade russa) e incompetentes no campo militar. Aí, a bravura de alguns (Bagration, Denissov, Andrei…) e a inteligência de outros (Kutuzov) não consegue compensar a incompetência de tantos (a maioria) preocupados com a carreira e as aparências.
Em relação à guerra, Tolstoi desmascara a desinformação que reinava na sociedade russa: os relatos da guerra são sempre subjectivos, falseados e exagerados. É essa a “verdade” que circula na Rússia: em vez das derrotas e misérias circulam os boatos de feitos heróicos, as gabarolices e as notícias de condecorações.
Destaca-se sempre uma grande simpatia pelos soldados, a gente do povo. Esses são os que morrem. Os que não interessam aos generais e políticos.
Na guerra, Tolstoi descreve com incrível realismo todas as misérias por que passa o exército russo; os soldados, esfomeados, recorrem a ervas perigosas para se alimentar. As aldeias prussianas eram pilhadas constantemente, tanto por franceses como por russos.
Descreve com pormenor a vida miserável dos soldados e um “hospital” com condições absurdamente desumanas.
Curiosamente em Tolstoi todas as personagens parecem ter um lado bom, humano, principalmente os jovens: a maior parte deles são ingénuos, sem ideias, por vezes “ocos” mas sempre com algo de positivo na alma e abertos à espiritualidade.
Por exemplo, num acto de bravura, Nikolai Rostov captura um oficial francês. No entanto, reage com uma certa nostalgia, mesmo tristeza. É o lado desumano da guerra que o apoquenta: na verdade, os franceses eram seres humanos.
A família Rostov é o retrato da bondade, da simpatia e de todos os valores humanos que levam o leitor a desejar um final feliz para personagens tão cativantes como a bela Natacha, a infeliz Sónia, o valente e bom Nikolai, o pequeno e feliz Pétia. Mas a vida nem sempre se compadece com a bondade…
Os Rostov são o símbolo da união familiar. Tolstoi nunca abandona este lado moralista em que a família, desprovida de interesses sociais e ambições desmedidas permanece como um reduto e um pilar fundamental da sociedade.
Mas o lado mais profundo desta obra encontra-se nas intensas reflexões com que Tolstoi povoa o romance.
Uma das questões que mais o preocupa, e para a qual acaba por não encontrar resposta, é esta: porque é que aconteceu a guerra?
As causas da guerra são tantas que não são nenhumas; é errada a ideia dos historiadores de tentarem identificar este ou aquele facto como causa principal da guerra. “O acontecimento deu-se apenas porque sim”. Há dois lados na vida de qualquer homem – a vida pessoal e a vida “de enxame”, em que o homem apenas cumpre leis prescritas. Esta é uma espécie de vida inconsciente e colectiva; é a História! O Rei, esse, é escravo da História. O próprio Napoleão era empurrado pela História, por uma vaga de fundo difícil de identificar mas impossível de suster: “Nos acontecimentos históricos, os assim chamados “grandes homens” são etiquetas que dão o nome aos acontecimentos”.

No inverno de 1812 Napoleão será derrotado, perante um exército inferior e com generais inexperientes. Causas: o inverno russo e o ódio que Napoleão despertara no povo russo. Os historiadores russos dizem que a vitória se deveu ao génio de Pfull, ou de Tolly, ou de Alexandre, que atraíram os franceses para o interior da Rússia. Os historiadores franceses, pelo contrário, dizem que Napoleão sentiu o perigo da campanha, o perigo de estender a linha de avanço e teria evitado confrontos. A verdade é que nenhuma destas versões está correcta. Nem os russos queriam atrair os franceses (confrontaram-nos sempre) nem Napoleão tinha qualquer receio de avançar, evitando confrontos. Napoleão não previu o perigo de Moscovo. O recuo das tropas russas não foi estratégico! Deu-se quase por acaso: Bagration recusa-se a aproximar-se do alemão Tolly, seu superior, que detestava. Alexandre, com demasiados conselheiros, não consegue unir os 2 exércitos, que recuam.
Esta critica aos historiadores é uma constante ao longo da obra. Tolstói estava muito à frente do seu tempo, até na análise histórica – a História só relatará a verdade quando não se limitar aos grandes homens (só no século XX esta verdade haveria de ser praticada, pela chamada História Nova, da escola francesa).
Sobre as guerras: Se a guerra se fizesse para expandir a civilização e o bem estar dos povos, seria um contra-senso, porque elas envolvem mortes e destruição de riquezas. Os livros e a ciência fariam isso muito melhor. No entanto, porque é que acontecem as guerras? Por acaso. Porque sim. E os génios aproveitam o acaso.
Esta análise histórica revela já uma crítica ao positivismo lógico (teoria fundada por Augusto Compte que defendia a extrema cientificidade da análise história): a nova ciência derrotou a antiga que se baseava no poder da divindade; mas imita-a, substituindo Deus pelos grandes homens. Mas não são os grandes homens que movem a História; são os movimentos dos povos; e a História não dá resposta à grande questão: o que faz mover os povos? O que provoca as ondas de fundo?
Alguns historiadores dizem que a história não é movida por um homem porque eles são fruto dos acontecimentos. Mas param a meio do caminho porque caem sempre no determinismo da acção desses líderes.
Porque é que isto acontece? Porque os historiadores também são homens grandes: se a história fosse escrita por comerciantes ou soldados dir-se-ia que os comerciantes e os soldados eram os construtores da história.
A História não se escreverá correctamente enquanto não for escrita a história de todos os homens! Porque só aí se encontra a força que faz mover a História.
Fica clara a visão “avançada” de Tolstoi sobre a análise histórica. No entanto, em minha opinião acaba também por cair num certo dogmatismo que impediu de ter em conta determinadas realidades:
1-      As vagas de fundo, como ele lhes chama, são provocadas por uma soma de vontades individuais – desde o soldado ao comerciante, do camponês ao intelectual, todos têm vontades, embora todas elas diferentes! Ora, por vezes, há objectivos comuns que servem diferentes vontades. É nesse momento que se dão os grandes movimentos da História. Pergunta Tolstoi, aparentemente sem resposta: porque é que os franceses desataram a matar-se uns aos outros a partir de 1789? Obviamente não foi só pela vontade dos homens grandes; é que cada um dos franceses tinha os seus motivos, as suas vontades e a violência servia essas vontades: o servo de matar o senhor, o ateu matar o padre, o comerciante matar o cobrador de impostos, etc. Todos estavam unidos por um objectivo: expressar o ódio por aqueles que consideravam opressores.
2-      Tolstoi parece esquecer que os grandes homens movimentam e manipulam vontades, logo, há toda a legitimidade em destacar o seu papel. Os milhares de soldados que matam outros milhares fizeram-no por vontade própria ou pela vontade de Napoleão ou Alexandre?

Obviamente, estas minhas observações à análise histórica de Tolstoi não impedem que considere esta obra como uma das mais majestosas e brilhantes alguma vez escrita.
Sem dúvida, uma obra genial.


*Imagens retiradas de http://pt.wikipedia.org
(em cima, Alexandre I, Czar da Rússia e Napoleão Bonaparte)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Rapaz do Pijama às Riscas - John Boyne


Nunca ninguém me há-de convencer que se fala demasiado do Holocausto Nazi. Relembrar estas situações, em que a maldade humana foi levada um extremo inimaginável, será sempre, a meu ver, uma necessidade. Para que a memória ainda possa evitar que a loucura de alguns seres humanos atinja estas proporções...
A insanidade nazi provocou situações que, sem dúvida, serão sempre terreno fértil para escritores e cineastas. Infelizmente, na maior parte dos casos encaminhou-se esta base histórica para a exploração fácil da violência nos ecrans e até nos livros. Mas não tem de ser assim. Recentemente, O Leitor foi um exemplo magnífico de como ainda é possível fazer leituras profundamente humanas e ver perspectivas novas no contexto do Holocausto. E este é mais um exemplo.

O que este livro tem de mais interessante é, na minha opinião, o de nos mostrar o lado dos alemães na guerra. O nosso herói, Bruno, de nove anos, é filho do comandante de Auschwitz (Acho-Vil no dizer ingénuo da criança). O pai é um dos favoritos de Hitler, o Fuher (O Fúria para Bruno) e tenta esconder do jovem tudo o que se está a passar relativamente ao extermínio dos judeus. Assim, é por si próprio, nas suas explorações infantis, nas suas brincadeiras ingénuas que Bruno se vai aproximando da terrível verdade que o rodeia.
Shamuel nada sabe porque nada lhe dizem, mas quem será realmente ignorante? A criança a quem nada se diz ou todos aqueles que julgam ser detentores das verdades absolutas e nada sabem dos outros, dos que consideram inferiores? A pior ignorância não será a que vem disfarçada de verdades inabaláveis?
No campo da morte, junto à vedação que ele conhece pelo lado de fora, é Shamuel, o amigo do pijama às riscas que o vai acompanhar nessa horrível descoberta. Mas os dois meninos vivem mundos diametralmente opostos. No entanto, algo de monstruoso os irá encaminhar para um destino comum.
Bruno é a criança inocente que, como tantas outras, é vista pelos adultos como um ser menor. E quantos de nós, adultos não caímos tantas vezes neste mesmo erro, de considerar a criança como um ser inferior, que não precisa de saber a verdade das coisas, de quem se pode esconder tudo?! Tanta ingenuidade, a nossa. A criança não é um adulto incompleto; e que bom seria se nós próprios conseguíssemos apreender de vez esta ideia.
Junto à vedação, Bruno inveja Shamuel porque embora enclausurado, tem muitos amigos. Bruno, o menino rico, protegido e a quem nada falta é o menino infeliz e solitário. Mais um “recado” para nós: o que damos nós às nossas crianças? Dinheiro e mentiras?
Gostava ainda de chamar a atenção para o final do livro. Considero-o absolutamente genial. Genial na forma como é construído, com um contexto de suspense que prende o leitor até ao fim mas também com uma carga simbólica extraordinária. Um final dramático e belo ao mesmo tempo. Porque na mais profunda tristeza também há beleza.
Um livro genial. A par de O Leitor, trata-se de um dos melhores romances escritos nos últimos anos sobre este tema (infelizmente) sempre actual. 

sábado, 5 de junho de 2010

Tobias e o Anjo - Susanna Tamaro

Nas primeiras páginas, Susanna Tamaro parte-nos o coração com a infelicidade de alma da pequena Marta, de oito anos. Mas em breve é também o leitor que vai encontrando a paz…
Talvez a cegonha se tenha enganado, pensava Marta. Talvez eles, aqueles pais que berravam e se agrediam, simplesmente não fossem os seus… as discussões soavam-lhe como os ruídos do lixo.
Foi o avô quem ensinou Marta a ouvir o som das coisas; sim, porque todas as coisas têm a sua linguagem e a sua música. E essa linguagem, a das coisas, soava-lhe sempre melhor que a dos humanos excepto o avô. O avô era o seu único elo de ligação ao estranho mundo dos humanos.
Aprendera que há palavras negras, palavras aranhas, palavras escorpiões…. Pelo contrário, as palavras do avô eram palavras-chave que abriam portas. As portas do sonho.
Abandonada pelos pais que se ausentam depois de uma discussão, afastada misteriosamente do avô, Marta parte à procura do seu destino. Persegue-o entre as falas das árvores, as palavras doces dos animais. Os sons que a rodeiam são sempre doces e tristes; falam-lhe de chamas que a todo o momento se extinguem; esperanças que morrem ao nascer.
Mas até no fundo do poço da vida há um anjo!
Há sempre o anjo branco que não precisamos de procurar; o anjo que surge de dentro para fora no momento em que o escutamos.
E Marta, como todos nós, pode um dia adormecer nos braços do anjo. Porque o invisível também é real..-

quinta-feira, 3 de junho de 2010

João Aguiar R.I.P.

Faleceu hoje o autor daquele que considero o melhor romance histórico alguma vez escrito em Portugal: A Voz dos Deuses.
Editado em 1984, li-o por volta de 1990. Ao contrário do que aconteceu com muitos outros livros, vinte anos não foram suficientes para eliminar da minha memória algumas impressões que hoje quero parilhar convosco.
A Vos dos Deuses narra a história de Viriato, mítico herói português da ocupação romana do território Lusitano.
Nesse livro, João Aguiar dá-nos a imagem de um herói de carne e osso, um homem que encarnava o carácter português antes de Portugal. Os Lusitanos não são descritos como heróis do passado apenas. Todo o contexto da narrativa caminha para a caracterização do ser português, com as suas crenças, as suas qualidades e defeitos.
O Viriato de João Aguiar é o português que não desiste, corajoso até ao fim, perante a avassaladora presença do exército romano. É a imagem da perseverança, da crença, do espírito de sacrifício e capacidade de sofrimento que caracterizam a alma lusa.
Por outro lado, este romance teve o mérito de lembrar aos portugueses que o nosso passado não se resume à epopeia dos descobrimentos; as nossas raízes encontram-se num mundo bem mais distante, um mundo pré-cristão, dos povos sucessores da tradição céltica, com crenças herdadas da mitologia nórdica e centro-europeia.
Mas Viriato não é apresentado como o tradicional herói supra-humano. É um ser humano com todas as limitações e defeitos que tal condição implica. Nem a sua missão era qualquer causa superior, para além da defesa da honra e da terra. Da alma, talvez.

terça-feira, 1 de junho de 2010

A melhor leitura do mês

Foi um mês pouco produtivo... apenas três livros; no entanto, esta é uma obra de génio, que conquistou um lugar de honra na História da literatura mundial.



A minha classificação: 8,5 em 10