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domingo, 14 de dezembro de 2014

A Chave de Salomão - José Rodrigues dos Santos


Comentário:
Dos livros que já li do autor, este é, na minha opinião, o menos bem conseguido. Isto deve-se, essencialmente, a um menor ajuste entre a componente de divulgação cientifica e o enredo ficcional. Principalmente na primeira metade do livro o leitor tem dificuldade  em  ligar esses dois vetores e as explicações cientificas parecem surgir um pouco desajustadas em relação ao enredo. No final do livro, o ensaio de uma teoria do tudo parece-me algo forçada. Se décadas de esforço dos mais conceituados físicos não conseguiram chegar a tal teoria é pouco credível que um chefe da CIA consiga tal feito; ainda mais baseado num pressuposto demasiado incrível: o da consciência do Universo que acabaria por desempenhar o papel do tal "observador" capaz de criar o real através do processo de transformação das ondas em partículas e assim explicar a unificação do quântico com o nível macroscópico.
Pela positiva, há que destacar, mais uma vez,um enredo empolgante, com incerteza até final, se bem que marcado pelos habituais clichés deste tipo de literatura: o herói que aparece no último segundo quando a heroína está prestes a ser sacrificada, assim como o inevitável desfecho romântico.
Mas, ainda assim, subsiste o lado mais positivo dos livros de JRS: a divulgação cientifica, com explicações simples de problemas tão complexos como a eterna luta pela conciliação da física clássica com a física quântica. Personagens históricas tão magníficas como Niils Bohr e Albert Einstein são aqui apresentados de forma muito pedagógica e mostrando-nos mesmo um lado humano de génios como Einstein que também eram capazes de se enganar. Pelo meio, merece  também destaque a  explicação, muito simples e eficaz, desse fenómeno que foi a descoberta do campo de Higgs, tão importante para a física contemporânea.   Há alguns anos  atrás todos ouvimos falar do Bosão de Higgs, a Partícula de Deus, criadora da matéria resultante do Big Bang, que JRS  aqui nos explica de forma muito clara.
Em suma, este livro resume bem os segredos do sucesso de JRS, com os seus melhores méritos mas deixa indícios de algum "empolgamento" que ameaça levar longe demais este perigoso equilíbrio entre ficção e ciência.

Sinopse:
O corpo de Frank Bellamy, o director de Tecnologia da CIA, é descoberto no CERN, em Genebra, na altura em que os cientistas procuram o bosão de Higgs, também conhecido por Partícula de Deus. Entre os dedos da vítima é encontrada uma mensagem incriminatória. 
The Key: Tomás Noronha
A mensagem torna Tomás Noronha o principal suspeito do homicídio. Depressa o historiador português se vê na mira da CIA, que lança assassinos no seu encalço, e percebe que, se quiser sobreviver, terá de deslindar o crime e provar a sua inocência. 
Ou morrer a tentar. 
Começa assim uma busca que o conduzirá às mais surpreendentes descobertas científicas alguma vez feitas. 
Será que a alma existe?
O que acontece quando morremos?
O que é a realidade?
Com esta empolgante aventura que arrasta o leitor para o perturbador mundo da consciência e da natureza mais profunda do real, José Rodrigues dos Santos volta a afirmar-se como o grande mestre do mistério. Apesar de ser uma obra de ficção, A Chave de Salomão usa informação científica genuína para desvendar as espantosas ligações entre a mente, a matéria e o enigma da existência.
Sinopse in www.wook.pt

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A Fórmula de Deus - José Rodrigues dos Santos

Comentário:
Aquilo de que não gostei neste livro resume-se a muito pouco: algum exagero nas explicações científicas, por vezes repetitivas, redundantes mesmo. Esse aspeto retira alguma fluidez à leitura e pode desagradar a leitores mais desejosos de um ritmo narrativo rápido. Mas fica por aqui a minha crítica negativa.
O que de positivo posso dizer é muito mais significativo. Sem tirar  interesse às aventuras de Tomás Noronha, JRS oferece-nos um presente notável: uma obra de divulgação cientifica riquíssima, a fazer lembrar o grande e saudoso Carl Sagan. O livro tem 570 páginas mas só consigo fazer uma pequeníssima ideia dos milhares de páginas que o autor leu para compor esta obra. 
Tudo começa com uma enigmática conversa entre Einstein e o antigo primeiro ministro israelita Ben Gurion. Dessa conversa resultou a elaboração, pelo génio da ciência, de um documento cientifico que, na interpretação dos espiões norte-americanos e, mais tarde, dos serviços secretos iranianos, de um plano para uma bomba atómica potente e acessível. Lentamente, ao longo do livro, JRS vai dando pistas para que o leitor vá descobrindo que o conteúdo do tal documento é bem diferente. No entanto, é o "nosso" Tomás Noronha que se vê "emparedado" entre americanos e iranianos. 
Pelo meio fica um admirável passeio pelos mais diversos aspetos da evolução do conhecimento cientifico no século XX pós-Einstein, especificamente no domínio da Física. 
Paralelamente, o autor oferece-nos interessantes reflexões sobre a natureza do pensamento religioso e suas relações, sempre explosivas, com o poder político.
Depressa a obsessão pelas armas nucleares vai dando lugar a uma outra obsessão da humanidade: a existência de Deus perante a validade sempre relativa do conhecimento científico. O interesse do livro atinge o clímax quando o leitor é levado a constatar das fronteiras tão ténues entre a física e a metafísica ou, em última análise, entre a ciência e a religião. A aceitação de um Deus criador não está, afinal, tão distante da realidade da própria ciência.
O final do livro, embora não tenha agradado a muitos dos aficionados da escrita de JRS é, a meu ver, belíssimo. A mensagem final tem tanto de surpreendente como de genial pela forma como o leitor é levado a reflectir sobre questões tão fundamentais como a existência de Deus, a origem, os limites e o futuro do Universo e da humanidade.
Em jeito de conclusão: não sendo um génio de criação literária, José Rodrigues dos Santos compensa essa lacuna com um imenso trabalho de preparação e elaboração das suas obras, ao mesmo tempo que revela um certo talento na gestão do "suspense" que imprime ao enredo, levando o leitor a uma certa avidez na leitura. 

Sinopse:
Nas escadarias do Museu Egípcio em pleno Cairo, Tomás Noronha é abordado por uma desconhecida. Chama-se Ariana Pakravan, é iraniana e traz consigo a cópia de um documento inédito, um velho manuscrito com um estranho título e um poema enigmático.
O inesperado encontro lança Tomás numa empolgante aventura, colocando-o na rota da crise nuclear com o Irão e da mais importante descoberta jamais efectuada por Albert Einstein, um achado que o conduz ao maior de todos os mistérios: a prova científica da existência de Deus.
Uma história de amor, uma intriga de traição, uma perseguição implacável, uma busca espiritual que nos leva à mais espantosa revelação mística de todos os tempos.
Baseada nas últimas e mais avançadas descobertas científicas nos campos da física, da cosmologia e da matemática, A Fórmula de Deus transporta-nos numa surpreendente viagem até às origens do tempo, à essência do universo e o sentido da vida.
in www.wook.pt

terça-feira, 29 de julho de 2014

O Anjo Branco - José Rodrigues dos Santos


Comentário:
Deixei passar alguns anos até ler um livro de José Rodrigues dos Santos. Por várias razões. A primeira delas terá sido a minha desconfiança em relação a sucessos fáceis. Pouco são os grandes escritores que obtêm sucesso imediato como aconteceu com este jornalista. Podia até ser uma moda mas, passados vários anos, ele continua a dominar os tops e as razões para esse sucesso devem ser alvo de reflexão.
Na música convencionou-se chamar "pimba" à musica popular de sucesso fácil. No entanto, o que se passa com JRS  é muito mais do que um sucesso pimba. Há motivos concretos que explicam o fenómeno. E um desses motivos é, seguramente, que ele escreve muito bem. A sua linguagem é extremamente visual, objetiva e ao mesmo tempo pessoal,como se dialogasse com o leitor. Fácil, sim, mas a facilidade de leitura também é uma virtude dos grandes escritores. Os herméticos, os que escrevem "para dentro" não obtêm sucesso comercial mas também dificilmente caem na categoria de grandes escritores. Isto porque a literatura de ficção, como já escrevi várias vezes, tem de ser diversão e os grandes escritores têm de ser consagrados pelo público que deve ser, sempre, o grande júri.
De entre todos os livros de Rodrigues dos Santos, escolhi este como o primeiro a ler, por duas razões; porque se debruça sobre um tema que me fascina (a guerra colonial) e porque se baseia em factos reais, mais exatamente na história de vida do pai do autor, um médico piloto em Moçambique, durante a guerra.
O formação jornalística do autor confere-lhe um rigor histórico e uma objetividade na análise que fazem deste livro, também, um testemunho histórico.
Mantendo uma perspetiva paternalista, típica de Salazar, Portugal procurou basear o colonialismo num conceito de superioridade civilizacional, justificando a tirania com o beneficio dos povos considerados naturalmente inferiores. Com esta contradição, o Portugal colonial entrou num beco sem saída que acarretaria consequências trágicas para ambos os lados: é que o paternalismo teoricamente civilizador esquecera sempre as reais necessidades da população nativa, de tal maneira que o incontestável crescimento económico das colónias se traduziu, apenas, no enriquecimento do colonizador. Assim, a população local, atrofiada pela exploração, perseguida pela PIDE e pelas autoridades coloniais, mais tarde ou mais cedo, haveriam de recorrer à violência. Em 1961 desencadeia-se a guerra colonial que levaria ao fim do regime fascista e do colonialismo. Pelo meio ficou uma das maiores tragédias e um dos maiores erros da história de Portugal. 
Normalmente os portugueses queixavam-se de não conseguirem distinguir o terrorista do indígena neutro ou até aliado. E isso explica os massacres, como o de Wiriyamu, que o pai de JRS viria a denunciar - se não os consegues distinguir, mata-os a todos e resolves o problema. Em linguagem militar, os soldados portugueses descreviam essas acções de chacina coletiva como "limpeza".
Ao longo do livro não faltam também os "clichés", como a paixão do jovem soldado branco pela bela nativa, até ao herói que desativa a bomba fatal hesitando entre o fio azul e o fio vermelho, à boa maneira de Hollywood. Mas é precisamente esta simplicidade, esta objetividade que garante o sucesso de vendas - aqui tudo é simples, linear e realista. Se não aconteceu exatamente assim, poderia ter acontecido...

Sinopse:
Baseando-se em factos reais, José Rodrigues dos Santos traz-nos desta vez uma obra sobre Moçambique, os portugueses, a guerra colonial e, sobretudo sobre o mais aterrador segredo de Portugal no Ultramar. A vida de José Branco mudou no dia em que entrou naquela aldeia perdida no coração de África e se deparou com o terrível segredo. O médico tinha ido viver na década de 1960 para Moçambique, onde, confrontado com inúmeros problemas sanitários, teve uma ideia revolucionária: criar o Serviço Médico Aéreo. No seu pequeno avião, José cruza diariamente um vasto território para levar ajuda aos recantos mais longínquos da província. O seu trabalho depressa atrai as atenções e o médico que chega do céu vestido de branco transforma-se numa lenda no mato.Mas a guerra colonial rebenta e um dia, no decurso de mais uma missão sanitária, José cruza-se com aquele que se vai tornar o mais aterrador segredo de Portugal no Ultramar. Inspirado em factos reais e desfilando uma galeria de personagens digna de uma grande produção, "O Anjo Branco" afirma-se como o mais pujante romance jamais publicado sobre a Guerra Colonial – e, acima de tudo, sobre os últimos anos da presença portuguesa em África. José Rodrigues dos Santos, dando prova da sua já conhecida e reconhecida capacidade de renovação constante, continua a surpreender. Com efeito, no seu novo romance, adopta um registo mais intimista e revela outra faceta aos seus muitos leitores, numa atitude de desassombro e coragem que não deixará de empolgar e até emocionar. Este é um livro que todos os portugueses sentirão como muito próximo – pelas experiências, pelos acontecimentos narrados, pela repercussão dos factos.
in www.fnac.pt