sábado, 27 de setembro de 2014

A Tragédia de Fidel Castro - João Cerqueira


Comentário:
Às vezes aparecem surpresas assim; se há um mérito maior neste livro é o de ser completamente diferente de tudo quanto se publicou até hoje. Colocar frente a frente D. Afonso Henriques e Fidel Castro não é tarefa fácil. Mas com a ajuda de uma (i)lógica surrealista e com muita imaginação, João Cerqueira lá levou a água ao seu moinho, com criatividade e com muito humor. Criatividade, humor e sátira são as palavras-chave desta obra. 
E inteligência, já agora, porque escrever um livro assim implicou certamente muito trabalho das células cinzentas. A sátira é o principal objectivo da escrita deste livro. Obviamente, ele tem de ser lido com total desprendimento, sem preconceitos nem partidarismos ou qualquer outra forma de apriorismos; a maneira como a sátira incide sobre tão diversos quadrantes como comunismo, capitalismo, cristianismo e todos os “ismos” que se possam imaginar, faz com que todo e qualquer pré-conceito seja obstáculo a uma boa aceitação do livro. 
Em termos de estilo, não restam dúvidas que há aqui uma base surrealista; várias passagens do livro fizeram-me lembrar o nosso fantástico Mário de Carvalho, principalmente naquelas obras em que toca assuntos relacionados com a História de Portugal. Parece-me nítida esta influência, direta ou indireta, assim como a desse grande mestre do surrealismo literário que foi Boris Vian. 
Numa época em que está tão na moda a literatura de fantasia não se pense que este livro é mais um exemplar da literatura fantástica; o que aqui está é realidade; é um comunismo tornado utópico, um capitalismo selvagem e opressor, uma história e uma mentalidade portuguesas atuais e passadas, numa mescla por vezes difícil de compreender mas que constitui, sem dúvida, um testemunho bem criativo daquilo que é, simplesmente, Portugal. E o invólucro desta sátira não é a fantasia; é o surreal. Não é a fuga à realidade; é um mergulho na própria realidade, embora recorrendo a uma linguagem que a ultrapassa.
Poder-se-á perguntar porque é que este livro não teve um sucesso maior; a razão fundamental terá sido a falta de divulgação, tratando-se de um escritor ainda pouco divulgado; no entanto, há outro aspeto a ter em conta: o grande público procura algo que este livro não oferece: uma narrativa com suspense, uma estória envolvente e aquela incerteza sobre o desfecho típica do género romance. Esta não foi, de facto, uma preocupação do autor; mas um enredo um pouco mais elaborado poderia ter proporcionado ao livro um sucesso comercial que sem dúvida merecia.

Sinopse
Há quase 50 anos, Fidel Castro espantou o mundo com a sua revolução. Mas será que El Comandante perdeu o rumo? Ter-se- á transformado no pior inimigo do seu povo? 
A Tragédia de Fidel Castro é um livro simultaneamente divertido e exigente, conduzindo-nos à mente de um dos mais enigmáticos e polémicos líderes do mundo actual. A sátira e o humor inteligente — ora discreto ora descarado — prendem-nos e despertam a reflexão. A narrativa foge a quaisquer regras, propondo-se revelar a intricada mente de Fidel como nenhum outro livro o fez. 
Qualquer um ficará surpreendido com os personagens que irá encontrar: Cristo, Afonso Henriques, o Grande Inquisidor, Fátima, Deus e o Diabo... , figuras simbólicas desta tragédia fantástica onde apenas Fidel Castro é real. 
Entre as sátiras de Gil Vicente, Ramalho Ortigão e Fialho d’Almeida e a fantasia de Ruben A. Leitão, A Tragédia de Fidel Castro abre uma página nova na literatura portuguesa, na qual se descobre o nosso próprio país. 
Aviso: não aconselhável a leitores com susceptibilidade política ou religiosa.
Vencedor do Beverly Hills Book Awards 2014 (Multicultural Fiction)
in www.wook.pt

sábado, 20 de setembro de 2014

O Natal do Sr. Scrooge - Charles Dickens


Comentário:
Esta deve ter sido a terceira ou quarta vez que li este livrinho. E há sempre algo de novo a descobrir nestas singelas 114 páginas. Desta vez resolvi lê-lo longe da quadra natalícia porque um amigo pediu-me para selecionar 2 ou 3 trechos para um trabalho seu. Curiosamente, não foi fácil encontrar 3 frases lapidares; isto porque o livro, essencialmente narrativo, embora tenha uma mensagem muito forte, acaba por delinear essa mensagem através da globalidade da narrativa e não por frases lapidares.
E precisamente essa mensagem global tem algo de único: ao contrário de muitos outros livros sobre o espírito do Natal, esta obra de Dickens assenta numa fortíssima antítese entre o bem e o mal. Há, em determinadas fases do conto, um ambiente quase tétrico, em que o autor pretende chocar o leitor com os fantasmas do lado negro da alma humana. Na verdade, é mais esse lado negro que Dickens nos quer mostrar. E neste aspeto a obra é profundamente atual. Infelizmente, Scrooge não é apenas o velho avarento;é muito mais que isso; é o paradigma da maldade, do egoísmo interesseiro que ainda hoje domina o nosso mundo. São os Scrooge de hoje em dia que dominam as grandes finanças internacionais; as Troikas são feitas de Scrooges; as guerras e revoluções que vão decapitando inocentes são financiadas pelos Scrooges da atualidade. E muitos dos milhões que diariamente passam fome devem tal martírio a esses mesmos Scrooges...
Mais do que um livro sobre o Espírito do Natal, este é um belo livro sobre o lado negro da alma humana.

Sinopse:
O célebre conto “A Christmas Carol” (“O Natal do Sr. Scrooge”) foi publicado em 1843 e desde então tem sido alvo de sucessivas adaptações ao cinema, televisão e teatro.
Talvez porque este livro seja muito mais do que uma história natalícia. As imagens que geralmente se associam a esta época — o Natal como sinónimo de reunião familiar — foram fixadas e transmitidas de geração para geração por estas páginas que Dickens escreveu em apenas seis semanas.
Ebenezer Scrooge, o protagonista, é um homem velho e só, permanentemente mergulhado nas suas contas e negócios, de quem nem os cães ousam aproximar-se.
“Uma ave de rapina! Duro e afiado como uma pederneira, do qual nenhum aço conseguira fazer saltar uma centelha de generosidade; secreto, reservado e solitário como uma ostra. O frio que havia dentro dele gelava-lhe os traços, enregelava-lhe o nariz pontiagudo, enrugava-lhe as faces, endurecia-lhe o porte, avermelhava-lhe os olhos, azulava-lhe os finos lábios e transparecia no rabugento tom da sua voz desagradável.”
Numa noite, porém, Scrooge recebe a visita inesperada do seu antigo sócio Marley. Este avisa-o de que vai ser perseguido por três espíritos: o do Natal passado, o do Natal presente e o do Natal futuro. E, ao longo destas viagens pelo tempo, Scrooge vai-se transformando num homem diferente.
in http://static.publico.pt/docs/cmf/autores/charlesDickens/contosDeNatal.htm

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Por quem os sinos dobram - Ernest Hemingway


"...a morte de qualquer homem diminui-me, 
porque sou parte do género humano, 
e por isso não me perguntes por quem os sinos dobram; 
eles dobram por ti"

John Donne

Comentário:
Este livro é um marco histórico na literatura mundial do século XX. Publicado em 1940, ele é mais um testemunho dramático e sentido desse período tão negro da história da humanidade. Neste caso, Hemingway transpõe para o livro o reflexo da sua própria experiência pessoal: depois de ter combatido como voluntário na Guerra Civil de Espanha, em que alinhou nas brigadas republicanas, contra os fascistas, este enorme escritor faz refletir no protagonista essa mesma experiência. E é na sua habitual voz poética que o faz. Hemingway foi talvez o homem que no século XX melhor conseguiu descrever o drama das guerras na prosa de ficção. 
A ação desenrola-se nos arredores de Segóvia, onde o americano Robert Jordan chega com a missão de dinamitar uma ponte, juntando-se a uma brigada de revolucionários espanhóis. Todo o enredo se desenrola durante os dois dias que antecedem a explosão da ponte. Tal como é próprio de Hemingway, não é preciso um enredo muito factual para manter o leitor agarrado ao livro ao longo das suas 500 páginas. O poder e o encanto deste livro estão na força tremenda das palavras mas que refletem a força da personalidade do autor; um homem que viveu nos limites e escreveu nos limites. Daí a sua admiração por Espanha e pelo povo espanhol: um povo sem moderação, sem meios-termos; um povo que é amor e sangue; dor e paixão. 
Um dos aspetos mais significativos desta obra é o facto de os personagens praticamente não saberem nada sobre o desenrolar da guerra; mau grado arriscarem a vida em nome de um ideal que mal conhecem (a República), eles são meros peões. No entanto, nas suas vidas, a guerra deixou de ser um meio para se tornar um fim em si. Para eles o importante já não é para que serve a guerra mas sim como cumprir o seu papel na guerra.
Mas a guerra não é feita de ideais; a maioria do povo não lutava pela República ou pelo fascismo; lutava pela necessidade de se “agarrar” a um partido; por necessidade de defesa. O álcool, por exemplo, era uma fonte de coragem maior do que qualquer ideal. Muitas vezes a embriaguez era um motivo mais forte para matar do que qualquer ideal. Por outro lado, a multidão é propícia aos exageros; o entusiasmo coletivo é redobrado e a fúria revolucionária fazia surgir verdadeiros atos de terror.
Mas a força e mesmo a violência da escrita de Hemingway é temperada de forma quase mágica com uma espécie de poesia em prosa que nos surpreende em qualquer das suas obras. Este pano de fundo da guerra civil espanhola é o ideal para que o autor ponha em prática essa mescla, porque o povo espanhol e a sua mentalidade refletem precisamente esta mistura: tal como a escrita de Hemingway, os espanhóis são, ao mesmo tempo, violentos e apaixonados. Só os espanhóis são capazes de amar e matar ao mesmo tempo. Violência e amor caminham de mãos dadas ao longo destas 500 páginas tornando esta leitura verdadeiramente apaixonante.

Sinopse:
O mais célebre romance sobre a Espanha em luta com o franquismo conta a história de Robert Jordan, um jovem americano das Brigadas Internacionais, membro de uma unidade guerrilheira que combate algures numa zona montanhosa. É uma história de coragem e lealdade, de amor e derrota, que acabou por constituir um dos mais belos romances de guerra do século XX. «Se a função de um escritor é revelar a realidade», escreveria o editor Maxwell Perkins em carta dirigida a Hemingway após ter concluído a leitura do seu manuscrito, «nunca ninguém o fez melhor do que você».
in www.fnac.pt

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Novos Contos da Montanha - Miguel Torga


Imagine-se uma casa de pedra, numa aldeia fria, na encosta de uma montanha. Lá dentro, o fogo da lareira aquece os corpos e as almas. Alguém conta uma história. E nós, as crianças, queremos que o serão não acabe, que o fogo não se extinga e que as histórias não terminem. É assim que se lê Miguel Torga; à lareira; ouvindo nas páginas a voz que conta as peripécias por que se passa na serra.
Neste livro,continuação dos Contos da Montanha,  continua o encanto destes montes, umas vezes alegres e felizes, outras vezes frios e tenebrosos como a noite na serra.
De um lado a alegria da comunhão com a natureza; do outro a dor e o sofrimento de quem depende da terra. O pequeno conto "Natal" é um dos mais belos textos que já se escreveram em Portugal sobre esse assunto; e o último conto é uma belíssima síntese entre a beleza do nascimento e o fantasma da morte; ou de como o nascimento também pode ser sofrimento e de como a morte pode ser bela.
No outro extremo, a melancolia e a tristeza;  por vezes a força da terra e dos homens nada pode contra os destinos da natureza, sob a forma de epidemias, catástrofes naturais ou desgraças que os próprios homens criam como monstros.
O tom mais melancólico dos Novos Contos pode também ser um reflexo da época em que foi escrito (ano de 1944), em plena segunda guerra mundial. Mas também a repressão crescente do regime fascista. Timidamente, a repressão policial aparece nas páginas de Torga, mais explicitamente no conto A Confissão. Anunciavam-se tempos negros...
Em vários contos Torga aborda a festa popular como um momento verdadeiramente único e solene na vida da aldeia; a festa é também ela uma síntese de extremos: do sagrado e do profano, com as suas missas, rituais e sacrifícios misturadas com os bailaricos onde sobem ao palco as paixões mais desenfreadas e ainda os ajustes de contas, as brigas e as vinganças. A festa popular é vista como uma espécie de catarse: o sagrado e o profano levados ao extremo:"um homem sente-se capaz de tudo: de matar o semelhante e de comungar. " pg.93

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Contos da Montanha - Miguel Torga

Comentário:
Quando li este livro pela primeira vez tinha menos de 15 anos. Hoje, cerca de 35 anos depois, na memória pouco sobrava do enredo. Mas lembro perfeitamente a forma como estes personagens me atingiram; a pobreza quase extrema de um Portugal rural e desprezado; a honestidade e a honra de quem sabe atribuir todo o valor ao suor, ao sangue e às lágrimas; o sofrimento de quem trabalha apenas para sobreviver; mas também a alegria que vem da terra e do sol; a beleza da serra e dos penedios; a verdura da floresta e tudo isso, ainda assim, a iluminar a alma das gentes.
Às vezes não é fácil compreender Torga. Talvez porque para sentir o que ele descreve é preciso amar Trás os Montes. Aquelas montanhas falam uma linguagem diferente da nossa, homens urbanos do século XXI. Falam o dialeto da terra, nascido das raízes célticas de um povo que brotou da própria terra.
No prefácio à oitava edição deste livro, Torga salienta a época de emigração que se vivia (1968) devido à falta de recursos económicos e de liberdade. E o livro seria assim uma espécie de homenagem à terra que os homens eram forçados a abandonar. Nada de novo, nada que não mantenha um toque de atualidade...
O primeiro conto, Maria Lionça é profundamente simbólico e ajuda-nos a perceber toda a "alma" do livro: o retrato de Maria Lionça, a moça perfeita, é uma espécie de retrato da terra, enquanto elemento positivo, que fornece alimento mas também alegria aos homens. Mais do que emanação da terra, ela é a própria terra, uma espécie de Deusa-Mãe das comunidades neolíticas. Mas a vida encarrega-se de mostrar como o destino das pessoas, tal como o da terra, não é feito de esperança e de alegria: a vida é sofrimento e morte. E, no final, na morte, é de novo a terra que se abre para receber os homens.
Grande parte do sucesso destes contos reside numa espécie de sensibilidade dramática de Torga. Regra geral não há uma intenção moralista; muitas vezes acabam mal como a vida acaba mal. Nada nestes contos faz lembrar a tradição romântica do romance rural; estão muito longe os tempos de Júlio Dinis. Pelo contrário, predomina uma perspectiva marcadamente realista desse mundo rural, em que o romantismo da pureza de alma das gentes serranas é substituído pela crueza de um conceito de honra por vezes impiedoso e por uma visão do mundo algo irracional, que Torga aborda com um espírito crítico discreto, muitas vezes envolto num sentido de humor mordaz. Nada disto impede, no entanto, que a voz da terra se faça sentir com toda a força, fazendo deste livro, ele próprio, uma verdadeira força da natureza.

Sinopse:

Miguel Torga publicou em 1941 o livro de contos Montanha, que imediatamente foi apreendido pela polícia política. Em carta de Abril desse ano, Vitorino Nemésio, solidarizando-se com o amigo, escreveu a propósito dessa apreensão: «Acho a coisa tão estranha e arbitrária que não encontro palavras. De resto, para quê palavras se nelas é que está o crime?» Mais tarde, em 1955, Miguel Torga fez uma segunda edição no Brasil, com o título Contos da Montanha. A edição da Pongetti circulou clandestinamente em Portugal, assim como a 3.ª edição, de 1962. Em 1968, a obra Contos da Montanha foi de novo publicada em Coimbra, em edição do autor.
in wook.pt

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

À Espera no Centeio - J. D. Salinger


Comentário:
Um livro surpreendente pela sua beleza e simplicidade. Esteticamente, é uma perfeita obra de arte; o ritmo narrativo é alucinante, a escrita é límpida e a simplicidade do enredo contribui para que a mensagem passe com clareza e eficácia. O assunto da obra é muito claro: o desajuste e a revolta de um jovem, Holden, um adolescente de 16 anos, perante a sociedade norte-americana do pós guerra. Na verdade, o enredo podia muito bem situar-se nos nossos dias; o que está em jogo é muito mais do que o eterno conflito de gerações; é a crítica ao sistema educativo mas, mais do que isso, à incapacidade que a sociedade revela para enquadrar os seus jovens e oferecer-lhes uma perspetiva de futuro. Os pais de Holden são abastados e aparentemente realizados e bem sucedidos em termos materiais. Mas o relacionamento com os filhos é totalmente frio e distante. O protagonista é um ser inteligente, sensível e com uma bondade natural por vezes emocionante. Mas tudo o que o rodeia é desprovido de sentido e de esperança. A sua revolta é um processo surdo, contido, como se a própria revolta fosse, também ela, desprovida de esperança.
A ligação de Holden aos irmãos, principalmente à irmã Phoebe, é enternecedora. Na verdade, grande  parte da beleza estética deste livro está na bondade natural dos personagens jovens, em contraste com o egoísmo e uma certa perfídia interesseira dos adultos. Isto reflecte uma perspetiva notável de crítica social: quase todos os personagens que vão aparecendo na vida de Holden são ignorantes e mesmo estúpidos.
A ausência de futuro, a morte da esperança configuram a desmistificação do sonho americano, ao ponto de em algumas épocas ter sido uma obra perseguida e mesmo proibida em alguns setores mais conservadores da sociedade.
Em suma, um livro muito interessante, a confirmar a notável capacidade crítica dos grandes escritores norte americanos. Aliás, este livro, publicado em 19651, foi o primeiro responsável pela afirmação de Salinger como um dos nomes maiores de literatura americana do século XX.

Sinopse: (in www.wook.pt)
O livro conta as aventuras de Holden Caulfield, um rapaz de 16 anos, que ao ter de deixar o colégio interno que frequenta, mas receoso de enfrentar a fúria dos pais, decide passar uns dias em Nova Iorque até começarem as férias de Natal e poder voltar para casa.
Confuso, inseguro, incapaz de reconhecer a sua própria sensibilidade e fragilidade, Holden percorre nesses dias um intrincado labirinto de emoções e experiências, encontrando as mais diversas pessoas, como taxistas, freiras e prostitutas, e envolvendo-se em situações para as quais não está preparado.
"À Espera no Centeio" é contado na primeira pessoa. Ao fazer esta opção, Salinger introduz na literatura americana os recursos da oralidade, com a linguagem espontânea, o calão, os palavrões, o bordão das repetições frequentes, o humor inconsciente, procedendo a uma verdadeira revolução literária, que tornou o livro num clássico da literatura americana do pós-guerra.
Publicada pela primeira vez em 1951, À Espera no Centeio é a mais marcante obra de J. D. Salinger, e uma das mais controversas da história da literatura norte-americana após a II Guerra Mundial. Foi constantemente censurada e banida das escolas, livrarias e bibliotecas dos EUA devido ao seu conteúdo profano, à abordagem que faz do sexo e à forma como rejeita alguns dos ideais americanos.