quinta-feira, 6 de julho de 2017

A Rapariga que Inventou Um Sonho - Haruki Murakami


Comentário: 

Ler Murakami é sempre um desafio com retorno de satisfação garantida. Impossível não gostar destes contos cheios do mistério do quotidiano, numa mescla perfeita do misticismo oriental com o pragmatismo da literatura ocidental. É aí, nessa mistura perfeita que reside o segredo do sucesso deste mago das letras. Um gato preto que passa por uma cena sem ser para ali chamado, uma personagem que manifesta uma obsessão estranha, um disco que ninguém conhece, são elementos quase diáfanos, que passam discretos pela obra mas que lhe dão essa qualquer coisa de diferente, de quase mistério, esse clima estranho e encantador tão difícil de explicar…
“O mais assustador de tudo somos nós próprios”, diz Murakami na página 79, no conto “O Espelho”. Essa coisa da procura do sentido da vida que tanto povoou a literatura ocidental tem em Murakami um aspeto de procura da morte.  É um dos temas recorrentes nos seus livros e nesta obra manifesta-se num conto intitulado Tragédia Mineira em Nova Iorque. Este conto é bem a imagem deste livro: contos que são pensamentos, imagens mentais do escritor que muitas vezes são explanadas de uma forma muito pessoal e quase surrealista, como é o caso específico deste conto. A morte e a vida na sua ténue fronteira é também o tema abordado no conto A Faca da Morte. Numa linguagem poética, a morte é o centro do conto O Pirilampo; de como a morte povoa a vida.
Outros contos são terrivelmente cómicos, como O mergulhão, também algo surreal. Ou mais místicos, como OS Gatos Comedores de Homens: os felinos a contribuírem com o seu tom misterioso.
Na minha opinião, os contos mais bem conseguidos deste livro são “A História de uma Tia Pobre” e “O macaco de Shinagawa”. No primeiro destes contos, aborda-se com notável sensibilidade a relação entre consciência e ser: de como a consciência de algo faz nascer, é criadora. A partir do momento em que a sua mente concebe o enredo de um livro, ele deixa de ser ficção e é vivido a dois, pelo escritor e pelo leitor. Assim, a fronteira entre a fantasia e a realidade torna-se ténue. Um homem com uma tia às costas é uma farsa ou o mundo que o olha é que é essa farsa?
O livro termina com um belíssimo exercício literário, o Macaco de Shinagawa, uma narrativa cheia de humor e fantasia. Belíssimo. 

Sinopse (in wook.pt):

Em A Rapariga que Inventou Um Sonho, o autor do best-seller Kafka à Beira-Mar envolve a fantasia com a mais natural das realidades. Do surreal ao mundano, estas histórias exibem a sua habilidade de transformar o curso da experiência humana na mais pura e surpreendente arte literária.
Há corvos animados, macacos criminosos, um homem de gelo… Há sonhos que nos moldam e coisas que sempre sonhámos ter… Há reuniões em Itália, um exílio romântico na Grécia, umas férias no Havai… Há personagens que se confrontam com perdas dolorosas, outras que se deparam com distâncias inultrapassáveis entre os que querem estar o mais próximo possível.
Quase todas as histórias são melancólicas, com personagens submersas pela solidão. Murakami junta os seus temas favoritos: os acontecimentos inexplicáveis (o tal toque de fantástico que provoca por vezes a sua inclusão na corrente do realismo fantástico), as coincidências, o jazz, os pássaros e os gatos. Tal como foi escrito no Los Angeles Times Book

segunda-feira, 26 de junho de 2017

O Assalto - Daniel Silva


Comentário:
Quem disse que comercial é sinónimo de mau? Dostoievski ou o nosso Camilo escreveram para vender, para sobreviver. Daniel Silva não escreve para sobreviver mas escreve para vender o mais possível. No entanto, tem a sua qualidade. O livro absorve-nos a atenção, não permite distrações e, como tal, é só por si um magnífico passatempo. Tem todas as caraterísticas “boas” da escrita do género: linguagem simples e atrativa, pouca adjetivação, frases curtas, diálogos abundantes, capítulos pequenos, muita emoção no enredo. Tem também um bocadinho (só mesmo um bocadinho) do pior do género: o recurso a clichés. No entanto, este ponto e alguma previsibilidade do enredo são largamente compensadas por uma base pedagógica interessante.
Dessa base pedagógica há a salientar na primeira parte do livro uma interessante visita a Florença e outras cidades do renascimento italiano. Não há dúvida que Daniel Silva se preparou bem para escrever este livro, nomeadamente ao nível da pintura e da história da arte; fala-nos dos grandes pintores daquele período com grande à-vontade e num estilo sempre atrativo e dinâmico. Na segunda parte do livro o cenário muda radicalmente; chaga-se mesmo a um ponto em que parece que o foco inicial (o quadro desaparecido) deixa de estar em cena, tal é a facilidade com que o autor viaja para outras paragens, nomeadamente para o Médio Oriente. O presidente Sírio, nunca nomeado, é o alvo de toda a crítica e o autor aponta-o como líder de uma grande rede criminosa. No meio desta trama encontramos mais uma vez elementos pedagógicos interessantes e bem assentes no real conhecimento de causa.
Em suma, trata-se acima de tudo de um livro agradável, que não exige grande reflexão ou esforço de compreensão. Mesmo assim, salienta-se o aspeto pedagógico da obra. 

Sinopse: (IN WOOK.PT)

O lendário restaurador de arte e espião ocasional Gabriel Allon está em Veneza a restaurar um retábulo de Veronese quando recebe uma chamada urgente da polícia italiana. Julian Isherwood, o excêntrico negociante de arte londrino, deparou com o cenário de um homicídio brutal e agora é suspeito do crime. Para salvar o amigo, Gabriel tem não só de descobrir os verdadeiros assassinos, como também encontrar a mais famosa das obras de arte desaparecidas: a Natividade com São Francisco e São Lourenço, de Caravaggio.
A sua missão levará Allon de Paris e Londres aos submundos do crime em Marselha e na Córsega e, finalmente, a um pequeno banco privado na Áustria, onde um homem perigoso guarda a fortuna suja de um cruel ditador. Ao seu lado, o espião tem uma jovem corajosa que sobreviveu a um dos piores massacres do século XX e que tem agora a possibilidade de se vingar da dinastia que lhe destruiu a família.
Um livro elegante, sofisticado e de leitura compulsiva que deixará os fãs de Gabriel Allon cativados desde as primeiras páginas.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Um Dia na vida de Ivan Denisovich - Alexander Soljenítsin



Comentário:
“Solidão” é a palavra que ribomba na minha mente terminada esta leitura. Este livro de Soljenístin é uma espécie de evangelho da solidão. Ivan nunca está sozinho. No Gulag ( campo de trabalhos forçados) ele tem sempre os seus camaradas junto de si. Mas a proximidade física nada significa. Cada prisioneiro é uma ilha porque lhe cortaram a capacidade de sonhar, recordar e ter esperança. Tudo está morto na alma de Ivan; ele sabe que um dia a pena terminará (fora condenado a dez anos) mas não sabe se lá chegará; o que ele vê todos os dias é camaradas a tombar, exaustos, condenados em vida.
Por outro lado, as autoridades (o regime soviético do louco Estaline) assassinara o socialismo em nome do socialismo. A solidariedade era o âmago da teoria de Lenine, mas o truque usado pelo regime para obter a subjugação total dos seus súbditos é a morte da solidariedade; essa viria mais tarde a ser a arma quando Walesa fundou o “Solidariedade” em Gdansk. Mas o regime de Estaline sabia que era preciso cortar todos os laços entre os prisioneiros, como, se possível, entre todas as pessoas. Aqui, se um erra, todos são castigados. Este princípio não visa a criação de laços entre eles mas precisamente o contrário: que o verdadeiro culpado crie ódio entre eles. Assim, os próprios prisioneiros vigiam-se uns aos outros e são habituados à denúncia, obrigando-se mutuamente a obedecer.
Assim, a solidão significa ausência de liberdade mas também ausência de afeto; as relações sociais são fundadas sobre a competição, nem que seja por uma beata que não chega a ser deitada ao chão – é disputada arduamente por vários prisioneiros enquanto o privilegiado fuma o seu cigarro.
Este livro, publicado pela primeira vez em 1962, constituiu uma pedrada no charco da sociedade russa, justamente no período de alguma abertura proporcionada pelo presidente Nikita Khrushchov. Mais tarde Brejnev, seu sucessor viria a proibir o livro, obviamente. Esta obra fica na história essencialmente pelo facto de se basear na própria prisão do autor, crítico do regime no tempo de Estaline e também por ser uma espécie de ensaio para aquela que viria a ser a sua grande obra-prima, Arquipélago Gulag, publicado pela primeira vez em 1973.

Sinopse (in wook.pt):

Alexander Issaievich Soljenitsin nasceu em 1918, em Rostov, nas margens do Dom. O pai era "manga-de-alpaca", a mãe, professora primária.
Soljenitsin licencia-se em Matemática na Universidade de Rostov e pouco depois é chamado para o Exército Vermelho. Em 1942, com 24 anos, é promovido ao posto de capitão.
Em 1945 é preso sob acusação de ter feito comentários pejorativos acerca de Estaline. Os oito anos seguintes passa-os, nessa situação, em diversos campos de trabalho. O campo no qual Soljenitsin - e, com ele, o seu herói Ivan Denisovich Shukhov - cumpre grande parte da sua pena ficava na região de Caraganda, no Norte do Cazaquistão.
Em 1953, ano da morte de Estaline, Soljenitsin foi libertado. Contudo, só depois de passar mais três anos no exílio e de Kruchtchev ter denunciado a política de Estaline, é que o seu caso é revisto e a sentença anulada.
Em 1962, o nome de Soljenitsin apareceu pela primeira vez nas páginas duma revista literária russa - Novy Mir ("Novo Mundo") - narrando, com uma autenticidade que assentava na sua própria experiência de concentracionário, a história de um dia vivido por um simples carpinteiro de aldeia num dos campos de trabalho da Sibéria, no período de Estaline. Publicou seguidamente O Pavilhão dos Cancerosos e O Primeiro Círculo.
Banido da União dos Escritores Soviéticos, foi, no entanto, galardoado com o Prémio Nobel da Literatura de 1970, para o qual contribuiu em grande parte o excelente livro Um dia na Vida de Ivan Denisovich. Deste livro foi extraído um filme com o mesmo nome.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

O Projecto Janus - Philip Kerr

Comentário:
O título pomposo, o contexto histórico do enredo e a magnífica apresentação do livro, tornam esta edição muito apelativa, que facilmente captura a atenção do leitor. As primeiras páginas não defraudam este interesse, abordando com coragem e emoção o conflito israelo-árabe no contexto da segunda guerra mundial, ou seja, nas vésperas e génese do estado judaico. Desde logo, uma abordagem arrojada: o apoio de algumas facções muçulmanas à questão judaica do programa nazi; por outras palavras, ao extermínio dos judeus. No entanto, em breve este turbilhão de bons augúrios se esvai e a leitura torna-se pastosa, sem sabor e, pior que tudo, sem uma linha definida. O leitor sente-se à deriva, perdido entre pequenas coisas sem interesse nenhum e outras cujo interesse ele só verificará no final do livro. Por esse mundo fora milhares de leitores abandonaram o livro nesta fase, o que é uma pena, porque as últimas duas centenas de páginas fazem regressar a emoção; as pequenas tramas ganham sentido, a história ganha um rumo e finalmente o leitor conclui que se trata de uma obra emocionante, lúcida, corajosa e pedagógica.
Em causa está, acima de tudo, um tema já muito abordado mas sempre interessante: a consciência alemã perante o holocausto; as feridas de um povo que se sentiu culpado mas também injustiçado, porque expiou os seus crimes de forma violenta e porque os criminosos foram também outros que, ao contrário, apareceram aos olhos do mundo como heróis. Falamos, obviamente de soviéticos e de americanos, que no final da guerra exploraram da forma que julgaram mais lucrativa a depauperada Alemanha. O plano Marshall que neste livro nem sequer é referido terá sido apenas uma forma mais de compensar a forma violenta com a Alemanha sofreu a guerra e o pós-guerra. 
Em suma, trata-se de um livro que é muito mais que um policial situado na segunda guerra mundial; é um livro sobre a consciência alemã, sobre as feridas enormes que deixou a questão judaica e sobra a consciência pesada que outras nações ainda carregam; sobre o oportunismo, sobre a maldade humana em geral; alguns dos personagens são verdadeiros monstros; e não são apenas os nazis. A procura do lucro desmedido molda a mente humana e conduz o ser humano a becos tenebrosos de desumanidade. Por isso este é um livro sobre (des)humanidade; sobre o pior da alma humana.

SINOPSE (in wook.pt)
Alemanha, 1949. No rescaldo da guerra, por entre o caos da derrota, o país é palco de todo o tipo de negócios obscuros, fraudes e intrigas políticas. Para Bernie Gunther, Berlim tornou-se demasiado perigosa e decide partir para Munique, onde voltará a trabalhar como detetive privado. No entanto, o negócio está fraco e os clientes são poucos. Quando a bela Britta Warzok o procura - o marido, responsável por um dos piores campos de concentração da Polónia, desapareceu -, Bernie está longe de imaginar a terrível conspiração que se esconde por detrás deste caso aparentemente simples. 
Na Alemanha do pós-guerra, nada é o que parece ser e, de um momento para o outro, Bernie ver-se-á envolvido numa intriga política que o ultrapassa. Quem ditará as regras do jogo serão antigos médicos das SS, ex-nazis em fuga à justiça, agentes da CIA e organizações secretas que apoiam a fuga dos carrascos do Terceiro Reich. Conseguirá Bernie Gunther enfrentar os fantasmas do seu passado e destruir o legado de Hitler?

terça-feira, 23 de maio de 2017

Hamsters de Biblioteca - Fernando Évora e Gonçalo Condeixa

Comentário:
Atenção – Isto que se segue não é crítica literária; é um texto suficientemente reles para pôr os cabelos em pé a qualquer crítico literário que se preze. Portanto, se porventura o leitor é crítico literário, preserve a sua sanidade mental e saia daqui. Vaze… Xô…

Logo de início, uma nota do editor (sobre a forma como os autores se conheceram) deixa um sorriso nos lábios de quem lê e esse sorriso manter-se-á ao logo de quase toda a leitura. Daqui para a frente, uma série de episódios avulsos, sobre gente avulsa, da cidade de Avulsa vão deleitar-nos até ao ponto de chegarmos à mensagem propriamente dita. Passemos a observar alguns desses traços que tanto nos divertem:
Na apresentação da bibliotecária velha, é de louvar a sinceridade e coragem do autor ao classificar de “nojenta” a verruga da senhora, porque a verruga tradicional, ou é de bruxa, a verruga dita normal, ou é do tipo Catarina Furtado, daquelas que a gente até acha bem… esta não é uma nem outra. É nojenta.
Os autores deliciam-nos depois com a descrição de outras maravilhas pitorescas de Avulsa, para além da dita verruga. Não há leitor, por mais frugal que seja, que não morda os próprios dentes ao imaginar as delicias que serão “Epifanias de ovos moles”, “apocalipses de chocolate e natas” e outras iguarias do convento de freiras de Avulsa. E como em todas as cidades, vilas ou aldeias, também em Avulsa existe um Vladimir – um obreiro de obras feitas, um génio da bricolage, que é como quem diz, dos trabalhos caseiros que deixam satisfeita qualquer dona de casa avulsana.
Neste livro, o leitor tem o inestimável privilégio de aprender o que é uma cunicultora. É, no caso, Madame Leporídia. Se continuam sem saber o que é uma cunicultora também não vou ser eu a revelar…
Inseparável de Avulsa é o seu rio, onde nadam gambozinos mais “parlatoris” do que qualquer sogra velha. Do lado direito do rio nascera Rive Gauche, lendário herói da revolução. Um dia partiu calado e voltou revolucionário, para ficar na história e deixar belas memórias nos seus conterrâneos. Só que um dia uma trapezista arrebatou-lhe o coração. Agora vegeta, velho e pacifista. Assim morrem as revoluções.
Porque será que, de todas as personagens desta magna obra, só uma tem nome português? E quem havia de ser? O Julinho Marreco, alcoólico sem abrigo e utente do hospital psiquiátrico. Este facto muitas especulações poderia gerar, quiçá uma tese – “Julinho Marreco, totó sem abrigo alcoólico – o elemento tuga na obra de Fernando Évora”. Se o elemento tuga marca assim a sua presença, também é de destacar o elemento bíblico, personificado em Jonas, o manco, que não viveu na barriga de uma baleia mas no topo de uma coluna, como Estilita. Aliás, a alcunha terá a ver com isto como poderá o leitor constatar… Mas… quem é o Estilita? É ler o livro…
Até que um dia a velha bibliotecária foi derrotada por um gato. Depois, foi em festa que veio a nova bibliotecária, jovem e arejada, esta sim, uma boa bibliotecária, capaz de arrastar o mais ignorante para a biblioteca. Tempos modernos se avizinhavam. E vieram ciganos e tendeiros. E o Rive Gauche voltou também. A revolução não saiu à rua mas saíram os sonhos. E o livro entra na zona séria. Sério mas de uma beleza extraordinária, num singelo simbolismo. A beleza da bibliotecária talvez tenha feito soltar os sonhos. Um dia, Lars perdeu um sonho… Lars, o marinheiro pescador de gambozinos é o único personagem falado na primeira pessoa… perdeu um sonho e ficou para sempre enclausurado num lar, ligado a uma máquina.
Entretanto a biblioteca tornara-se um sítio alegre e divertido, o verdadeiro centro de Avulsa, já sem necessidade dos ratos de biblioteca que caçavam livros proibidos no tempo da velha bibliotecária.
E a modernidade invade Avulsa, graças aos investimentos de Tony Garrett. Até cria um bairro social moderno, substituindo o velho bairro da Capa Torta, que tornava feia a cidade. Agora é ver o casario de arte minimalista, os parques infantis e até se projeta um aeroporto. Tudo graças ao investidor Garrett, ao arquiteto Pireu e principalmente à nova bibliotecária, a grande líder, a grande modernizadora.
Até que um dia a desgraça bateu à porta de Avulsa – o banco foi assaltado e todos os avulsanos foram chamados a fazer sacrifícios para recuperar a economia. Mas a modernidade continuaria a brilhar, graças a Garrett e à bibliotecária, sempre pronta para o serviço, mais os seus hamsters amestrados.
Estes são alguns dos traços maiores de um livro que, como se vê, é muito mais que um conjunto de histórias sobre Avulsa; aqui estamos todos nós. Aqui está um barco que não é do marinheiro Lars mas se chama Portugal. Estamos nós em tipos, em cromos divertidos mas muito sérios, bem significativos do mundo em que vivemos.

Nota Final, não menos importante – a fazer lembrar sombras chinesas, as personagens desenhadas por Gonçalo Condeixa não são aleijadinhas – são belos bonecos estilizados. Dizem que é arte moderna. Mas têm muita pinta, acreditem.

Sinopse:
Uma metáfora à História de Portugal do século XX. 
Um livro que convida o leitor a desempenhar o papel de um detetive que descobre o verdadeiro sentido dos textos e desenhos. 
Pequenas histórias sem moral —ou com uma moral muito discutível —que não deixam ninguém indiferente e que, afinal, formam uma única história.