quinta-feira, 29 de julho de 2004

O Amante de Lady Chatterley - D. H. Lawrence

Connie (Lady Chatterley) é esposa de um lord inglês, tradicionalista e austero que, logo após o casamento, é ferido na primeira guerra mundial, ficando paralisado da cintura para baixo. No entanto, mantém o casamento, com todas as suas aparências e tenta ludibriar as suas incapacidades com uma vida social intensa, onde as aparências são cuidadosamente mantidas.
Connie, no entanto, não consegue suportar aquela vida fútil e oca, apaixonando-se por um criado do marido. Aparentemente, trata-se de um romance/novela; um grande conto erótico e cor-de-rosa. No entanto, é muito mais do que isso. A sexualidade é vista como parte integrante e essencial da relação amorosa, do sentimento e da própria vida. Desmistifica-se assim aquela concepção burguesa de que o amor carnal é uma espécie de aberração do próprio amor. É encarado, pelo contrário, como algo profundamente humano.
O sexo faz parte do amor, do lado afectivo do ser humano e não do instinto ou da animalidade, como era hipocritamente entendido pelos moralistas da sociedade tradicional inglesa. Assim, é uma obra que enfrenta não só o rígido quadro de valores inglês mas todo um conceito de amor formal e puritano.
A linguagem, por vezes obscena, surge perfeitamente enquadrada no enredo e no jogo de sentimentos. Está longe de ser, portanto, um romance erótico. É um romance cheio de sentimento, cheio de ideias, embora o enredo esteja demasiado preso à intriga amorosa.

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