Trata-se de uma das obras mais interventivas de Auster. O pano de fundo é fornecido pela América de Bush e dos atentados de 2001. O brilhante escritor norte-americano reeinventa aqui uma América onde as torres não caíram e onde as eleições de 2008 conduziram a uma nova guerra da secessão.
August Brill, 72 anos, critico literário reformado, angustiado e deprimido, conta histórias a si mesmo; histórias que são de Auster e de uma América doente. E as histórias, aos poucos, impõe-se a Brill e não podem deixar de ser contadas. Nesse momento, a ficção e a realidade misturam-se como na vida. A vontade de Brill deixa de ter importância. Os facto tornam-se incontornáveis e a história tem medo de ser contada porque ganhou a vida que lhe é dada pela História.
Homem na Escuridão é um livro sobre a vida dominada pela angústia mas também sobre a alegria das pequenas coisas que, se nós deixarmos, nos podem salvar da tragédia humana eminente.
É mais um livro em que Auster une, com mestria, autor, história e leitor, numa cadeia indestrutível. Esta união leva-nos mais longe do que a óbvia identificação entre o leitor e a história, conduz-nos a um universo onde predomina a mente do escritor, como se este nos guiasse através das suas próprias ideias.
Como em todos os seus livros, prevalece o humanismo do escritor, que encara as suas personagens do ponto de vista das suas emoções e sentimentos, mais do que o seus pensamentos e opiniões. O final do livro, ao contrário do que é habitual em Auster não prima pelo elemento surpresa mas pela profunda humanidade.
Nesta obra descobrimos um Auster mais interventivo, mas também cada vez mais voltado para as emoções, para os sentimentos, para a angustia da existência.