segunda-feira, 6 de julho de 2009

Homem na Escuridão - Paul Auster

Trata-se de uma das obras mais interventivas de Auster. O pano de fundo é fornecido pela América de Bush e dos atentados de 2001. O brilhante escritor norte-americano reeinventa aqui uma América onde as torres não caíram e onde as eleições de 2008 conduziram a uma nova guerra da secessão.
August Brill, 72 anos, critico literário reformado, angustiado e deprimido, conta histórias a si mesmo; histórias que são de Auster e de uma América doente. E as histórias, aos poucos, impõe-se a Brill e não podem deixar de ser contadas. Nesse momento, a ficção e a realidade misturam-se como na vida. A vontade de Brill deixa de ter importância. Os facto tornam-se incontornáveis e a história tem medo de ser contada porque ganhou a vida que lhe é dada pela História.
Homem na Escuridão é um livro sobre a vida dominada pela angústia mas também sobre a alegria das pequenas coisas que, se nós deixarmos, nos podem salvar da tragédia humana eminente.
É mais um livro em que Auster une, com mestria, autor, história e leitor, numa cadeia indestrutível. Esta união leva-nos mais longe do que a óbvia identificação entre o leitor e a história, conduz-nos a um universo onde predomina a mente do escritor, como se este nos guiasse através das suas próprias ideias.
Como em todos os seus livros, prevalece o humanismo do escritor, que encara as suas personagens do ponto de vista das suas emoções e sentimentos, mais do que o seus pensamentos e opiniões. O final do livro, ao contrário do que é habitual em Auster não prima pelo elemento surpresa mas pela profunda humanidade.
Nesta obra descobrimos um Auster mais interventivo, mas também cada vez mais voltado para as emoções, para os sentimentos, para a angustia da existência.

7 comentários:

João disse...

um livro excelente para férias e não só.

Anónimo disse...

Olá Cardoso. Está a decorrer a "caça ao homem" no Bracarae Avgvste porque desapareceste sem deixar rasto... :)
Vê lá se apareces, homem! Sente-se por lá a falta de comentários com a elevação a que nos habituaste! Abraço, e desculpa o off-topic! ;)

Jardineiro disse...

Obrigado pelo comentário no blog! Ass: o tipo do "Jogo Duplo" :)

Teresa Diniz disse...

Por incrível que pareça, encontrei o seu site através do site do nosso "amigo" do Jogo Duplo. Amo os livros e as leituras e, por acaso, Paul Auster e Italo Calvino tb são dos meus autores preferidos. Por isso, vou seguir o seu blogue, ok?
Abraço, beijinho ou aperto de mão, conforme for da sua preferência higiénica.
(Ainda sobre Auster, continuo a achar extraordinário "A noite do Oráculo")

Jardineiro disse...

A isto é que eu chamo "interacção" :)

Teresa Lobato disse...

Deixei-te um comentário na Península.
E parabéns por este teu espaço em nome das letras, da leitura e de tudo o mais que ela nos traz.


Abraço

Paula disse...

Ainda não li nada sobre Paulo Auster, mas tenho de começar. Só ouço boas críticas :)
Também gostei do seu blogue.