sábado, 15 de maio de 2010

O Grande Retrato - Dino Buzzati

Dino Buzzati é considerado um dos mais importantes escritores italianos do século XX, embora, a julgar por este livro (o único que li do autor) algo distante da genialidade criativa de um Italo Calvino, da profundidade e humanismo de Alberto Morávia ou da imaginação e criatividade de Umberto Eco.
No entanto, seria injusto formular um juízo de valor sobre Buzzati com base nesta obra. Trata-se de um pequeno livrinho com uma história algo delirante acerca de um cientista mais ou menos louco que desenvolve um misterioso projecto, uma máquina que recriaria uma espécie de super-inteligência artificial, mas com todos os ingredientes da alma humana.
É difícil formular um comentário ao livro sem revelar pormenores do enredo, uma vez que este é tão compacto, tão sintético que não nos deixa grande margem de manobra para analisar o livro sem referir aspectos fundamentais desse enredo.
No essencial, a mensagem fundamental do livro parece ser esta: não há sentido para a vida sem liberdade; e não há liberdade sem corpo. O misterioso professor Endriade, ainda marcado pela morte da sua primeira mulher, Laura, não consegue separar o projecto da sua dramática história pessoal. A dimensão do feminino e do amor humano acaba por revelar-se inseparável do lado racional do ser humano, por mais inteligência que a sua actividade envolva.
Um ser artificial, por mais perfeito que seja, mesmo que dotado de uma “alma”, ainda que construída pela ciência, nunca poderá imitar um ser humano. Não é, portanto a inteligência que nos faz humanos. Não é também a alma; ela é insuficiente. Talvez ser livre seja, essa sim, a condição essencial para ser verdadeiramente humano. Sem liberdade, é impossível atingir qualquer sentido para a vida humana.
Um livro simples, linear, que se lê agradavelmente durante um par de horas ou pouco mais. 

5 comentários:

Paula disse...

Também já fiz a minha leitura deste livrinho, talvez amanhã coloque no blogue :)
Gosto do novo look do blogue-

susemad disse...

Nunca tinha ouvido falar deste autor até ler esta tua opinião, Manuel. Gostei da temática que aborda o livro. "não há sentido para a vida sem liberdade; e não há liberdade sem corpo", palavras muito acertadas!

Deixa-me ainda dizer que gostei muito deste teu novo rosto! :)

Teresa Fidalgo disse...

Manuel,

Vim, como sempre, dar uma espreitadela ao blogue. Para além da análise do livro, que leio sempre atentamente, deparei com um novo visual muito agradável. Gostei.

Um abraço

Sebastiano Landro disse...

Felicitaciones por el post sobre el grande escriptor italiano Dino Buzzati! un saludo!

Anónimo disse...

Acabei de ler "O deserto dos Tártaros" e à procura de informação sobre Dino Buzzati cheguei aqui.Já li também "O Segredo do Bosque Velho" Fiquei fã de Dino Buzzati.Vou ler este que recomendam,já o comprei.Gostei do blogue.Vou voltar cá mais vezes.Até sempre.