segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A Conspiração de Catilina - John Maddox Robert


Sinopse:
No seguimento do primeiro volume da serie SPQR, o lance do rei, John Maddox Robert com "A conspiração de Catilina" transporta-nos de novo às profundezas das conspirações romanas. Grupos de criminosos controlam as ruas assaltando indiscriminadamente patrícios e plebeus. As atrozes mortes de um antigo escravo e de um mercador estrangeiro na perigosa zona de Subura parecem não ter quaisquer consequências para a hierarquia romana, mas Décio Cecílio Metelo, o novo, não pensa dessa maneira. Contrariando a apatia oficial, subornos descarados e ameaças brutais, Décio vai pôr a nu a corrupção que grassa nos mais altos escalões do governo e faz perigar toda a estrutura político-social e a sua própria vida. As ruas estão empapadas com o sangue de cidadãos assassinados, e os rumores que circula apontam para mais atrocidades. Décio Cecílio Metelo, o Novo, investigador, está convencido de que há uma conspiração cujo objetivo é derrubar o governo - uma cabala sinistra que só pode ser destruída de dentro. Mas a entrada na sociedade traidora sai cara a Décio: a vida do seu melhor amigo e possivelmente a sua.

Comentário:
Este romance histórico apresenta-nos uma leitura historicamente credível do famoso processo que deu origem às Catilinárias (célebres discursos em que o senador Cícero desmascarou a traição levada a cabo por Catilina). Catilina era o nome do chefe de uma revolta na Roma dos últimos tempos da República Romana. Viviam-se tempos difíceis em virtude dos diferentes partidos que se haviam formado vinte anos antes, durante as guerras civis entre Mário e Sila (ou Sula, segundo algumas traduções).
De uma forma um pouco simplista, Maddox associa os partidários de Sila à velha aristocracia e os de Mário aos populares; no entanto, a gravidade da conjura não tinha tanto a ver com as referências históricas destes partidos mas apenas e só com as ambições políticas desmedidas de alguns políticos romanos. Na verdade, Catilina é-nos apresentado aqui como um misto de herói e vilão. É esta ambivalência e a forma como é gerida pelo autor que constitui o aspeto mais interessante do livro. Até que ponto Catilina foi apenas um “peão” nas guerras políticas onde os verdadeiros líderes não deram o rosto? Este ponto leva-nos a uma interessante reflexão sobre a natureza do poder político: muitas vezes nós, os cidadãos comuns, nada sabemos sobre as verdadeiras intenções e até sobre a identidade dos mais poderosos.
Da mesma forma que Catilina nos é mostrado como uma espécie de herói (ou, no mínimo, de vítima), também o seu acusador, Cícero, não é aqui visto como o herói, o político brilhante que desmascarou a traição, mas apenas como mais um político ambicioso que, ao acusar Catilina, não demonstrou a coragem suficiente para procurar os verdadeiros culpados.
Certo é que a conspiração de Catilina e toda a confusão que gerou veio a dar justificação para o período de ditadura de Júlio César, ou por outras palavras, à queda definitiva da república romana, dando lugar, em definitivo, à autocracia.
Ficamos pois, com esta lição da história: Catilina ou Cícero, pouco importa, os homens destruíram a democracia ou o que dela restava para justificar o poder discricionário de um homem.



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