segunda-feira, 9 de maio de 2005

Mulheres - Charles Bukowsky

É difícil encontrar um romance de sucesso com conteúdo mais marcadamente pornográfico do que “Mulheres”. A vida de Bukowsky/Chinasky é descrita com uma crueza quase inimitável. Talvez tenha sido essa frieza e o estilo hiper-objectivo os segredos do sucesso deste escritor alcoólico, com o ele próprio se define. Um escritor alcoólico decadente que escreve para poder dormir até ao meio-dia. Para Chinasky a vida é apenas uma sucessão alternada de amor álcool e sexo. No entanto, por detrás desta crueza, desta objectividade extrema e do hedonismo que percorre todo o enredo, há uma vida angustiada e um pessimismo latente que desmascara todos os prazeres que o autor/personagem cultiva. Sempre num estilo cruel mas bem-humorado, Bukowsky deixa transparecer a angústia de uma solidão rodeada de mulheres, seres quase anónimos que preenchem as lacunas de uma vida sem sentido. Um dos aspectos mais interessantes da obra é o contraste entre o estilo bem-humorado e o fundo melancólico, a visão atormentada da vida: “não interessava o que elas faziam, nós acabávamos na solidão e na loucura” – pág. 264 Enfim, um livro divertido e cruel. Como a vida de Bukowsky.

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