Sinopse:
Um
thriller de conspirações políticas que retrata as vidas paralelas de dois
homens.
Um,
desempregado, e com ambições de ser escritor, que desistiu da vida e da procura
da felicidade, reencontrando-as ao receber uma estranha mensagem de uma amiga,
que lhe encomenda a escrita de um livro sobre a sua vida, conduzindo-o numa
viagem obsessiva por uma realidade ficcionada sobre um Portugal secreto e
sinistro desconhecido por muitos.
O outro,
um político empossado à força por um caciquismo familiar. Professor de história
por paixão, torna-se secretário de estado por complacência dos interesses do
falecido pai.
Vão ambos
embarcar numa odisseia mirabolante de enganos e descobertas, na busca da
confirmação da existência de uma ordem secreta, Os Alquimistas, cujo plano
efetivo para o nosso país, consiste no controlo absoluto do seu governo, e no
domínio total da vontade dos seus cidadãos.
De Nova
Iorque a Bruxelas, e por diferentes locais em Portugal, um atroz destino os
espera, nesta história implacável, que mistura passado e presente, cheia de
suspense e completamente imprevisível.
Opinião:
Eis o primeiro romance sobre a tão famigerada crise. Este é o
primeiro livro de ficção que aborda, a meu ver de forma direta e concreta a tão
propalada crise que estamos vivendo.
E Casimiro Teixeira não está com “meias medidas”; vai direto ao
assunto e acusa: a crise não á mais que a ponta de um iceberg que esconde um
grande movimento “subterrâneo” capaz de por em causa a vida de todos nós; a
crise não é um elemento conjuntural, é uma manifestação de movimentos de fundo,
de um outo mundo que está a ser construído pelas altas esferas financeiras
internacionais.
A ideia, no fundo, não é nova: é o pressuposto de um poder
político subordinado ao poder económico, ou melhor, financeiro. No entanto, o
que nos deixa perplexos, ao ler este livro, é a constatação de que tais
mecanismos subvertem por completo os princípios básicos daquilo que
consideramos “democracia”: é a afirmação definitiva da elite financeira como
detentora de um poder maior, um poder de caráter ditatorial, que esmaga todos
os princípios de liberdade individual, consagrados constitucionalmente pelo
liberalismo contemporâneo.
As vidas individuais, a esfera privada dos personagens, submerge
de forma fatal perante um poder monstruoso que emerge vitorioso, uma espécie de
super estrutura capaz de esmagar o individualismo burguês que o próprio
capitalismo triunfante havia alimentado e encorajado. O drama desta estória
está precisamente nisto: a teoria neo-capitalista transforma em vítimas aqueles
que seriam os personagens principais de uma história de sucesso: a história da
burguesia capitalista saída das revoluções liberais do século XIX.
Casimiro Teixeira consegue neste livro construir um ambiente de
mistério e suspense, uma atmosfera de incerteza que agarra o leitor até à
última página. No entanto, este livro teria muito a ganhar com uma revisão
eficaz do texto; as gralhas tipográficas prejudicam claramente a leitura.
Mesmo assim, considero este livro uma pedrada no charco da nova
literatura portuguesa, que ainda não despertou para uma nova era deste país à
beira mar plantado mas claramente desprezado pelo poder político e financeiro
internacional. Nós, os portugueses comuns, continuamos afundados numa cegueira cómoda
e passiva que urge desmascarar. Casimiro Teixeira deu o primeiro passo. Esse é
o grande mérito deste livro.
Ressuscitando fantasmas vivos do passado fascista português, este
livro não nos pode deixar indiferente; há forças subterrâneas no nosso mundo.
Disso eu já não duvido. E cada dia que passa a realidade triste e sombria deste
país dá razão a Casimiro Teixeira.
Enfim, trata-se de um livro que sem ser genial, é uma obra a ter
em conta. E de leitura muito agradável.
1 comentário:
Este é um daqueles que obrigatoriamente terei de ler...
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