segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

António Lobo Antunes - Um desastre - E daí?


Parece que o último romance, o 25º, de António Lobo Antunes está a ser um desastre de vendas.
Talvez esteja enganado mas atrevo-me a palpitar que o nosso velho guru está-se marimbando para isso. Alguns críticos andam certamente mais preocupados que ele; afinal são euros que não se ganham, são oportunidades que se perdem.
Acredito que para Lobo Antunes o sucesso já não está nas vendas; a imagem mental que tenho dele é a de um gato velho. Os gatos são, por definição, animais com uma personalidade muito forte; senhores do seu nariz; convencidos do seu poder embora ao mesmo tempo mimados. Assim é Lobo Antunes. A vida que trilhou, tão rica e tão cheia de obstáculos, está muito acima de qualquer sucesso ou insucesso editorial.
Seja como for, depois de ter ficado a saber que Caminho Como Uma Casa em Chamas só vendeu 1600 livros na FNAC fiquei ainda com mais vontade de ler o livro. E talvez esteja aqui o mote para um lema que o pessoal do marketing da editora D. Quixote poderia explorar: Não Perca o Único Livro de Lobo Antunes Que Foi Um Verdadeiro Desastre. Já que o próprio ALA não se promove e tanto despreza a sua imagem…
Para lá de tudo isto, está Lobo Antunes, que após a morte de Saramago se tornou, sem dúvida, o mais conceituado escritor português vivo.

4 comentários:

Carlos Faria disse...

Deduzo que apesar de tudo ainda não leu este insucesso. Certo?
Apesar de tudo, confesso que comecei a perder paciência para ALA.

Unknown disse...

Olá Carlos
de facto, não li.
Costumo escrever no blogue apenas quando termino um livro mas estou tentado a mudar esse hábito :)
Na verdade, uma das muitas causas para este fracasso é, na minha opinião um certo tom monocórdico nas suas últimas obras. Há 2 livros que eu adorei (Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo e Ontem não te vi em Babilónia mas depois disso, ALA manteve um estilo muito peculiar mas algo monótono, sem grandes variações.

josépacheco disse...

Sobretudo, ALA começou a estar-se nas tintas para os leitores, o que é um privilégio de gato velho. Não escreve para comunicar, nem propriamente porque tem algo a dizer, mas porque gosta de escrever. Em todo o caso, recomendo as suas crónicas (revista Visão, passe a publicidade): essas sim, ternas e duras, muito profundas e muito belas, sem se guiar pelo gosto do virtuosismo pelo virtuosismo...

Unknown disse...

Também costumo ler essas crónicas, bem mais multifacetadas que os últimos romances.