Comentário:
Este é um dos contos mais famosos de Poe e, por conseguinte,
um dos contos mais importantes da história da literatura de ficção. É preciso
notar que Poe viveu na primeira metade do século XIX. Foi um pioneiro em vários
aspetos. Morreu com menos de 40 anos, vítima de alcoolismo crónico, e por isso
a sua obra podia ter sido ainda mais marcante. Tudo na obra de Poe é criação
pura. Foi ele quem, criou o género de terror e obras que estão na base da
atualmente tão apreciada literatura de fantasia. Trata-se portanto de um escritor
a quem a literatura muito deve e não podemos nunca deixar de lembrar esse seu
papel pioneiro.
Este O Gato Preto é, desde logo, uma evocação da tão injusta
fama que o animal dessa cor tem na mentalidade europeia. Neste conto reflete-se
todo o caráter que hoje se diria gótico da sua obra. Com muita emoção, muita
incerteza em relação ao final, este conto exige ser lido de um fôlego; o
suspense não nos deixa abandonar o livro sem chegar ao final. O enredo é um
marco profundo no estilo romântico de que Poe é um dos criadores; tudo é
enigmático, fantasioso, tenebroso mesmo.
Em parte, este conto revela alguns traços autobiográficos: o
protagonista é claramente marcado pelo alcoolismo, que lhe provoca atitudes
absolutamente revoltantes, horrendas de violência. Na verdade, o próprio Poe
era vítima desse terrível vício, o que lhe provocava crises de autocomiseração
e de arrependimento que transformaram a sua vida num autêntico conto de terror.
Em suma, este como qualquer conto de Poe é de leitura
obrigatória para quem queira ter uma visão clara da história da literatura de
ficção. Mas é também um magnífico passatempo pela forma como “agarra” o leitor
da primeira à última página.
Animação com resenha do conto, aqui.
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