Comentário:
Empolgante. É este o único adjetivo que acho aplicável a este livro. Talvez Genial não destoe…
Na verdade, este senhor proveniente das verdes terras de Gales, esse belíssimo cantinho de sua Majestade, é um génio impar na arte de escrever estórias emocionantes, cativantes. Ele escreveu este livro com 28 anos, ainda muito longe da genialidade de Os Pilares da Terra ou da Trilogia do Século. Mas quem lê este livro dificilmente vaticina que teria sido escrito por um jovem de 28 anos. Trata-se de um tríler magnífico, com emoção do princípio ao fim, um daqueles livros que mau grado as quase 400 páginas não nos deixa dormir sossegados enquanto não terminamos. O ritmo narrativo é perfeito, não há descrições desnecessárias, a linguagem é clara e cativante e, acima de tudo, a emoção vai da primeira à última página, sem exageros nem situações forçadas. Aliás, para um autor de 28 anos é surpreendente como evita os clichés e constrói uma estória complexa sem recorrer a desfechos fáceis. Por outro lado é admirável como Follett, já nessa altura, estudava aprofundadamente os assuntos a abordar (como quase sempre de natureza histórica). Neste caso, é muito interessante e correta a forma como aborda as movimentações que conduziram ao desembarque na Normandia, movimento militar que conduziu de forma definitiva ao desfecho da segunda guerra mundial. Mas também é notável a abordagem das estratégias de espionagem e contraespionagem do referido conflito, assim como o efeito da guerra na população civil. Ou seja, como é próprio de um grande escritor, a Follett já nessa altura não escapava o drama humano como ingrediente essencial da grande literatura.
O espião alemão em Inglaterra, personagem principal desta estória, desde cedo se torna fascinante aos olhos do leitor pela forma como alia a frieza e a inteligência à ausência de sentimentos. No entanto, é esse um dos aspetos humanos mais interessantes do livro: a forma como, ao longo do enredo, o espião vai lidando com os sentimentos e as emoções que, como acontece com qualquer ser humano, rapidamente vão condicionar todas as suas ações. No entanto, os tempos eram de guerra e de horror. E todo esse ambiente negro é aqui, também, ele, bem retratado, com descrições cheias de um realismo alucinante e quase cruel para quem lê.
Mas como no melhor pano cai a nódoa, também neste livro veio a cair uma mancha bem feia que, no entanto, nada tem a ver com o autor. Tem a ver, isso sim, com o velho e irritante vício bem português de adulterar por completo os títulos originais. Este livro, no original, foi intitulado como “Eye of de Needle”. Needle, agulha, é a alcunhado nosso espião; por aqui se vê a riqueza deste título, por comparação com a quase pedante opção da edição portuguesa.
Sinopse (in www.wook.pt)
Um agente secreto de Hitler, um assassino frio e profissional com o nome de código «Agulha», vê-se envolvido na manobra de diversão dos aliados que antecede o desembarque militar em França. Estamos em 1944, a semanas do Dia D.
O Estilete Assassino é um arrebatador bestseller internacional em que o destino da guerra assenta nas mãos de um espião, do seu adversário e de uma mulher corajosa.
5 comentários:
Depois de ter acabado de ler “Um Mundo sem fim” há poucos dias – o que se segue a “Os Pilares da Terra” (dois livros que gostei imenso), comecei a ler “A Queda de Gigantes”. Não estou a gostar. Solicitei hoje da biblioteca o segundo livro desta triologia “O Inverno no Mundo”. Talvez goste mais deste. Não é habitual deixar livros a meio. Mas aconteceu com este.
Olá Manuel!
Já ando com saudades de Follett e a tua análise deixa qualquer um com vontade de ir a correr buscar um livro dele ;)
Gosto muito deste autor, «Pilares da Terra» é dos que mais aprecio.
Boas leituras!
Li deste autor os Pilares da Terra que gostei imenso, fiquei com curiosidade de ler este livro do Ken Follett, pois gosto de enredos passados na 2ª Guerra Mundial.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Pensei que era só eu que tinha uma fixação pelos Pilares da Terra :)
Catarina, provavelmente não estás a gostar tanto da trilogia por ter muito enredo político. Eu acho que essa obra tem um defeito: é algo pretensiosa; dá ideia que o Follett quis fazer um Guerra e Paz do séc.XX. E isso é impossível. Follett é muito bom, mas Tolstoi inimitável :)
Abraço aos 3
Follett é bom mas não o podemos comparar a Tolstoi. Já tenho “O Inverno no Mundo”. Quando acabar o que tenho entre mãos, começo este.
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