Havia cheiro a pólvora e miséria.
O Monstro fedia a mofo e berrava por sangue.
E os homens, trémulos, a medo calavam as mágoas, as dores de uma pátria castrada, amordaçada, pisada pelas botas pétreas de dinossauros cinzentos, medonhos.
No ar pairava o cheiro a guerra, o pesadelo de corpos despedaçados que chegavam repartidos por caixões anónimos, revestidos a chumbo, e um povo que chorava de raiva, de fome e miséria.
E pairando acima de tudo isto, para lá das nuvens venenosas do vulcão fascista, uns quantos eleitos do regime continuavam a rugir, receosos do poder do povo mas vomitando raiva.
E tantos anos depois ainda ouvimos os ecos desse rugir, dessas barrigas poderosas alimentadas pela miséria do povo.
Quarenta e um anos depois são novos os fantasmas salazarentos. Vêm agora disfarçados de banqueiros, magnatas dos mercados e políticos de ocasião, paus-mandados e patos bravos sequiosos de sangue. São os novos vampiros, ó Zéca!
Portanto, façamos de novo Abril! Deixemos voar a gaivota! Ressuscitemos a Esperança! E enterremos esse bafio salazarento que por aí ainda nos obrigam a respirar.
Abril Sempre!
7 comentários:
Manuel, não há livro que valha a experiência da vida. Para a contar há que a viver.
Bem, mas há livros que inspiraram a vida. E, agora, podemos ambicionar ler todos.
Excelente texto.
Muito bom!!!!!
Abraço
Teresa Carvalho
Gostei muito do texto e do blog, virei visitar de novo.
Que saudades amigo Manuel esta música mexe muito comigo.
Beijinhos e boas leituras.
Vou agora iniciar a leitura de "O Conde de Monte Cristo". Estava esgotado mas uma livraria das PEA fez o milagre de me encontrar um exemplar. Para quem tiver menos sorte informo que há uma edição da Mel Editores (que é uma editora portuguesa!), e é uma edição de capa dura (mas em que não encontrei referência a quem traduziu). No iBooks existe uma edição similar à que tenho em papel (por 3,49€).
Obrigado pelas vossas palavras.
José, eu li O Conde de Monte Cristo na edição Publico Juvenil. Trata-se de uma coleção com magnífica apresentação, capa dura, mas com uma tradução fraquinha. No entanto, o enredo é tão empolgante que se perdoam todos os disparates, mesmo um inenarravel telefone antes da sua invenção:)
Podes conferir aqui:
http://aminhaestante.blogspot.pt/2013/07/o-conde-de-monte-cristo-alexandre-dumas.html
Seja como for, esse livro é um monumento. Um dos melhores romances de sempre
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