Completam-se hoje 26 anos sobre a morte de Fernando Namora e ainda me custa entender como é que este nome vai passando para segundo plano na literatura portuguesa, cada vez mais esquecido.
Pessoalmente, cresci lendo os livros de Namora. Foi um dos meus primeiros ídolos literários.
Médico de profissão, foi um dos mais bem sucedidos escritores portugueses das décadas de 50, 60, 70 e 80. Nesse período publicou obras de grande sucesso como Domingo à Tarde, O Trigo e o Joio, A Noite e a Madrugada e, acima de tudo, Retalhos da Vida de Um Médico, que ficou para a posteridade através da adaptação televisiva, numa série mas também num filme de 1962 que esteve no Festival de Berlim.
A sua formação de base como escritor pode enquadrar-se no rico e fértil meio neorrealista, onde pontificavam nomes como Carlos de Oliveira, Soeiro Pereira Gomes, Alves Redol, etc. Mas depressa Namora foi complementando essa tendência natural com uma escrita cada vez mais pessoal, poética e psicológica. A sua vivência como médico deu-lhe também uma enorme sensibilidade humana e consciência dos problemas sociais, nomeadamente da vida rural, naqueles tempos atribulados da ditadura fascista.
Vinte e seis anos depois penso que seria a altura de, finalmente, as editoras pensarem numa reedição das suas obras.
Aqui fica um episódio da referida série televisiva, de 1980 (primeiro ano da TV a cores em Portugal) com musica de Ary dos Santos e com a presença de grandes nomes do cinema e da televisão em Portugal.
2 comentários:
É verdade à autores que estão a ser esquecidos e até parece que é de propósito, entre eles está o Fernando Namora que era um autor de referência quando andava a estudar, mas outros como o Aquilino, Ferreira de Castro, Virgílio Ferreira e outros grandes vultos das nossas letras do século passado estão a ser ignorados, muitos países não se importavam de os adoptar.
Olá Francisco
é verdade. Ferreira de Castro, assim como o Soeiro ou Carlos Oliveira são ainda vítimas de algum preconceito político. Já quanto a Aquilino e Namora, não se vê razão para tanto esquecimento...
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